Na próxima quarta-feira, dia 13 de março, serão entregues 72 bolsas de pesquisa aos cientistas do Museu Nacional. O edital de Apoio Emergencial ao Museu Nacional foi uma iniciativa da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj).
Para o presidente da Faperj, [o Acadêmico] Jerson Lima Silva, “se uma boa parte do patrimônio físico do Museu Nacional foi perdida com o incêndio, cabe a todos, incluindo a Faperj, apoiar o patrimônio intelectual da instituição”. As outorgas aos 72 pesquisadores do Museu visam estimular as pesquisas inovadoras, que contribuirão para restabelecer parte da coleção que foi perdida.
No valor total de R$ 2 milhões e 592 mil, o edital prevê um valor mensal de R$ 3 mil para cada um dos contemplados. O diretor do Museu Nacional, [o Acadêmico] Alexander Kellner, afirma que esse aporte de recursos possibilitará a continuidade das pesquisas do museu, pois a instituição não será reconstruída apenas com os servidores. “É preciso o apoio de diferentes segmentos da sociedade brasileira e internacional.”
Entre os 72 projetos contemplados estão:
“Dinossauros, múmias, meteoritos e muito mais: recuperação estrutural e operacional do Laboratório de Processamento de Imagem Digital”. Neste projeto, Sérgio Alex Kugland de Azevedo pretende recuperar a estrutura computacional do laboratório que foi totalmente destruída pelo incêndio que atingiu o Museu em setembro de ano passado. Eram 20 computadores de alto desempenho, além de scanners tridimensionais de superfície, tomografia tridimensional helicoidal, fotogrametria e equipamentos para impressão tridimensional, nos quais mais de 500 peças do acervo como múmias, meteoritos, estelas egípcias, urnas e vasos e o crânio de Luzia foram digitalizadas e alguns reproduzidos.
“Os pretos novos contam sua história: bioarqueologia dos africanos enterrados no cemitério de escravizados do Valongo/RJ nos séculos XVIII e XIX”. De autoria de Andrea de Lessa Pinto, este projeto busca aprofundar o conhecimento sobre os remanescentes humanos recuperados no Cemitério Pretos Velhos, no Cais do Valongo. A pesquisa investigará os ossos que estavam sob a guarda temporária do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Velhos e, por conta disso, foram salvos do incêndio. A descoberta do cemitério em 1996 trouxe grande quantidade de remanescentes humanos que permitiram a construção de alguns cenários sobre o estilo de vida dos africanos trazidos como escravos para o Rio de Janeiro, assim como a forma dos seus corpos serem tratados após a morte. Curiosidades são encontradas em dentes, queima dos corpos antes dos enterros, entre outras.
“Humilhação e excesso: caminhos de análise para uma antropologia da diferença e da desigualdade social em relação a raça, gênero e sexualidade”. De Maria Elvira Diaz Benitez, o projeto situa-se em uma atualidade de ânimos acirrados e violência social e se propõe a discutir como gênero, raça e sexualidade são abordados por meio da prática da humilhação, como também no sentir-se humilhado, e focará na pesquisa sobre estupro, feminicídio, castigo racial, abandono social, e nos ataques com ácido a mulheres por ex-parceiros.
“Identificação, classificação, restauração, catalogação e reconstrução de meteoritos do acervo do Museu Nacional.” A pesquisadora Maria Elizabeth Zucolotto pretende reconhecer e catalogar amostras do Sistema Solar que tem entre 4,5 a 4,6 bilhões de anos. Icônico ao incêndio do Museu Nacional, o Bendegó intacto foi apenas um dos vários exemplares que ali existiam. Muitos, porém, se desintegraram, enferrujaram e se perderam nos escombros. Com este projeto, a pesquisadora pretende resgatar exemplares desta que é considerada a maior coleção de meteoritos do Brasil.
“Reconstrução e informatização da Coleção Entomológica do Museu Nacional”. Gabriela Jardim dará andamento ao projeto de reconstrução desta coleção, considerada uma das maiores, mais antigas e representativas da América Latina. Com cerca de cinco milhões de espécimes e mais de 3.600 tipos de primatas, a Coleção ficava situada no Palácio São Cristóvão e só não foi totalmente perdida pois os dípteros estava em outro local. Além, disso a equipe do Museu conseguiu recuperar parte que havia sido digitalizada.
SERVIÇO
Data: 13 de março de 2019
Horário: 10 horas
Local: Auditório do Prédio Anexo do Palácio Guanabara
Rua Pinheiro Machado, s/n – Laranjeiras