Eduardo Zilberman nasceu em 1981, no Rio de Janeiro. Teve uma infância feliz, com um irmão mais novo, o pai comerciante e a mãe médica. Brincava de bola, jogava videogame. Sempre teve interesse por computadores, que ainda não habitavam todas as casas, mas Eduardo aprendeu a linguagem BASIC de programação. Na escola, gostava de matemática. No ensino médio, fez o curso profissionalizante em processamento de dados.
Ele conta que seu interesse pelos fenômenos econômicos e sociais vêm desde a adolescência. Temas econômicos como a hiperinflação e seu controle posterior, a alta desigualdade e a baixa mobilidade social no Brasil, as crises financeiras e a volatilidade no mercado financeiro, entre outros, fascinavam Eduardo. “Como quase todo adolescente engajado em debates, eu tinha uma interpretação desses fenômenos que passavam ao largo do ‘mainstream’ em economia. A escolha da PUC-Rio, ao invés da UFRJ, por exemplo, foi justamente por conta disso. Queria confrontar meus pré-conceitos com o ‘mainstream’”.
Por gostar de matemática e programação, a graduação em ciências econômicas parecia algo natural. Ao longo da graduação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o interesse pela pesquisa acadêmica foi despertando. “Na faculdade, com cursos conceituais que me expuseram a um ferramental metodológico sólido, aos poucos fui consolidando uma visão mais ampla sobre as ciências econômicas”, conta Zilberman.
No terceiro período na faculdade, Eduardo fez um intercâmbio no Boston College e também trabalhou como assistente de pesquisa para diversos professores do Departamento de Economia. Nesse processo, contatos com professores que tinham feito doutorado no exterior e com formuladores de política econômica que fizeram a diferença no Brasil desempenharam um papel crucial para que Zilberman seguisse no mestrado da PUC-Rio. Seu orientador foi o professor João Manoel Pinho de Mello, membro afiliado da ABC entre 2012 e 2016. A interação com ele foi fundamental: “Com ele, aprendi a fazer pesquisa empírica”, ressalta Zilberman.
Decidido a cursar o doutorado numa universidade de ponta, fora do país, Zilberman foi aceito na New York University. Lá, segundo ele, adquiriu maturidade para fazer pesquisa teórica, assim como disciplinar modelos teóricos quantitativamente. “Três fatores foram fundamentais nessa jornada. Primeiro, o treino rigoroso que obtive em matemática e teoria na New York University. Segundo, as interações com meu orientador, Ennio Stacchetti. Terceiro, a exposição à macroeconomia moderna através de cursos e grupos de estudo, liderados por Thomas Sargent, prêmio Nobel em 2011. Por conta desses três fatores, assim como meu treino prévio com dados e pesquisa empírica no mestrado da PUC-Rio, acredito que me tornei um macroeconomista com interesses mais amplos que o usual”.
Professor do Departamento de Economia da PUC-Rio desde 2011, a pesquisa de Zilberman vem focando na área de macro finanças, visando entender as interações entre os ciclos econômicos e os preços dos ativos financeiros. Em especial, as eventuais bolhas que podem surgir nesses preços e suas implicações para os ciclos econômicos. “Também me dedico às pesquisas sobre divisão de risco e provisão pública de seguro. Na área fiscal, e com enfoque mais teórico, já estudei mecanismos de auditoria de combate à evasão fiscal”, diz Zilberman. Além disso, ele fez estudos quantitativos sobre os efeitos macroeconômicos do aprofundamento de crédito, métodos estatísticos de projeção de inflação, efeitos da exposição à hiperinflação em decisões individuais, efeitos macroeconômicos da incerteza econômica, entre outros.
A geração de conhecimento, a descoberta de algo que não se conhecia previamente é o que encanta Eduardo Zilberman na ciência, de modo geral. Em sua área de estudo, o que lhe agrada especialmente é o rigor metodológico para estudar fenômenos macroeconômicos. “As grandes questões em macroeconomia, como por exemplo o entendimento prévio dos efeitos causais de políticas fiscal e monetária alternativas, não permitem um experimento controlado, com grupos de controle e tratamento. Uma das maneiras encontrada para avaliar essas políticas públicas passa pela construção de modelos matemáticos, que uma vez disciplinados pelos dados, emulem estruturalmente a economia real”, explica o pesquisador. “É nesse ‘laboratório controlado’ que ocorrem as avaliações contrafactuais desses experimentos de política”, relata.
Eduardo Zilberman considera uma grande honra receber o título de membro afiliado da ABC. “Fazer parte deste grupo de pesquisadores é um grande reconhecimento. Espero atuar junto à Academia difundido e promovendo a pesquisa de ponta nas ciências sociais, em particular as econômicas”, diz.
O amor à macroeconomia, porém, tem competidores. Zilberman e a família – a esposa Vivian e as filhas Marina e Joana – são flamenguistas engajados. A ala feminina da casa é fã de praia, única característica do carioca “raiz” com que Eduardo não se identifica. De resto, suas preferências são típicas: roda de samba, churrasco, feijoada com a família, um chope com os amigos. “No mais, um bom livro ou um bom filme… sempre caem bem”, diz o Acadêmico.