Um artigo publicado no Journal of Medicinal Chemistry, da autoria de um grupo de pesquisadores brasileiros, com participação de docentes e pesquisadores do IFSC/USP, do Instituto de Química da Unicamp e da Faculdade de Farmácia da USP, dá a conhecer a descoberta de derivados de produtos naturais marinhos com atividade contra o parasita. *Dentre os autores estão os Acadêmicos Glaucius Oliva (IFSC-USP) e Célia Regina da Silva Garcia (IB-USP).

Nesse trabalho, que contou com apoio financeiro da Fapesp, CNPq e Instituto Serrapilheira, foi avaliada a atividade inibitória dessas moléculas contra o parasita, tendo-se realizado um estudo focado em melhorar a potência em matar o parasita e, ao mesmo tempo, manter baixa a propriedade tóxica contra células saudáveis.

Esses estudos permitiram a descoberta de novas moléculas com potência aprimorada e baixa toxicidade. O composto mais potente identificado é um inibidor de ação rápida com atividade contra a forma do parasita que se localiza no sangue e fígado do paciente. Além disso, a molécula mostrou um efeito aditivo, quando testada em combinação com o medicamento padrão para o tratamento da malária (ex. artesunato), ou seja, a combinação com o fármaco padrão, aumentou a capacidade de inibição do crescimento do parasita.

Por fim, a molécula foi testada em modelo animal da doença, no qual foi possível verificar que todos os animais sobreviveram após o tratamento e, além disso, a molécula desenvolvida neste estudo foi eficaz em reduzir a infecção nos animais.

Todos esses dados indicam que a molécula derivada de produto natural marinho tem potencial para ser uma nova alternativa para o tratamento da malária.

materia_malaria.pngAs próximas fases do estudo incluem o melhoramento de propriedades químicas e biológicas dessa molécula, de modo que ela possa ser segura e eficaz no tratamento do paciente com malária.

A malária é um problema de saúde pública global que apresenta altas taxas de mortalidade, principalmente em países do continente africano. A doença é causada por um parasita chamado Plasmodium.

Em 2016, a doença matou 445.000 pessoas, número que equivale a 1 morte por minuto, sendo que a grande maioria dessas mortes foram crianças com menos de 5 anos de idade.

No Brasil, em 2016 foram reportados 118 mil novos casos de malária e em 2017 esse número aumentou para 175 mil casos, ou seja, um acréscimo de cerca de 50%.

Neste cenário, novas formas de tratamento são extremamente necessárias.

Esse trabalho foi o resultado de uma parceria entre os pesquisadores do IFSC/USP, Profs. Glaucius Oliva e Rafael Guido, Dra. Anna Caroline C. Aguiar, Me. Guilherme E. de Souza e Me. Mariana Lopes Garcia; do Instituto de Química da UNICAMP, Profs. Carlos Roque D. Correia e José Luiz Costa, Dra. Michele Panciera, e Me. Eric F. S. dos Santos; e da Faculdade de Farmácia da USP, Profa. Célia Regina da Silva Garcia, Dra. Myna Nakabashi e Me. Maneesh Kumar Singh.