Edson Silva Filho nasceu em Bananeiras, no interior do estado da Paraíba onde passou a infância jogando bola, brincando de carrinho de lata, pega-pega, esconde-esconde e jogos de tabuleiro. Na escola, gostava mais de matemática. Seu pai era professor de um Colégio Agrícola e a mãe era servidora pública, ambos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Edson era o caçula, com duas irmãs mais velhas.  

Seu interesse em ciência surgiu no ensino médio, quando fez curso técnico em Agroindústria e interagiu com diversos professores que haviam realizado pós-graduação. Isso lhe estimulou a ingressar na iniciação científica logo no início da graduação.  

No vestibular, embora gostasse bastante de química, pensava em cursar engenharia de alimentos. Mas como não tinha este curso na Universidade do Estado da Paraíba (UEPB), escolheu química na hora da entrega do formulário de inscrição.Desde o início, procurou fazer iniciação científica para ganhar experiência e currículo. No ano seguinte foi aprovado para engenharia química na UFPB e fez os dois cursos em paralelo, ambos na cidade de Campina Grande. 

No último período do curso de química, porém, Edson passou na seleção para o mestrado na UFPB, em João Pessoa, e optou por ele. Lá teve muita dificuldade em avançar, devido à pouca estrutura do laboratório e da universidade, na época, o que o fez pensar em cursar doutorado em uma universidade de estrutura maior, com maior disponibilidade de equipamentos.  

Resolveu então ir para a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para o doutorado. Porém, ao começar o segundo período viu um edital de concurso para a Universidade Federal do Piauí (UFPI), e não pensou duas vezes. Assim, Edson foi parar a 635 km da capital do estado do Piauí, Teresina, no campus de Bom Jesus, que era novo. Edson e os demais colegas recém-aprovados foram os pioneiros – o que poderia ser um complicador para seu doutorado, pois não havia estrutura nenhuma, diferentemente de hoje. “E ainda fui convidado para um cargo administrativo, que aceitei…”. Após um ano de “pioneirismo”, Edson conseguiu afastamento e retornou a Campinas. Com mais um ano de trabalho e estudo de domingo a domingo, conseguiu concluir o doutorado ainda com 26 anos, em 2008. 

Atualmente, Edson Silva Filho é professor associado do Departamento de Química da UFPI, atuando nos Programas de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia dos Materiais e no de Química. A área de pesquisa em que atua é a de biopolímeros e biomateriais, utilizando materiais naturais tipo celulose, amido, quitosana, gomas, dentre outros, como base para aplicação como biomateriais, buscando a sustentabilidade, e podendo ser aplicados na área ambiental, removendo poluentes de água para melhorar a sua qualidade, por exemplo.  

Além dos elementos químicos, o que mais encanta Edson Silva Filho no seu escopo de atividades são as pessoas. Ele aproveita ao máximo a oportunidade de formar recursos humanos. “Principalmente aqueles jovens que iniciam na graduação sem nem saber direito o que estão fazendo ali, a gente pega e vai orientando até o doutorado, e aí podemos vê-los sendo aprovados em concursos, virarem colegas de trabalho, participar de bancas com eles e continuar aprendendo juntos.” 

Sobre o título de membro afiliado da ABC, ele diz que parecia algo distante e impossível de conseguir. “Foi muito prazeroso e gratificante. A indicação me provocou uma reavaliação da carreira e vi que todo o esforço valeu a pena. Acabo de ingressar também na Academia de Ciências do Piauí, como membro efetivo e vitalício, e em ambas pretendo colaborar para o fortalecimento e difusão da ciência, da melhor e mais séria forma, naquilo que for preciso, tiver conhecimento e for convidado ou convocado.” 

Nas horas livres, estar com a família tem sido uma prioridade, até pela idade dos filhos. Seu hobby passou a ser fazer churrasco, participando de cursos, festivais, treinando com a família e com amigos. Jogar tênis com os filhos e amigos também lhe despertou interesse no último ano. Além de viajar, que é algo que adora fazer. No mais, Edson diz que só tem a agradecer “a Deus, minha família, orientadores, colegas de estudo e colaboradores, pois sem eles nada seria possível.”