Leia a matéria de Elisandra Galvão para Agência Fiocruz de Notícias, publicada em 19/10:

Um grupo de pesquisadores da Fiocruz Mata Atlântica, em parceria com especialistas dos laboratórios de Vírus Respiratórios e Sarampo e de Virologia Comparada e Ambiental, ambos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), iniciou trabalhos de campo para investigar a infecção do Sars-CoV-2, o vírus causador da COVID-19, em animais domésticos e silvestres nativos e introduzidos da área da Pedra Branca. Este é o maior remanescente de Mata Atlântica em área urbana do país, situado na região metropolitana da cidade do Rio de Janeiro. Os pesquisadores têm investigado a circulação do Sars-CoV-2 e de outros vírus de potencial zoonótico, ou seja, que podem infectar humanos, em morcegos, saguis, cães e gatos.

Os resultados são todos negativos para o Sars-CoV-2 até o momento. Isto confirma que cães e gatos, por exemplo, não têm papel importante na circulação do vírus. Embora as primeiras amostras de saguis estejam ainda em análise, resultados de outro grupo de pesquisa, que estudou a espécie em cativeiro, comprovaram que eles são suscetíveis ao Sars-CoV-2. Já a perspectiva em relação aos morcegos na região é descobrir quais os coronavírus e outros vírus estão presentes em seu organismo. Os pesquisadores, entretanto, não esperam encontrar o novo coronavírus neles. A coleta de amostras nos animais começou nos meses de agosto e setembro e terá continuidade, junto com a análise do material coletado, ao longo deste segundo semestre.

A pesquisa, que será ampliada em breve para incluir outros grupos de animais (roedores, bichos-preguiça, serpentes, cavalos, porcos, ruminantes e aves), é desenvolvida por meio do projeto Avaliação da ocorrência de vírus com potencial zoonótico em animais silvestres e domésticos de uma área da Mata Atlântica da região metropolitana do Rio de Janeiro. O estudo, que conta com financiamento da Faperj, não se restringe à investigação das taxas de infecção pelo novo coronavírus em animais domésticos e silvestres das comunidades que residem na área e adjacências da Pedra Branca. Serão pesquisados ainda outros vírus respiratórios e gastrointestinais de potencial zoonótico. A região foi escolhida para investigação porque há um elevado contato entre os animais domésticos, silvestres e sinantrópicos (que se adaptaram a viver junto ao homem, como algumas espécies de morcegos, ratos e pombos). O contato entre eles aumenta o risco de transferência de vírus com potencial de causar doenças infecciosas em humanos.

A coordenação do projeto é feita por Ricardo Moratelli, da Fiocruz Mata Atlântica [e membro afiliado da ABC 2019-2023], e Marina Galvão Bueno, do IOC/Fiocruz. Os laboratórios do IOC/Fiocruz envolvidos na pesquisa são coordenados por Marilda Agudo Mendonça Teixeira de Siqueira e Marize Pereira Miagostovich. Também participam Maria Ogrzewalska, Paola Cristina Resende Silva, Rosana Gentile e Cecilia Silansky de Andreazzi, do IOC/Fiocruz; Rodrigo Caldas Menezes, Sandro Antônio Pereira e Juana Oneida Huamán Charret Portugal, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas; Marina Carvalho Furtado, Sócrates Fraga da Costa Neto, Maria Alice do Amaral Kuzzel e Isabel Cristina Fábregas Bonna, da Fiocruz Mata Atlântica; Paulo Castiglioni Lara, do Instituto Nacional de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz; e Judith Breuer, Sunando Roy e Rachel Williams, da University College of London.

Leia a matéria na íntegra.