Leia matéria de Marília Marasciulo para Science Arena, publicada em 30 de setembro:
A ciência e a forma de produzir conhecimento estão mudando — e países de baixa e média renda podem estar diante da oportunidade de liderar essa transformação. Para isso, é preciso enfrentar desigualdades internas, disputar espaço com grandes corporações em áreas como inteligência artificial (IA) e garantir financiamento público de longo prazo.
Esses pontos marcaram o primeiro painel da 17ª Conferência Geral da Academia Mundial de Ciências para o Avanço da Ciência nos Países em Desenvolvimento (TWAS), sediada na Itália e ligada à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O encontro, que começou no dia 29 e segue até 2 de outubro no Rio de Janeiro*, é organizado em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e reúne autoridades e mais de 300 cientistas do mundo todo, a fim de discutir cooperação científica e soluções para desafios atuais, como IA e mudanças climáticas.
“Precisamos da mobilização de massa crítica em todos os lugares para lidar com os desafios contemporâneos”, disse Lidia Brito, diretora-geral assistente para Ciências Naturais da Unesco, lembrando que, para formar uma massa crítica em áreas estratégicas, “é preciso treinar 10 mil pessoas para que mil façam a diferença.”
O físico Marcelo Knobel, diretor-executivo da TWAS, apresentou um levantamento, feito por Carlos Henrique de Brito Cruz, vice-presidente sênior da Elsevier Research Networks, no Reino Unido, a partir da base Scopus (1970–2024).
Os dados mostram que, hoje, 60% dos papers publicados em diferentes áreas do conhecimento vêm de países de baixa e média renda.
O número de autores nesses países cresce 10% ao ano — o dobro da taxa registrada nos mais ricos. Mesmo sem considerar a China, o conjunto das 28 maiores nações de baixa e média renda cresce mais rápido do que União Europeia e Reino Unido juntos.
Demandas sociais e experiências locais
O crescimento não é apenas em volume. Há mais citações e maior protagonismo em pesquisas ligadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS).
No caso do ODS 2 (erradicação da fome), a participação de países de baixa e média renda é ainda mais expressiva.
Para Knobel, esse avanço é fruto de décadas de investimento em capacitação, especialmente na pós-graduação. Esse esforço, diz ele, sustenta pesquisas mais conectadas às demandas sociais e às experiências locais.
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