A Academia Brasileira de Ciências lamenta o falecimento do membro correspondente Dick Peters, pesquisador e docente aposentado pela Wageningen Research University (WUR), Holanda, em 8 de novembro, aos 91 anos. 

Dr. Dick Peters era holandês, membro correspondente da ABC desde 2007. Nasceu em 14 de fevereiro de 1932, em Groot-Ammers, Holanda; foi casado com a sra. Meintje e deixa um filho e três netos. Foi um virologista de reconhecimento internacional, tendo servido como consultor para agências internacionais, contribuindo para elucidar vários problemas causados por vírus e viróides em diferentes partes do mundo.

No Brasil, Peters estabeleceu colaboração científica iniciada em 1970 com o engenheiro agrônomo Elliot Watanabe Kitajima, que se tornaria membro titular da ABC da área das ciência agrárias, eleito em 2001. Essa colaboração foi intensificada a partir de 1985, quando Dr.Peters ministrou um curso de virologia vegetal molecular na Embrapa/Hortaliças em Brasília (DF) e recrutou dois pesquisadores brasileiros para um programa de doutorado na WUR, sobre tospovirus, um importante patógeno causador da síndrome de “vira-cabeça” em hortaliças.

A cooperação com a WUR ampliou-se nos anos subsequentes e cerca de 20 pesquisadores brasileiros (UnB, Embrapa, UCB, UFLA, UFV, Instituto Biológico de São Paulo) desenvolveram pesquisas cooperativas ou foram treinados pelo grupo do Dr. Peters. A conexão com a virologia vegetal no Brasil com a WUR, iniciada e coordenada pelo Dr. Peters, apresenta números expressivos representados pelas dez teses de doutorado pleno concluídas, oito teses de doutorados-sanduíche e seis estágios de pós-doutorado. Segundo Kitajima, pode-se estimar que a influência do Dr.Peters nas pesquisas sobre vírus de planta no Brasil foi altamente significativa. “Estima-se que cerca de 30% dos pesquisadores desta área no Brasil foram direta ou indiretamente influenciados pelo grupo do Dr. Peters, os quais vêm contribuindo para o avanço dos conhecimentos, tanto básicos como no controle das viroses de culturas econômicas.”

Peteres orientou 27 teses de doutorado, dos quais cinco de estudantes brasileiros. Sua lista de publicação é extensa e tanto a qualidade da sua pesquisa, como a competência no ensino e difusão da virologia vegetal lhe valeu várias honrarias, inclusive da Rainha da Holanda, e a eleição como membro correspondente da Academia Brasileira de Ciências.