É com profundo pesar que a Academia Brasileira de Ciências (ABC) recebe a notícia do falecimento, em 9 de fevereiro de 2024, de seu membro correspondente Benjamin Gilbert, aos 94 anos. Gilbert era pesquisador emérito da Fiocruz e histórico estudioso de plantas medicinais.

Nascido em Felixtowe, Inglaterra, em 1929, Benjamin Gilbert formou-se em química pela Universidade de Bristol em 1950, onde também concluiu doutorado em 1954.  Em 1958, Gilbert se mudou para os Estados Unidos para fazer o pós-doutorado na Universidade do Estado do Wayne, onde trabalhou em um programa de pesquisa para determinar a estrutura de um inseticida natural presente em sementes de Mammea americana, conhecida no Brasil como abricó-de-Pará. No mesmo ano, foi ao México pesquisar e conhecer a floresta tropical, onde recebeu convite para vir ao Brasil trabalhar no Instituto de Química Agrícola do Ministério da Agricultura, atual Embrapa-CTAA.

No Brasil, o pesquisador colaborou na fundação do Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instituição na qual foi professor-visitante até 1972. A pedido do CNPq, nos anos 1960 e 1970, Gilbert trabalhou na área de doenças endêmicas, em uma parceria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) com a Fiocruz Minas. A atuação de Gilbert com caramujos lhe deu reconhecimento internacional e por isso ele se tornou conselheiro da Organização Mundial da Saúde (OMS). O pesquisador foi também chefe do Grupo de Bioquímica do Instituto de Pesquisas da Marinha de 1972 a 1985. Foi ainda sócio da Real Sociedade de Química da Inglaterra, da Sociedade Americana de Química, da Associação Brasileira de Química e da Sociedade Brasileira de Química.

Na Fiocruz desde 1986, Gilbert colaborou na implantação da fitoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse período também participou de comitês da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Organização para o Desenvolvimento da Química. Por toda a sua trajetória e por seus vastos conhecimentos no ramo da fitoterapia, da qual foi um dos pioneiros no Brasil, e por suas 120 publicações científicas, Gilbert foi agraciado por diversas instituições brasileiras e estrangeiras.

No Brasil, Gilbert conheceu a engenheira química Maria Elisa Alentejano, com quem se casou e teve dois filhos, William Richard Gilbert e Peter Alentejano Gilbert. A ABC oferece seus sentimentos à família e amigos do Acadêmico, cujo legado de contribuições à pesquisa e à saúde brasileira permanecem.