O Acadêmico Miguel Nicolelis publicou o seguinte artigo no El País, em 2/11:

Ao anunciar a reversão da sua posição original contrária à medida, Boris Johnson informou aos britânicos que não havia outra alternativa neste momento a não ser a reinstituição do mesmo tipo de isolamento social rígido, já usado pelo Reino Unido em março passado, para que o país evitasse que a segunda onda da pandemia fosse ainda pior que a primeira. Algumas horas depois desse pronunciamento, os detalhes mais lúgubres, apresentados pelos cientistas do SAGE ao até então relutante primeiro-ministro do que poderia acontecer caso Johnson não realizasse este cavalo de pau político e mudasse de rumo radicalmente, começaram a vazar na imprensa britânica. Na sua edição de domingo, o jornal britânico The Guardian reportou que ao tomar conta que, se um novo lockdown não fosse instituído imediatamente, o paísprovavelmente teria que converter arenas de patinação no gelo em morgues de emergência para conseguir dar conta do número massivo de fatalidades, além de utilizar o uso de guardas armados nas portas de hospitais públicos que, totalmente sobrecarregados com pacientes e carências de toda sorte, teriam que rejeitar a admissão de novos pacientes à força. Confrontado com este cenário apocalíptico, Johnson finalmente capitulou e se rendeu às recomendações do seu comitê científico e anunciou um lockdown nacional.
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Como é de conhecimento notório que a pandemia de covid-19 chegou ao Brasil no final de fevereiro passado a partir dos nossos aeroportos internacionais, que permaneceram abertos por mais 30 dias, até o final de março, num dos erros mais crassos do manejo da crise perpetrado pelo Governo Federal, o alarme com grande antecedência feito pelo C4 aos governantes do Nordeste brasileiro é necessário para que não só nesta região, mas em todo o país, as autoridades federais tomem as devidas precauções. Estas deveriam incluir não só exigência de comprovante de teste negativo para covid-19, realizado recentemente pelo viajante que chega ao Brasil, como oferta de testagem nos aeroportos e exigência de quarentena de pelo menos 14 dias aos que não pudessem comprovar não estarem infectados com o SARS-CoV-2. No limite, o Brasil já deveria começar a preparar um plano de contingência que incluísse o fechamento do espaço aéreo internacional, caso viajantes infectados provenientes da Europa e EUA fossem identificados nos nossos aeroportos.
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