Nos dias 24 e 25 de junho, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) organizou e conduziu o Fórum de Academias de Ciências do BRICS 2025, no Palácio da Cidade do Rio de Janeiro. O objetivo era a aprovação de uma declaração conjunta das academias a ser levada aos chefes de Estado, para embasar o documento final da Reunião de Cúpula do bloco, a ser realizada nos dias 6 e 7 de julho de 2025.
Recentemente, o bloco dos BRICS original (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) foi aumentado, com a integração do Egito, Emirados Árabes, Etiópia, Irã e Indonésia como participantes e a criação da nova categoria de países parceiros, que atualmente envolve Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão. Esse grupo, como um todo, é chamado informalmente de BRICS Plus, ou BRICS+, uma reunião de lideranças das principais economias emergentes do mundo.
Durante o Fórum, representantes das Academias presentes expuseram os principais pontos de atenção de suas instituições. Os Acadêmicos Carlos Nobre, Denise Pires de Carvalho, Jorge Guimarães e Odir Dellagostin fizeram apresentações sobre diplomacia científica, educação e crise climática.
A presidente da ABC, Helena Nader, abriu as discussões do evento abordando a situação geopolítica atual e fazendo um apelo pela paz. Ela se referiu a dois momentos fundamentais da história recente. “Em 2015, o mundo adotou os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), um plano para erradicação da pobreza, proteção do planeta e garantia de prosperidade até 2030. Três meses depois foi criado o Acordo de Paris, quando foi assinado o compromisso das nações com a manutenção do aquecimento global em 1,5o”, relembrou.
Ela lembrou do lema da presidência brasileira do BRICS 2025 – “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global por uma Governança mais Inclusiva e Sustentável” – para defender uma maior colaboração científica entre os países do bloco. “Somos 45% da população mundial; temos 40% da biodiversidade do planeta, um laboratório vivo para soluções sustentáveis; temos tecnologia de ponta, desde energia renovável à inclusão digital. No entanto, fazemos apenas 7% de nossas pesquisas em colaboração. Isso precisa mudar, que seja esse o momento”, defendeu.
A meta principal do evento era o compromisso de todos os participantes com três ações: conectar a inovação, triplicando a pesquisa conjunta sobre resiliência climática e energia limpa até 2030; proteger os conhecimentos tradicionais enquanto promovemos bioeconomias, garantindo que ninguém seja deixado para trás; alinhar as agendas científicas dos países aos ODS e às metas do Acordo de Paris, criando uma Rede BRICS de Soluções Climáticas.
“Que esse Fórum seja lembrado como o momento em que transformamos dados em políticas públicas, promessas em progresso e potencial científico em ação coletiva. Juntos, podemos provar que governança inclusiva começa com conhecimento compartilhado”, concluiu a presidente do Fórum BRICS de Academias de Ciências.
Além da presidente e dos palestrantes, estavam presentes no evento os membros da Diretoria da ABC Adalberto Val, Álvaro Prata, Anderson Gomes, Luiz Drude e Patricia Bozza, assim como os Acadêmicos Amílcar Tanuri, Maria Vargas e Monica Heilbron.
O Fórum de Academias dos BRICS 2025 foi patrocinado pelo BNDES e pelo Governo Federal, e contou com apoio da Capes e da Prefeitura do Rio de Janeiro para sua realização.
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