O Simpósio e Diplomação dos Membros Afiliados da Academia Brasileira de Ciências da Região Minas Gerais e Centro-Oeste 2025-2029 foi realizado no dia 3 de setembro, na Universidade Federal de Goiás (UFG). A vice-presidente da ABC para a Região MG&CO, Mercedes Maria da Cunha Bustamante, conduziu o evento.
Na ocasião, apresentaram suas pesquisas, pelas quais foram eleitos, e receberam seus diplomas cinco jovens pesquisadores – Flávia Figueira Aburjaile (UFMG, Ciências Agrárias), Lucas da Silva Reis (UFMG, Ciências Matemáticas), Paulo Vinicius Trevizoli (UFMG, Ciências da Engenharia), Rafaela Salgado Ferreira (UFMG, Ciências Químicas) e Tiago do Prado Paim (IF Goiano, Ciências Agrárias).
A mesa de abertura foi composta por Mercedes Bustamante, a reitora da UFG Angelita Pereira de Lima e Marcos Fernando Arriel, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), que é membro institucional da ABC e cujo apoio foi fundamental para a realização desse evento.

Bustamante explicou que são eleitos cinco membros afiliados a cada ano para cada região. Eles são eleitos pelos pares da região para um mandato de cinco anos. São sempre pesquisadores de excelência, professores universitários atuantes, no caso, em Goiás e em Minas Gerais. Eles foram eleitos no final de 2024, empossados automaticamente em 1º de janeiro de 2025 e cumprem o mandato entre os anos de 2025 e 2029.

“São jovens que recebem o bastão com uma responsabilidade muito grande. Para a ciência, tecnologia e inovação [CT&I] no Brasil, temos a grande tarefa de apresentar soluções para os grandes problemas do nosso país”, apontou. “Vocês, eleitos e agora diplomados, passam a ser a inspiração, o exemplo para os jovens discentes que virão depois de vocês. Parabéns e muito obrigada.”

“Nossa universidade tem um conjunto de centros de excelência, como o de inteligência artificial e mais sete. Hoje assinamos o investimento no nono, o de genética e genômica, numa parceria com a PUC Goiás, que será o nono centro de excelência. Isso demonstra o compromisso da Fapeg com o desenvolvimento de CT&I”, declarou.
Ele ainda destacou as parcerias da UFG com os setores público e privado, com investimento de milhões de reais, visando trazer impacto para a sociedade. Deu como exemplo a parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), quando Mercedes Bustamante era presidente, para a construção da Rede Centro Oeste, com investimento de ambas as partes. “Agora estamos fechando com a Finep, no edital Proinfra para as regiões Norte, Nordeste e Centro-oeste.

Em sua visão, a ciência é a bússola indispensável e deve ter prioridade de financiamento, ainda mais numa época de desafios globais, “em que jovens talentos devem ser incentivados para que se mantenham nas nossas instituições”, frisou Bustamante. Ela destacou a visão de Palis nesse processo de regionalizar a atuação da Academia. “A perspectiva dele foi de longo prazo, porque cada vez mais sabemos que é preciso valorizar os contextos, dado que cada contexto regional encontra interseção com desafios globais. Só assim vamos enfrentar os desafios do século XXI. Sejam bem-vindos, vocês são o farol e o norte das nossas ações, é essa rede de colaboração que faz a ciência acontecer.”

O Acadêmico Jose Alexandre Felizola Diniz Filho, professor do Departamento de Ecologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFG, e coordenador do INCT em Ecologia, Evolução e Conservação da Biodiversidade, foi convidado a proferir a Palestra Magna. O título foi “Os valores da ciência e o delicado equilíbrio entre universalismo, desenvolvimento regional e soberania nacional”. Acesse aqui a matéria sobre a Palestra Magna!
Conheça agora nossos novos membros nos links abaixo!
- Desvendando o código genético de bactérias
 Primeira professora de bioinformática da Escola de Veterinária da UFMG, Flávia Aburjaile pesquisa bactérias probióticas e bactérias multirresistentes, e suas possíveis aplicações em saúde única.
- Vencedor de olimpíadas de matemática tem pesquisa relevante em aplicações tecnológicas
 Professor da UFMG, Lucas Reis estuda Teoria de Corpos Finitos.
- Do zero ao protótipo específico para cada demanda
 Professor da UFMG, o engenheiro Paulo Trevizoli trabalha no desenvolvimento de motores termomagnéticos para reaproveitamento de energia térmica.
- Novos fármacos para doenças negligenciadas
 Cria do Coltec e do Provoc, Rafaela Salgado Ferreira é professora da UFMG e emprega técnicas computacionais e experimentais para desenvolvimento de novos ligantes para alvos terapêuticos.
- Investigando a genética na produção agropecuária sustentável
 Médico veterinário especializado em melhoramento genético animal, Tiago Paim atua como professor e pesquisador no Instituto Federal Goiano.

Desafios e perspectivas
Após as apresentações, for realizada a cerimônia de diplomação. Para saudar os novos membros afiliados foi convidado o Acadêmico Boniek Gontijo Vaz, membro afiliado eleito para o período 2022-2026. Agradecendo a eleição, falou em nome dos novos membros afiliados o recém-diplomado Tiago do Prado Paim.

Ele listou as principais oportunidades de engajamento que a Academia oferece para os membros afiliados. “A ABC organiza os Encontros Nacionais de Membros Afiliados, tem o Programa Aristides Pacheco Leão, de mobilidade estudantil. Inclusive esse ano recebemos em nosso laboratório um aluno excelente, que fez um trabalho com golfinhos muito interessante. Ele já ganhou dois prêmios com esse trabalho”, relatou. “Em 2025 ainda haverá o Prêmio Jacob Palis ABC/Fullbright, e há diversos grupos de trabalho nos quais podemos nos inserir. Podemos ter iniciativas, como promover atividades de divulgação científica”, descreveu Boniek.
Sua percepção é de que ser membro da ABC é um passaporte que abre portas no mundo da ciência, dá um reconhecimento imediato ao seu trabalho. Precisamos contribuir para a divulgação da ciência num mundo tão cheio de desconhecimento. Para mim, as palavras-chave na ABC são conectar e persistir. Contribuam e façam acontecer.”, concluiu.

O Acadêmico observou que atualmente o debate público não se pauta pela objetividade dos fatos ou dos dados, mas por versões muito restritas do real, inundadas de afetos e ideologias. “Isso aumenta as dificuldades de falar de ciência”, disse, avaliando que a disseminação de inverdades é sofisticada e prospera como nunca. “Essas inverdades estão causando grandes efeitos concretos, em vários domínios da vida. A ciência parece que está perdendo legitimidade, até porque o processo de contradição inerente à ciência é difícil de explicar, faz parecer fraqueza”. Mais um motivo para que se continue a fazer ciência de excelência e, principalmente a investir em trabalhar nessa comunicação para fora da bolha, na visão de Paim. “Só que para que isso aconteça, precisamos nos relacionar. Cada pesquisador com sua área de conhecimento precisa estabelecer parcerias com os mais diversos setores da sociedade, e vou além: temos que nos relacionar entre nós. Intensificar a inter e a transdisciplinaridade. O que é importante hoje ensinar e aprender que seja válido daqui a 15 anos, especialmente nesse tempo da inteligência artificial? Acho que a IA pode contribuir muito para que campos científicos que antes nunca se tocavam possam promover interseções e gerarem interação.”
A realidade, de fato, não é favorável. Como atrair jovens para a ciência sem geração de emprego e renda para mestres e doutores? “Precisamos encantar as novas gerações para a prática científica e para isso temos que rever nossa didática na graduação”, avaliou o Acadêmico. “Só conseguiremos atrair jovens para a ciência se conseguirmos mostrá-la não só como um caminho árduo, mas como um caminho viável, valorizado e transformador”, afirmou Paim. “É por isso que reforço, mais uma vez, que temos que investir na conexão entre o setor acadêmico e os outros setores da sociedade, investir repetida e incansavelmente em comunicação, até que a ciência seja vista como o pilar fundamental do desenvolvimento do nosso país.
