poluicao_edit.jpgBraço da Rede Global de Academias de Ciências (IAP – The InterAcademy Partnership), o IAP-Science, lança na terça-feira, 12 de dezembro, durante o One Planet Summit a “Declaração sobre Mudanças Climáticas e Educação”. O documento reforça o apoio ao One Planet Summit, evento que marca o segundo aniversário do Acordo de Paris e que será realizado na capital francesa, com o apoio do presidente Emmanuel Macron.
O evento visa buscar formas de viabilizar o financiamento adequado para a concretização de objetivos do Acordo de Paris, como redução das emissões de gases causadores de efeito estufa e proteção das populações vulneráveis às consequências das mudanças climáticas. Em 2015, as nações do mundo concordaram em manter o aumento da temperatura média global em bem menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais. No entanto, a recente reunião da COP23, realizada em novembro deste ano na Alemanha, revelou que já estamos em direção a um aumento de 3°C.
“Ao divulgar a declaração durante o One Planet Summit junto ao presidente Macron, esperamos que ela atinja os olhos e os ouvidos dos governos e decisores em todo o mundo e convença-os de que eles precisam tomar ações individuais e coletivas sobre essa questão existencial”, afirma o co-presidente do IAP-Science (Alemanha), Volker ter Meulen. “Esta declaração a respeito da Educação e as Alterações Climáticas baseia-se no histórico da IAP na promoção da educação científica”, acrescenta ele.
A preparação do documento foi liderada por uma das academias membros do IAP, a Académie des Sciences, da França, e contou com o trabalho de um grupo de especialistas nomeado pelas academias membros do IAP. Do Brasil, o membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) Paulo Eduardo Artaxo Netto participou da elaboração do texto.
O IAP e suas academias membros têm um longo histórico na defesa da melhoria da educação científica em muitos países, por meio da promoção da educação científica baseada em critérios, por meio dos quais as crianças aprendem o trabalho em equipe e o pensamento racional através do processo científico de desenvolvimento de hipóteses, realização de experimentos e avaliação de seus resultados.
A Declaração do IAP sobre Mudanças Climáticas e Educação reconhece, no entanto, que a educação sobre mudanças climáticas requer uma abordagem mais interdisciplinar do que aquela usada na educação científica comum. Logo, para iniciar o processo de revitalização da educação, a Declaração do IAP estabelece uma série de recomendações sobre a forma como a educação efetiva em mudança climática pode ser promovida em escolas de todo o mundo.
Entre as recomendações específicas estão a maior aceitação do questionário base de educação científica (IBSE – inquiry-based science education) em escolas de todo o mundo e a necessidade de proporcionar aos professores a formação e os recursos adequados. Além disso, o documento recomenda que os professores tenham acesso e utilizem como ferramenta educativa os relatórios de avaliação periódicos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e as “Sínteses para Formadores de Políticas”.
Presidente do grupo de trabalho que produziu a Declaração do IAP, o pesquisador da Académie des Sciences Pierre Léna avalia que a mudança climática é uma ameaça real para a humanidade, mas que também pode ser uma oportunidade formidável para que todos modifiquem o modo de vida insustentável atual, conforme apontaram, recentemente, 15 mil cientistas no “chamado à humanidade”.
“A educação tem desempenhado um papel importante para preparar a juventude e transmitir as novas idéias. Nosso objetivo na divulgação desta Declaração é contribuir para esse processo “, diz Pierre Léna.
“Nós ouvimos em todos os lugares declarações pessimistas sobre o futuro do nosso planeta”, afirma Marie-Lise Chanin, também da Académie des Sciences, que co-presidiu o desenvolvimento da Declaração com Pierre Léna. “Envolver a nova geração nesta questão e capacitar os alunos como agentes de mudança, que podem trazer esperança e otimismo”, acrescenta Marie-Lise Chanin.
Para o co-presidente do IAP-Science, Krishan Lal, as decisões sobre como lidar com os efeitos das mudanças climáticas devem ser baseadas em ciência sólida e julgamento racional. Segundo ele, essas decisões devem ser feitos nos próximos anos. “É a geração mais jovem, atualmente nas escolas e que está aprendendo sobre ciência, que precisará tomar essas decisões”, avalia.