Nascida em São José dos Campos, São Paulo, em 1983, Fernanda Roberta Marciano passou a infância em Jacareí, a cerca de 82 km da capital paulista. Teve uma infância muito tranquila, adorava ir à escola e brincar de bonecas, andar de patins e de bicicleta. Ela passava os finais de semana no sítio da família, onde brincava na natureza, com os animais. No colégio, suas matérias preferidas eram ciências e matemática. 

Filha de um químico industrial e uma professora de matemática, ambos hoje aposentados, Fernanda tem um irmão seis anos mais novo, portador de Síndrome de Down, o que  interesse pela ciência. Além disso, já mais velha, gostava de livros sobre experimentos que podiam ser feitos em casa e, após montá-los, observava para tentar entender os fenômenos que ocorriam.  

Quando pequena, Fernanda sempre dizia que queria fazer medicina. Porém, no momento de decisão, no final do ensino médio, seus pais mostraram a ela que tinha muito mais gosto pelas disciplinas exatas do que pelas biológicas. Então, após muitas dúvidas e conversas, sua decisão foi tomada: engenharia biomédica, um curso novo que tinha o conceito de mesclar pesquisa, inovação e ensino. Ingressou na graduação em 2001, na Universidade do Vale da Paraíba (Univap).  

Fernanda relata que seus professores da graduação sempre incentivaram os alunos a frequentar e a participar dos laboratório de pesquisa. Assim, no terceiro ano do curso começou a fazer iniciação científica e foi contemplada com uma bolsa do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Pibic-Inpe). Ela diz que essa oportunidade provocou uma grande mudança em sua vida, que influenciaria toda a sua carreira. “Ganhei um brilho nos olhos e passei a me dedicar mais ao curso”, relata.  

Desde então, Fernanda atua na área de pesquisa e inovação, trabalhando com o desenvolvimento e a caracterização de materiais. Deu início ao mestrado em engenharia e tecnologia espaciais um ano após a conclusão da graduação, no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e seguiu direto para o doutorado em engenharia aeronáutica e mecânica, no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), concluído em 2011. A pesquisadora cita seu orientador da pós-graduação, o professor  Vladimir Jesus Trava Airoldi, um grande influenciador na sua carreira científica. “Com sua serenidade e sabedoria, sabia gerenciar os conflitos e sempre tinha uma palavra acolhedora”, recorda. 

Atualmente, Fernanda Marciano é professora titular do Departamento de Física da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia dos Materiais (PPGCM/UFPI). Além disso, é embaixadora do projeto ‘Parent in Science’ desde 2020. 

A cientista trabalha no desenvolvimento, caracterização e aplicações de biomateriais nanoestruturados à base de carbono e polímeros biorreabsorvíveis, atuando na produção de biomateriais nanoestruturados à base de nanotubos de carbono e nanohidroxiapatita; na avaliação do processo de biomineralização in vitro; na produção de nanobiomateriais poliméricos; em modificações superficiais de biomateriais nanoestruturados; e em interações biomateriais-sistemas biológicos. Ela explica que desenvolve revestimentos de superfícies metálicas e, dependendo da aplicação, esses revestimentos podem ser modificados a fim de adquirir diferentes propriedades, que podem ser no coeficiente de atrito, a fim de evitar o desgaste entre superfícies metálicas; na dureza, que melhora a durabilidade de ferramentas, por exemplo; e na atividade bactericida e anti corrosiva, que evita a corrosão da superfície metálica e induz a formação de células em sua superfície. 

Encantada pela ciência em geral, ela diz que ama o fato de poder explicar alguns fenômenos com experimentos simples. Além disso, o conhecimento motiva Fernanda. “A busca pelo conhecimento é infinita. Quanto mais você sabe, mais você descobre que na verdade não sabe, e mais procura entender. É fascinante!”, ressalta. Ela enxerga o título de membro afiliado da ABC como o reconhecimento de suas pesquisas e de sua paixão pela ciência. “Assim, faço hoje parte de um seleto grupo de pesquisadores brasileiros que atuam na divulgação da ciência dentro e fora da academia”, destaca.  

Como em sua infância, a Acadêmica preza passar o tempo livre com a família, sobretudo em lugares abertos e próximos da natureza, pela importância que dá à contribuição do contato com a natureza para o desenvolvimento de suas crianças.