No dia 23 de junho, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) recebeu o virologista chinês George Fu Gao, cujas contribuições para o avanço da pesquisa em saúde são reconhecidas tanto para o enfrentamento da pandemia quanto para o combate a doenças que causaram surtos recentes no Brasil, como a Zika e a Chikungunya.
Fu Gao, que é membro da Academia Chinesa de Ciências (CAS), foi eleito membro correspondente da ABC em 2020, mas só pôde receber agora seu diploma, entregue pelas mãos da presidente Helena Nader. “Este é um marco para uma relação que deve ser longa e próspera. Temos um acordo com a CAS para juntos promovermos o desenvolvimento, a prosperidade e a paz. Esperamos que mais cientistas do Brasil e da China se juntem a nós nesse esforço”, afirmou Nader.
Ao lado de Helena, o Acadêmico Carlos Morel, da Fiocruz, tratou de apresentar os feitos científicos de Fu Gao, destacando a capacidade que seu laboratório teve de alcançar avanços significativos contra a Zika através de amostras de apenas um paciente. Ele também pediu que jovens pesquisadores que estiveram em intercâmbio no laboratório em Beijing relatassem suas experiências. “Foi uma das partes mais importantes da minha formação como cientista” sumarizou Leonardo Vazquez, que passou um ano na China estudando a Chikungunya.
Em sua conferência, George Fu Gao destacou o caráter internacional de sua ciência. Saindo da China para fazer doutorado em Oxford, o cientista ficou 12 anos na instituição inglesa, passando por pós-doutorado até se tornar professor. Depois desse período, ficou três anos como professor em Harvard. Essas experiências na Inglaterra e EUA o permitiram ter uma bagagem que levou de volta ao seu país de origem. “Me considero um cientista-viajante, mas também acho que um cientista deve servir seu povo, e com isso, está servindo a si mesmo”.
Presidente da Sociedade Chinesa de Biotecnologia, Fu Gao fez um panorama da história da área na China, desde o início da fermentação de cerveja – “a primeira biotecnologia” – há cerca de 7 mil anos. Mas foi nas últimas décadas que a área deu um salto exponencial. Graças à compreensão de que CT&I é uma força produtiva e um motor para a economia, a China conseguiu alcançar as nações desenvolvidas na corrida tecnológica, ajudando a desvendar o genoma humano e se tornando um grande produtor de vacinas e medicamentos.
Em sua exposição, o cientista defendeu a colaboração entre governos e com entidades privadas para permitir o intercâmbio de cientistas e a pesquisa colaborativa. “Mesmo que tenhamos problemas geopolíticos e diferenças culturais, deixemos os cientistas trabalharem juntos”, resumiu.
Assista ao evento na íntegra: