Leia o artigo do Acadêmico Aldo Zarbin para o Jornal da Ciência:

Muito se tem debatido sobre os desafios de se fazer ciência no Brasil. Ocupamos a 13ª. posição no ranking dos países que mais publicam artigos científicos (em números absolutos), e nos acostumamos com o “jeitinho brasileiro” também nas atividades do fazer ciência. Não por acaso, nos gabamos do cientista brasileiro ser extremamente valorizado, pois consegue trabalhar com poucos recursos, e consegue encontrar soluções criativas utilizando um clip ou uma pedaço de arame, para deixar qualquer MacGyver tomado de inveja. Esse “jeitinho” (que decorre de uma adaptação para que se conseguisse trabalhar nas condições decorrentes da sequência de investimento descontinuado nas Universidades, Institutos de Pesquisa, e em projetos de fomento; de prédios laboratoriais antigos e improvisados; da falta de reagentes e condições adequadas, dentre tantos outros reveses), nos ajudou a nos mantermos vivos e a criar tudo o que somos até agora, que não é pouca coisa. Em que pese os trancos e barrancos da história, o Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia é robusto, eficiente, extremamente competente, e está pronto para dar as respostas necessárias à Sociedade, sempre que requisitado (vide COVID-19, só para citar um exemplo recente). Entretanto, não temos uma posição sequer mediana no ranking global de inovação (e inovação é o caminho para o conhecimento gerado realmente se transformar em riqueza). E não temos um Prêmio Nobel.

Do que precisa um cientista para fazer a diferença em sua área de pesquisa? Para criar algo realmente disruptivo, que pode credenciá-lo a ganhar um Prêmio Nobel?  Para levar o trabalho científico ao qual está dedicado ao limite? Para interagir com o setor empresarial, ou fazer inovação, fruto da ciência diferenciada que produz? Precisa de infraestrutura; precisa de recursos financeiros; precisa de uma equipe dedicada e apaixonada pela ciência; precisa ele próprio ser apaixonado pela ciência; e precisa fundamentalmente de tempo. Tempo para se dedicar à sua ciência. Um trabalho intelectual exige concentração, dedicação, e continuidade temporal, para que se possa deixar a criatividade sem amarras, e para que se possa estudar, aprender com colegas, debater, revisar conceitos, testar hipóteses, propor avanços e novos experimentos, e interpretar essa matriz complexa para atingir novas descobertas. Muito se discute (e se age) sobre os problemas fundamentais de financiamento, mas e sobre o tempo? O que está consumindo o precioso tempo dos cientistas brasileiros?

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Leia o artigo completo no Jornal da Ciência.