A Parceria InterAcademias (IAP, na sigla em inglês), rede internacional que reúne mais de 140 academias nacionais de ciências, dentre as quais a ABC, lançou recentemente uma declaração e um artigo científico sobre medicina regenerativa, fruto de um painel internacional sobre o assunto. A ABC foi representada pelo membro titular Antonio Carlos Campos de Carvalho no grupo de trabalho responsável pela redação do documento.
“O artigo e a declaração da IAP foram elaborados a partir de um rascunho inicial enviado a todos os representantes das Academias de Ciências pelos coordenadores do processo: o presidente da IAP, Prof. Volker ter Meulen, e o Dr. Robin Fears, diretor de Programas em Biociências do Conselho Consultivo da Academia Europeia de Ciências”, relatou o Acadêmico para a ABC.
A medicina regenerativa, incluindo o uso de engenharia de tecidos e terapias celulares e gênicas, têm grande potencial para regeneração e reparo de tecidos. O ritmo de avanço dessa ciência interdisciplinar é empolgante e as oportunidades médicas de abordar as causas das doenças, em vez dos sintomas, podem ser transformadoras. A nova Declaração da IAP destaca as oportunidades médicas na abordagem das causas dessas morbidades e alerta contra o uso indevido de tecnologias de medicina regenerativa. Além disso, a aplicação das células-tronco como resposta à pandemia de COVID-19 também foi um dos tópicos abordados no documento.
O foco desta declaração da IAP está nas necessidades médicas não atendidas: embora a terapia com células-tronco esteja bem estabelecida apenas em um número limitado de indicações clínicas, há pesquisa e desenvolvimento ativos em muitas outras. No entanto, o entusiasmo com o potencial clínico levou a uma desconexão entre as expectativas e a realidade de traduzir os avanços da tecnologia em prática clínica. Em muitos países, existem dois problemas principais: Em primeiro lugar, clínicas privadas sem escrúpulos oferecem terapias não regulamentadas que prometem muito, mas usam produtos mal caracterizados, com pouca base científica ou evidência de eficácia, e com questões de segurança não resolvidas. Em segundo lugar, a aprovação prematura da autoridade reguladora e a comercialização com base em alguma, mas insuficiente, justificativa científica e evidência clínica. Para ler a declaração completa, clique aqui.
Um último subproduto do painel internacional foi a produção do artigo “Inclusivity and diversity: Integrating international perspectives on stem cell challenges and potential” (“Inclusão e diversidade: integrando perspectivas internacionais sobre células-tronco”), publicado recentemente na Stem Cell Reports (revista da International Society for Stem Cell Research) e que reuniu 22 autores de diversos países.
Carvalho contou sobre o processo de escrita dos documentos: “Cada membro das Academias teve a chance de ler e fazer sugestões sobre o texto, que de um rascunho inicial de três páginas passou para um documento de dez páginas. Todos os membros do Grupo de Trabalho contribuíram para o texto final, mas o trabalho dos coordenadores foi fundamental. Isto está representado pelo fato de que Robin Fears é o primeiro autor do artigo, seguido por todos os que contribuíram em ordem alfabética do último sobrenome e o Prof. Meulen é o último autor.” Acesse o artigo na íntegra.