Confira a matéria de Meghie Rodrigues para a Nature sobre o projeto “Perfil do Cientista Brasileiro em Início e Meio de Carreira”, desenvolvido por membros afiliados da Academia Brasileira de Ciências.

Há alguns anos, Maria, na época estudante de graduação em física, enfrentou uma situação delicada e indesejada com seu então orientador em uma universidade no Sudeste do Brasil. “Eu era a única jovem no nosso grupo de pesquisa e o nosso orientador começou a compartilhar conosco como o seu casamento estava em apuros”, diz ela.

Ele começou a ligar para Maria no meio da noite, parecendo bêbado. “Nas duas primeiras ligações pensei que poderia ser um assunto urgente, mas depois parei de atender, pois estava ficando com medo”, diz Maria, que pediu anonimato por medo de retaliação.

Todo mês, após organizarem um evento de observação do céu com o público, o grupo de pesquisa ia para um bar. Certa vez, diz ela, o orientador “tocou na minha coxa e eu fiquei muito irritada – saí e ele veio atrás de mim, tentando me abraçar. Eu o empurrei e corri de volta para o meu dormitório. Só consegui chorar quando cheguei lá.” Maria não conseguiu voltar ao laboratório por dias.

Ao fazer isso, soube que seu orientador a havia afastado do grupo – e ela perdeu não apenas a bolsa de graduação, mas também as esperanças de estudar nessa área, porque o ex-orientador é um nome conhecido. Ela apresentou uma queixa através do grupo de apoio à vítimas de assédio sexual da universidade, mas sentiu-se tão mal por ter sido assediada que não conseguiu levar o caso adiante. “Nunca tivemos uma resposta e, depois de algum tempo, desisti de esperar por uma”, diz ela.

Um problema generalizado

Segundo um relatório da Academia Brasileira de Ciências (ABC), do Rio de Janeiro, essa situação é comum entre as pesquisadoras do país — principalmente aquelas em início de carreira. O relatório – Perfil do Cientista Brasileiro em Início e Meio de Carreira, publicado em setembro passado – constata que 47% das mulheres já lidaram com assédio sexual na academia brasileira, em comparação com um em cada 10 homens.

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Leia a matéria completa na Nature.

Acesse o relatório final da pesquisa.

Figura 30 do relatório final da pesquisa trata do assédio sexual no ambiente acadêmico