Confira o artigo publicado no jornal O Globo, no dia 8/6, sobre pesquisa da UFRJ liderada por Jerson Lima da Silva, membro titular da ABC e diretor presidente da Faperj:

Cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram um fenômeno relacionado ao surgimento de mais da metade dos casos de câncer do mundo. São alterações numa proteína chamada P53, uma das mais essenciais do organismo, considerada uma guardiã do genoma. Trata-se de pesquisa básica, mas abre novas vias para o diagnóstico e o tratamento do câncer.

Por sua relevância na compreensão dos mecanismos do câncer, o estudo mereceu a capa da edição mais recente da revista Chemical Science, referência na área de química aplicada à biologia e à medicina e publicada pela Royal Society of Chemistry, do Reino Unido.

Normalmente, a P53 não existe em grande quantidade no organismo. Mas, quando alterada, ela perde sua principal função original — a de evitar a multiplicação de células doentes e, assim, suprimir o câncer — e forma aglomerados cancerígenos.

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Por uma série de motivos, a P53 pode trocar o papel de guardiã pelo de vilã. O resultado é que, em vez de suprimir células cancerosas, ela passa a liberá-las. A P53 é tão importante, que se estima estar por trás de mais da metade dos casos de câncer do mundo, como certos tipos de tumores de mama, ovário e próstata, além de linfomas e leucemias.

Células cancerosas representam tudo o que pode dar errado. Elas não cumprem suas funções, roubam nutrientes de outras células e produzem uma rede própria de vasos sanguíneos para se nutrir. Elas se multiplicam descontroladamente — e, por isso, formam, tumores. Também conseguem se esconder do sistema imunológico, que normalmente detecta e destrói células defeituosas. E cometem ainda a pior das rebeldias. Elas não morrem quando deveriam. E, por isso, matam.

O grupo de Lima Silva descobriu não apenas que os agregados malignos de p53 são causados pelo fenômeno de transição de fase, quanto ele é precedido por processo. Este se chama separação de fases e acontece quando dois líquidos diferentes numa mesma solução se separam.

Esses fenômenos acontecem em escala microscópica, no interior das células. Eles são importantes para que as células cumpram suas funções. Uma vez que a transição de fase para um estado sólido é estabelecida, os agregados de P53 se tornam irreversíveis, começam a se multiplicar e levam ao surgimento de tumores.

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O estudo prossegue, mas o cientista explica que um de seus desdobramentos é permitir um prognóstico mais acurado do câncer, por meio da análise dos aglomerados. Outro é encontrar drogas que evitem os aglomerados. Segundo ele, existem substâncias que impedem a agregação da P53. Outras podem desfazer os agregados.

Leia a matéria completa no site O Globo.

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