A região Norte do Brasil tem a pior estiagem do século, com sérios impactos climáticos, econômicos e sociais. O tema foi debatido em evento promovido pela Fapesp no dia 17 de outubro.
A situação da Amazônia é crítica: os Estados do Acre, Amapá, Amazonas e Pará tiveram os menores índices de chuva desde 1980 entre os meses de julho e setembro. E o rio Negro registrou este mês o nível mais baixo de água desde 1902, quando teve início a medição. A mais intensa seca na região em cem anos é consequência da influência do fenômeno El Niño, mas também há indícios de estar associada às mudanças climáticas. A avaliação foi feita por especialistas que participaram do webinário “Eventos Climáticos Extremos em Ano de El Niño”, promovido pela Fapesp em 17 de outubro.
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“Estudos mostram que o aquecimento da atmosfera se expande da região tropical para médias latitudes, impactando o regime de chuvas”, reforçou [o Acadêmico] Tércio Ambrizzi, coordenador do Grupo de Estudos do Clima do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP).
O desmatamento da Amazônia também agrava a seca, já que diminui a evapotranspiração, isto é, a emissão de vapor d’água pela floresta, que forma as chuvas.
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Os pesquisadores apontam a necessidade de intensificar as estratégias de planejamento: “Temos um conhecimento muito claro dos impactos climáticos e do ônus que o El Niño ocasiona”, afirmou Ambrizzi. “Portanto, é possível se preparar com antecedência de três a seis meses, especialmente no caso das defesas civis.”
Os cientistas ressaltaram a importância de estratégias focadas no planejamento urbano, com planos diretores mais eficientes, para que a população possa conviver com o clima mais seco nos próximos anos.
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Difusão do conhecimento
Promovido pela equipe do Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG), o webinário analisou a intensificação dos eventos climáticos extremos nas últimas décadas e sua associação com fenômenos meteorológicos recorrentes, entre eles o El Niño.
Apresentado [pela Acadêmica] Maria de Fátima Andrade, membro da coordenação do PFPMCG, e moderado por Ambrizzi, o evento foi transmitido pelo canal da Agência Fapesp no YouTube.
Em sua apresentação, o professor do IAG-USP [e Acadêmico] Ricardo Trindade destacou a importância estratégica do PFPMCG, que, há 15 anos, busca entender como as alterações climáticas acontecem, como mitigá-las e qual é o papel do ser humano nos eventos relacionados.
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