A combinação entre clima seco, falta de chuva e altas temperaturas fez com que rios da Bacia Amazônica diminuíssem os níveis de água e começassem a secar. A região engloba nove países e enfrenta uma seca sem precedentes, com mudanças que colocam em risco espécies de animais e mais de 630 mil pessoas no Brasil. A mudança também afeta outras comunidades de Peru, Bolívia e Venezuela.
O panorama é apresentado em novo relatório do Observatório Global da Seca, produzido pelo Centro Científico da União Europeia e publicado em 20 de dezembro.
A análise reuniu informações da Bacia Amazônica e registra que a região teve o menor número de chuva em mais de 40 anos. A diminuição se deu entre julho e setembro. O impacto, contudo, deve se agravar nos próximos meses, que são de seca.
“É uma situação preocupante porque os rios não vão conseguir subir muito, nem as chuvas. E como é um ano de [fenômeno] El Niño, situações de seca podem ser agravadas ainda mais em janeiro, fevereiro e março. Normalmente as secas acontecem no verão e dessa vez foi antes, aconteceu antes da primavera”, aponta o climatologista José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), um dos participantes do relatório.
Marengo também destaca que a mudança de clima aumenta o risco de incêndios. “Estão acontecendo queimadas em boa parte da Amazônia”, diz. “No caso da biodiversidade, acontece em todo lugar: quando tem incêndios, você também está afetando a fauna. No caso específico de peixes, tucuxi, peixes de grande porte, como botos cor-de-rosa, é algo claramente sem precedentes. Junto com o calor excessivo, afeta a biodiversidade”, completa.
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