A instigante entrevista do colega Aldo Zarbin (Os quatro cavaleiros do apocalipse da burocracia) descreve problemas que praguejam o sistema brasileiro de CT&I há cinquenta anos ou mais. Infelizmente, o apelo do Presidente do CNPq às sociedades científicas relatado nessa entrevista não é o primeiro desse tipo.
Mas não se trata apenas de uma somatória de problemas independentes que prejudicam as atividades de pesquisa no Brasil. Os quatro cavaleiros têm pai (!) e mãe, que influenciam negativamente dirigentes e funcionários de organizações públicas e privadas, parlamentos, tribunais, e o público.
O pai é o patrimonialismo que explica (mas não justifica) escândalos amplamente noticiados na mídia e outros que repousam em arquivos. O atualíssimo caso da funcionária que desviou cinco milhões de reais entregues a pesquisadores por uma agência de fomento vai certamente provocar uma nova onda de apertos e revisões de procedimentos, piorando o cenário. E ao reclamar de mais alguma novidade prejudicial, ou mais uma nova norma, continuaremos ouvindo: ” Ah, tivemos de fazer isso para evitar o que fulano(a) fez…)”.
A mãe dos quatro cavaleiros é a falta de uma percepção positiva do significado dos gastos no sistema brasileiro de CT&I. Afinal, quem paga a conta espera resultados. O público sustenta o Tesouro e fundos que pagam a conta, e merece boas respostas. Eu sempre procuro buscar e difundir resultados positivos da pesquisa e desenvolvimento tecnológico realizados no Brasil. Temos sucessos impressionantes: a produção de petróleo (que está assumindo a liderança na pauta de exportações do Brasil; exemplos notáveis na indústria de transformação e manufatura (por exemplo, química e metalmecânica); e a contribuição das ciências agrárias para tornar a cana, a soja, o eucalipto, o frango e outros produtos agrícolas brasileiros os mais competitivos do mundo. Hoje, são eles que nos garantem os dólares de que precisamos para importar celulares e muito mais. Em uma escala menor, temos casos belíssimos como a criação de camarões, peixes e gado sustentada pela água salobra descartada pelos dessalinizadores de água, no sertão nordestino brasileiro, ou o das criações terapêuticas brasileiras e do programa nuclear. (Peço perdão aos autores destas e outras proezas, mas não cito nomes, confiando na curiosidade dos leitores). São exemplos notáveis, mas não creio que passem de uma centena, quando deveriam ser milhares, para sermos convincentes. E os documentos oficiais contêm pouca informação objetiva sobre resultados da pesquisa feita no Brasil
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Leia o texto completo no site da Sociedade Brasileira de Química.