Nos dias 24 e 25 de fevereiro ocorreu o simpósio “O frio está aquecendo: Do Ártico a Antártica”, que reuniu 35 palestrantes e mais de 150 participantes, no Museu Oceanográfico de Mônaco e também online, para discutir o efeito das mudanças climáticas nas regiões polares. O evento faz parte da Iniciativa Polar, uma parceria da Fundação Príncipe Albert II de Mônaco com o Comitê Científico Internacional em Pesquisa Antártica (SCAR) e o Comitê Internacional de Ciências do Ártico (IASC) para gerar conhecimento científico sobre esses ambientes gelados.

O membro titular da Academia Brasileira de Ciências e vice-presidente do SCAR, Jefferson Simões, participou da convenção e alertou para a importância do tema num contexto de aquecimento global. “As regiões polares nos dão nossa última chance de um futuro sustentável; se falharmos lá, falharemos no resto”, sumarizou durante a abertura.

As mudanças climáticas já chegaram ao Ártico e a Antártica, afetando os ecossistemas locais e impactando o cenário global para muito além das regiões polares. O simpósio foi estruturado ao redor de quatro temáticas principais: (i) caracterização das mudanças nos polos, incluindo alterações químicas nos oceanos e degelo e perdas de biodiversidade; (ii) efeitos das mudanças polares no resto do mundo, como aumento do nível do mar e relação com eventos climáticos extremos; (iii) efeitos sociais e econômicos das mudanças polares e (iv) respostas efetivas em um contexto de incertezas.

Apesar das semelhanças geofísicas, as regiões possuem grandes diferenças histórico-sociais e de biodiversidade, o que faz necessários abordagens distintas de preservação. Em particular, foram discutidas a necessidade de se incorporar as demandas dos povos indígenas do Ártico e de se compreender o contexto geopolítico do continente Antártico. Em comum, os participantes concordaram na necessidade de maior integração entre a comunidade científica internacional e de colaboração entre cientistas, setor privado e governos para que decisões sejam tomadas em sintonia com os dados existentes para essas regiões.

O simpósio também está em linha com a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, iniciativa da ONU que busca jogar luz na importância desses ecossistemas para o futuro do planeta.

Leia o relatório completo do simpósio, em inglês.

Derretimento polar e aumento do nível do mar: consequências diretas para países costeiros.