Nascida em 1981, Gisely Cardoso de Melo passou sua infância e juventude em sua cidade natal, Maringá, no estado do Paraná. Filha de um comerciante e de uma organizadora de festas, Gisely sempre foi muito estudiosa. Ela é a caçula de três irmãos e foi a única que concluiu um curso superior.
A escolha pela graduação em farmácia se deu pela paixão por biologia e química, suas matérias favoritas na escola. “Tive dúvidas, inicialmente, entre engenharia química e farmácia, mas descobri que na área de farmácia teria opções de atuação profissional que me atraíram mais”, contou a cientista.
Já na Universidade Estadual de Maringá (UEM), onde iniciou a graduação em 2000, ela relatou sempre ter gostado de conhecer os laboratórios, realizando estágios voluntários. Entre um laboratório e outro, seu interesse pela ciência foi despertado, até que um dia descobriu a possibilidade de fazer iniciação científica (IC). Seu primeiro estágio de IC foi voluntário, porque na época, as vagas remuneradas eram muito concorridas, e durou dois anos. Se encantou com a pesquisa na área de parasitologia desde a iniciação científica e decidiu seguir nessa área.
As pesquisas realizadas durante a graduação foram cruciais para que Gisely definisse seu rumo. A cientista se mudou para Manaus, no estado do Amazonas, para cursar o mestrado (2007-2009) e o doutorado (2010-2014), na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e lá teve uma nova paixão despertada: os estudos sobre malária. Orientada pelo professor Marcus Lacerda, uma referência na pesquisa do tema, que foi membro afiliado da ABC entre 2011 e 2016, ela recorda que teve oportunidade de participar de diferentes projetos que a ajudaram a compreender como trabalhar em equipe e como ser uma boa pesquisadora. Durante o doutorado, ela passou em um concurso para tornar-se professora de Parasitologia na UEA, o que foi uma grande realização: “Senti que meu sonho de ser professora universitária e pesquisadora estava se tornando uma realidade”.
As principais áreas de estudos da Acadêmica envolvem a resistência do Plasmodium vivax (uma das seis espécies de parasitas de malária que infectam o ser humano) à cloroquina; a farmacogenética dos antimaláricos; o diagnóstico de malária e, atualmente, inclui pesquisas com COVID-19. “Tenho tentando entender o motivo que leva indivíduos com malária infectados por COVID-19 a apresentar novos episódios de malária, mesmo depois de terem realizado o tratamento adequadamente. Procuro também investir no desenvolvimento de novos testes diagnósticos para malária”, explicou. Gisely recordou que, no início da pandemia de coronavírus, seu grupo de pesquisa clínica passou a estudar a eficácia da cloroquina e entender o perfil dos pacientes graves e não-graves infectados com o vírus Sars Cov-2.
Desde 2017, Gisely Melo é pesquisadora da Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), na Gerência de Malária. Desde 2011 já atuava como professora adjunta da disciplina “Agentes Infectoparasitários 1” do curso de graduação em medicina da UEA, onde orienta alunos desde a iniciação científica até o doutorado. Em 2016, foi credenciada como docente permanente no curso de mestrado em Hematologia da UEA. Além disso, a Acadêmica é investigadora principal ou coordenadora, atualmente, de diversos projetos de pesquisa financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em colaboração com instituições nacionais e internacionais renomadas.
Apaixonada pela profissão, Melo afirma que o que mais a encanta na ciência é o fato de que todo dia há novidades, sendo necessário estar sempre estudando e se atualizando. “A profissão exige dedicação e muito estudo. Na minha área gosto de entender os tratamentos mais recentes e pensar em novos tratamentos para serem estudados”, completou. Para ela, o cientista é o profissional que assume o papel de investigar, examinar e atestar se determinada teoria ou conceito é de fato real e se reafirma ou contradiz o senso comum. “É importante ter capacidade de solucionar problemas, habilidade de comunicação e mente aberta”, destacou.
Sobre ter sido escolhida para a afiliação à ABC, ela afirmou que é um grande reconhecimento. “É a soma do valor distintivo de tudo aquilo que produzi e da originalidade dessa produção.”
Fora da ciência, Gisely gosta de viajar para conhecer outras culturas e comidas. Além disso, dedica seu tempo livre a acompanhar filmes e séries, praticar esportes e levar uma vida saudável.