Leia a entrevista do Acadêmico José Marengo para Ana Lucia Azevedo, do jornal O Globo, publicada em 16/9:
A época em que as noites quentes eram motivo para ficar na rua faz parte das recordações de um tempo, no duplo sentido da palavra, que virou passado. Hoje se tornaram motivo de preocupação. As temperaturas passaram de amenas a desagradáveis e, por vezes, perigosas. Exemplo são as noites desta onda de calor. Pioneiro nos alertas sobre as noites sem descanso e outras consequências das mudanças climáticas, o meteorologista e climatologista José Marengo, coordenador-geral de Pesquisa e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), está preocupado não apenas com o El Niño, mas com a combinação deste às anomalias do aquecimento global. Marengo alerta sobre a necessidade de planejamento e traça um cenário dos próximos meses.
Há mais de 20 anos seus estudos apontam para o aumento de noites quentes, como as deste ano.
Quando se fala de aquecimento global, é costumeiro se referir às médias porque dão uma ideia geral do que ocorre. Mas quando temos ondas de calor, as máximas e as mínimas se destacam. Quando elevadas, as mínimas, normalmente registradas à noite e no amanhecer (quando a radiação solar não incide diretamente na superfície), são um indicador preciso da intensidade de uma onda de calor. Mas o fato é que as noites não estão mais quentes apenas durante as ondas de calor.
E o quão mais quentes estão?
Os índices de noites quentes, que variam entre países e regiões, dispararam. Estão mais frequentes e com temperaturas mais elevadas o ano todo. Os invernos estão mais quentes.
Por que as noites quentes são um indicador tão importante e também tão preocupante?