Leia artigo do Acadêmico Virgílio Almeida e do professor Francisco Gaetani publicado no Valor Econômico, em 15/9:
Geopolítica é uma palavra que mobiliza a atenção de todos que se dedicam ao estudo das relações internacionais, dinâmicas do poder e definições de fronteiras. As guerras dos tempos modernos possuem múltiplas arenas: territórios, fóruns internacionais, acordos comerciais, mídias convencionais, redes sociais, tecnologias bélicas e, cada vez mais, o ciberespaço.
Por outro lado, a geopolítica digital baseia-se também nas múltiplas redes transnacionais de dados, onde empresas multinacionais são proprietárias e operam a infraestrutura global, que garante a conectividade que liga tudo: pessoas, dispositivos e dados na internet global.
Devido ao crescente papel na economia, política e defesa, as tecnologias digitais passaram também para o palco das disputas geopolíticas, onde Estados Unidos e China são os principais polos desse novo conflito. A geopolítica digital combina novos elementos de poder. Por um lado, a geopolítica digital está ligada à noção territorial, onde os Estados-Nação determinam regras, políticas e legislação para uso das tecnologias digitais, como por exemplo os mecanismos de censura na China, a política de segurança nacional dos EUA e a legislação de proteção de dados pessoais da União Europeia.
As fronteiras não são mais as mesmas. Jamais serão. A revolução digital redefiniu-as. A competição por vantagens competitivas na corrida pela dominância tecnológica mudou as disputas políticas, econômicas, comerciais, industriais e científicas. As fronteiras são outras: dinâmicas, móveis e fluidas. São dependentes de inovações disruptivas, do massivo investimento na ciência, tecnologia, capital humano e da construção de arranjos institucionais que propiciem condições para priorização das capacidades digitais.