Reportagem especial do Fantástico em 16 de abril mostrou os obstáculos para quem faz ciência no Brasil. Foi explicitado em imagens o esforço de pesquisadores para manter a produção nos laboratórios pelo país. O panorama é de abandono, especialmente depois de quatro anos de um governo que não gostava de ciência.
A reportagem encontrou equipamentos quebrados, falta de luz em laboratórios, vaquinha para fazer pesquisa e até pesquisadores trabalhando de graça, assim como muitas mentes brilhantes que escolheram sair do país, pela falta de oportunidades. Foram entrevistados diversos Acadêmicos, como Leandro Juen (UFPA), Aldo Zarbin (UFPR) e Ricardo Galvão (CNPq), além da presidente da ABC, Helena Nader.
Para ela, pior que a falta de recursos foi a negação do valor da ciência,”contínua e constante”. Além isso, ela ressaltou o problema de recursos humanos. “Estamos perdendo as pessoas, dando os nossos melhores cérebros de bandeja.”
Nader lembrou que a ciência está no dia-a-dia de toda a população. “Está no medicamento que o indivíduo tem que tomar; está na mesa, na alimentação dele; está no celular, do qual ele não consegue mais se separar”. Como exemplo de aplicação da ciência, ela ressaltou a importância do trabalho da agrônoma Johanna Dobereiner, ex vice-presidente da ABC, que economizou bilhões ao país quando descobriu como fixar nitrogênio no solo usando bactérias, em vez de gastar uma fortuna em fertilizantes. Isso foi fundamental para o país se transformar em uma potência agrícola.
O Acadêmico Ricardo Galvão, que era diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e foi demitido pelo presidente anterior por falar a verdade sobre o desmatamento para a população, também deu seu depoimento. Assim como Nader, ressaltou o desserviço prestado à sociedade pelo governo anterior, que, em sua avaliação foi além do desmonte: tentou incutir nas pessoas “uma visão anticiência, uma certa aversão à ciência”. Galvão foi indicado, recentemente, para a presidência do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), principal órgão federal para financiar ciência e tecnologia.
