Nos dias 24 e 25 de junho, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) realizou o Fórum de Academias de Ciências do BRICS 2025, no Palácio da Cidade, Rio de Janeiro. A reunião teve patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Governo Federal; e apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
O segundo dia de reunião contou com palestra do climatologista Carlos Nobre, referência global em mudanças climáticas, seguida de um encerramento onde todas as academias presentes tiveram a oportunidade de proferir suas considerações finais. Este segundo dia foi coordenado pelo vice-presidente da ABC para a Região Norte, Adalberto Luis Val, que enfatizou a necessidade de colaboração científica dentro do bloco, sobretudo visando o desafio compartilhado das mudanças climáticas.
Val, que é biológo especializado nos peixes da Amazônia, alertou que, para esses animais, o ponto crítico já chegou. O ano de 2024 observou uma mortalidade histórica de peixes na região, dado os recordes de temperatura e seca. “Na Amazônia, 45 milhões de pessoas têm nos peixes sua principal fonte de proteínas. Estamos numa situação alarmante”.
Em suas falas, representantes das academias nacionais reforçaram muito do que já haviam proposto no dia anterior. A necessidade de fortalecer laços científicos entre o bloco e a tomada de protagonismo por parte das academias foi citado. Em relação à crise climática, o representante da Academia de Ciências da África do Sul (ASSAf), Nithaya Chetty, abordou a necessidade de se discutir as emissões dos países desenvolvidos, lembrando que o continente africano inteiro emite menos gases do efeito estufa que os Estados Unidos, mesmo tendo uma população quatro vezes maior. “É imprescindível que falemos em números per capita”.
A professora Lin Hui, representando a Academia Chinesa de Ciências (CAS), delimitou as áreas de meio ambiente, energia e saúde como cruciais para o fomento a cooperação científica e pediu que as academias do BRICS continuem unidas visando as discussões da COP30.
A Acadêmica Patricia Bozza foi escolhida para fazer a leitura do documento final do Fórum.
Para finalizar, Adalberto Val discursou, agradecendo a todos os presentes e reforçando a mensagem principal a ser levada para a Cúpula dos BRICS: a importância da cooperação científica.
“Nós viemos de nações, culturas e tradições diversas – mas nos unimos pela crença profunda de que a ciência é uma língua universal, uma ferramenta poderosa para criar pontes, reduzir desigualdades e guiar a humanidade para um futuro mais justo, seguro e sustentável.
Durante nossas sessões, reafirmamos o papel fundamental da comunidade BRICS na formação de uma nova narrativa para o Sul Global – uma baseada na solidariedade, respeito mútuo e a busca coletiva por conhecimento para o bem comum.
Nós propusemos compromissos ambiciosos, mas realistas: fortalecer a pesquisa e inovação conjunta, proteger e usar com sabedoria nossa vasta biodiversidade e riqueza cultural, desenvolver soluções de fronteira para a crise climática e dar a nossa juventude as habilidades e oportunidades para que se tornem os líderes do amanhã.
Esses objetivos não são meras aspirações. São um chamado à ação – um lembrete urgente de que a ciência e a tecnologia devem servir as pessoas e ao planeta, não apenas aos mercados. Estas devem empoderar comunidades, proteger a vida e ajudar a navegar as complexidades de nossa época com sabedoria, compaixão e paz.
(…)
Voltemos agora às nossas instituições com energia renovada e objetivos claros: transformar as palavras de nossa declaração em ações que ressoarão para além desses muros – nos nossos laboratórios, salas de aula, comunidades e nas nossas políticas públicas. Que este Fórum seja lembrado não apenas como uma troca produtiva de ideias mas como um ponto de virada em nossa jornada rumo a um mundo mais inclusivo, justo e resiliente.”
Assista ao segundo dia do Fórum:
