Os Acadêmicos Raoni Rajão (UFMG), Mercedes Bustamante (UnB) e Carlos Nobre (Inpe), junto com outros pesquisadores – Antonio Donato Nobre (Inpe), Britaldo Soares Filho (UFMG), Evandro L. T. P. Cunha (UFMG), Tiago Ribeiro Duarte (UnB), Camilla Marcolino (UFMG), Gerd Sparovekd (USP), Ricardo R. Rodrigues (USP), Carlos Valera (UFSC) e Letícia Santos de Lima (UFMG /UAB) – publicaram artigo intitulado “O risco das falsas controvérsias científicas para as políticas ambientais brasileiras” na Revista Sociedade e Estado, publicação do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília.
O resumo aponta que falsas controvérsias têm influenciado a elaboração de políticas sobre questões ambientais e de saúde há décadas, resultando em grandes retrocessos na implementação dessas políticas em todo o mundo.
O artigo faz um estudo de caso, examinando falsas controvérsias produzidas por um pequeno grupo de pesquisadores brasileiros que têm afetado seriamente a conservação ambiental, particularmente em questões relacionadas ao desmatamento e às mudanças climáticas.
Com base na literatura, foi desenvolvida uma tipologia das estratégias empregadas em falsas controvérsias, que incluem a fabricação de incertezas, o uso indevido de credenciais científicas e a desconsideração da literatura científica. Posteriormente, foi examinada a influência desse grupo de negacionistas no Congresso Nacional. Analisam-se, então, as falsas controvérsias promovidas por esses negacionistas e argumenta-se que, para entendê-las adequadamente, é necessário considerar uma estratégia até agora negligenciada na literatura: a criação de “pseudofatos”, ou seja, afirmações em desacordo com a literatura científica já estabelecida, mas que são mascaradas para parecerem fatos científicos.
Ao contrário de outros contextos, nos quais os negacionistas têm procurado principalmente lançar dúvidas sobre questões já consensuais, argumentando que ainda existem incertezas consideráveis em torno delas, no Brasil foram produzidos e publicados pseudofatos sobre o desmatamento fora do âmbito da literatura revisada por pares.
O estudo é concluído com recomendações sobre como se opor às falsas controvérsias científicas que ameaçam a conservação ambiental em geral.