ABC recebe delegação do Centro Nacional de Bioinformação da China

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Como parte dos esforços para fomentar a colaboração científica entre Brasil e China, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) recebeu, no dia 20 de agosto, uma delegação do Centro Nacional de Bioinformação da China (CNCB), que faz parte da Academia Chinesa de Ciências (CAS). O CNCB foi uma das instituições que recebeu uma delegação da ABC no início de junho, quando cientistas brasileiros visitaram institutos e centros de pesquisa de ponta chineses, especialmente em áreas como biologia celular, molecular e estrutural e biotecnologia. O principal objetivo da reunião foi dar continuidade às conversas iniciadas em Pequim acerca de potenciais colaborações do CNCB com instituições brasileiras.

A delegação chinesa foi liderada pelo diretor-geral do CNCB, Yungui Yang; e contou com a diretora de Serviços de Bioinformação do instituto, Shuhui Song; o chefe do departamento de TI, Bing Zhang; a professora Yajing Hao; e o engenheiro Tianyi Xu. Pelo lado brasileiro, participaram o vice-presidente da ABC para a regional Norte, Adalberto Luis Val; os Acadêmicos Ana Tereza Vasconcelos, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC); Carlos Morel, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); Iscia Lopes Cendes, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Manoel Barral Netto, da Universidade Federal da Bahia (UFBA); o secretário-executivo para relações internacionais da Academia, Marcos Cortesão; e três pesquisadores do LNCC, Melise Silveira, Rômulo Galvani e Vinícius Rodovalho.

Para abrir as discussões, Adalberto Val citou o memorando de entendimento vigente entre ABC e CAS, o qual visa promover eventos e intercâmbios entre os dois países. “É uma honra recebê-los aqui na sede da ABC. Eu fiz parte da delegação que visitou a China recentemente e fiquei muito impressionado com o quanto as instituições chinesas se fortaleceram”, elogiou.

A delegação chinesa abordou as colaborações já em curso com o LNCC e a Fiocruz e defendeu a extensão das parcerias a novas instituições brasileiras. “Nosso objetivo é abrir a ciência da China, o oposto do que está acontecendo nos EUA agora, enxergamos muitas oportunidades em biológicas, inteligência artificial e outras tecnologias emergentes”, afirmou Yang.

O atual cenário geopolítico norteou as conversas. Segundo os cientistas chineses, o acesso a mais de vinte bases de dados biológicos foi cortado para os pesquisadores do CNCB e de outras instituições chinesas. Esse bloqueio partiu do novo governo norte-americano como parte de sua nova tendência de fechamento para o mundo. Nesse cenário, e considerando a posição central que os EUA ocupam no ecossistema científico global, é preciso encontrar alternativas. “Algumas bases de dados que usamos dos EUA já estão sendo substituídas. Precisamos manter a boa ciência viva nesse período, discutir planos de ação para os próximos três anos”, disse Morel.

Os pesquisadores brasileiros tiveram a oportunidade de contar mais detalhes sobre seus projetos e perspectivas para colaborações futuras, além de tirarem dúvidas sobre o trabalho desenvolvido pelo CNCB. Conforme reforçou Marcos Cortesão, o objetivo da ABC é fortalecer as relações com a China, sobretudo nesse momento de incertezas geopolíticas, incentivando que mais instituições brasileiras se atentem às oportunidades existentes no país asiático. “Queremos valorizar as colaborações que já existem e sempre ampliar nosso horizonte de cooperação”, afirmou.

A reunião na sede da ABC
(Marcos Torres para ABC, 20/08/2025)