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O Rio de Janeiro sediou nos dias 22, 23 e 24 de agosto a 1ª Conferência Internacional da Rede de Jovens Afiliados à Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês). Durante os três dias de encontro no Othon Palace, em Copacabana, mais de 100 cientistas, sendo 80 jovens pesquisadores de 32 países da América Latina, África e Ásia, puderam trocar conhecimentos e experiências, além de reforçar os laços acadêmico-científicos.

yin-li1.jpg Na abertura do evento, o idealizador da Rede de Jovens Afiliados da TWAS (TYAN, na sigla em inglês), o professor do Instituto de Microbiologia da Academia de Ciências da China (CAS) Yin Li ressaltou a importância de se promover a união e a conexão entre cientistas de diversas partes do mundo. Para o professor, os pesquisadores presentes estão entre os melhores cientistas jovens de diferentes países em desenvolvimento esentem, como ele, a necessidade de fazer algo para maximizar o impacto de suas habilidades intelectuais em proveito do mundo.

“Estaremos reunidos por três dias, discutindo como trabalhar juntos para alcançar nossos objetivos. Como desenvolver efetivas colaborações sem fronteiras? Como poderemos ampliar a comunicação científica e relacioná-la com a diplomacia científica?”, colocou Yin Li.

Em seu discurso, o cientista desafiou todos os presentes a estreitarem os laços profissionais. “Nós devemos construir um mundo conectado por cooperações científicas. É essa visão que todos nós, integrantes da Rede de Jovens Afiliados da TWAS, devemos seguir”, disse.

Ele ressaltou que desde que a criação da TYAN foi proposta, em 2016, mais de 70 jovens afiliados à TWAS têm se mantido conectados online por meio da plataforma TYAN. Essa ligação tem ajudado a promover uma nova rede colaborativa, multidisciplinar, que poderá contribuir para novas descobertas e para o avanço científico, impactando o mundo em desenvolvimento.

“Devemos desenvolver e nutrir as redes colaborativas. Temos trabalhado em grupos para aumentar a representatividade dos países menos desenvolvidos e dos cientificamente atrasados, assim como para promover a igualdade de gênero na ciência”, acentuou Yin Li.

O mestre de cerimônias destacou que, por meio da TYAN, ele e os demais jovens cientistas têm agido em prol da ciência em seus países, procurando empoderar cientistas jovens e promissores para que se tornem líderes das próximas gerações. “estamos buscando trabalhar em conjunto na criação de soluções inovativas que visem alcançar metas para o desenvolvimento sustentável”, acrescentou o professor. A organização do evento no Brasil foi realizada pela integrante do Comitê Executivo da TYAN, a professora associada da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Patricia Zancan, com o apoio da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Saiba mais sobre o evento.

 

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Coordenador do escritório regional da América Latina e Caribe (TWAS-ROLAC), o Acadêmico Vivaldo Moura Neto (UFRJ) estimulou os participantes a fazerem ciência a cada minuto de suas estadias no Rio de Janeiro. “Falem sobre ciência nas palestras, durante o almoço, no café, à noite. Discutam! Tentem encontrar companheiros para suas novas pesquisas. Isso é o que há de mais importante neste encontro”, afirmou Neto. “Voltem para os seus países com a ideia de que vocês fazem parte de uma nova geração. Saibam que vocês são o futuro da ciência no mundo”, ressaltou ele.

Presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich fez coro à fala de Moura Neto. O físico e professor da UFRJ lembrou que a ciência vai além das fronteiras nacionais e das diferenças políticas. “A ciência unifica princípios que podem nos ajudar a chegar à paz”, afirmou ele.

Segundo Davidovich, o encontro no Rio de Janeiro demostra, mais uma vez, a importância dos encontros informais para a geração de novas ideias e parcerias. “Foi no encontro da TWAS em Ruanda, num coffee break, que conversamos sobre a possibilidade de organizarmos a primeira reunião da TYAN no Rio. Esses momentos são importantíssimos para fazermos novas colaborações científicas, novos amigos e solidificar relacionamentos. Espero que essa reunião seja apenas o início de uma frutífera atividade da TYAN”, disse Davidovich. “Peguem suas bandeiras e lutem pela ciência, tecnologia e inovação no mundo”, concluiu ele, passando a palavra a Manuel Limonta.

Diretor do Escritório Regional para América Latina e Caribe do Conselho Internacional para Ciência (ICSU-ROLAC), Limonta ressaltou que o evento era o resultado de uma bonita conspiração, iniciada num coffee break entre Davidovich e ele. “A hospitalidade brasileira é uma tradição. O Brasil e a Academia Brasileira de Ciências têm promovido importantes encontros. E essa é mais uma oportunidade que temos para agradecer essa parceria. Gostaria, inclusive, de agradecer ao ex-presidente Jacob Palis que sempre demonstrou grande capacidade de administração e foi um promotor desse encontro também. Ele não está aqui hoje, mas é uma pessoa que deve ser mencionada”, disse Limonta.

Coordenador de Programas da TWAS, Max Paoli relembrou quando conheceu Yin Lin e suas ideias para a criação da Rede de Jovens Afiliados o seduziram. “Em Ruanda a ideia foi lançada oficialmente. Vejo em Yin Lin o pai da TYAN e a TWAS a mãe. Essa criança nasceu, cresceu e hoje precisa ser mais independente. Cada um de vocês é uma parte do corpo dessa criança”, afirmou Paoli. “A interação entre vocês deve ser frutífera, trabalhem relacionamentos aqui. Questionamento recentes demandam respostas interdisciplinares. Suas habilidades são compatíveis e complementares. Olhem para essa linda paisagem, o oceano e foquem no trabalho”, finalizou o coordenador, com o seu característico bom-humor.

 

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O QUE É A TWAS

Criada em 1983, com o nome de Academia de Ciências do Terceiro Mundo (TWAS) e sediada em Trieste, na Itália, a Academia Mundial de Ciências (The World Academy of Sciences for the Advancement of Science in Developing Countries) tem como missão promover a ciência, a tecnologia e a inovação nos países em desenvolvimento, reunindo em seus quadros os melhores cientistas dessas nações.

A TWAS conta com escritórios em cinco grandes regiões – Rio de Janeiro, Pequim (China), Alexandria (Egito), Bangalore (Índia) e Pretória (África do Sul) –, que desempenham funções vitais. Nomeiam cientistas que sejam membros de academias de seus países para serem membros da TWAS, promove premiações, selecionam Jovens Afiliados e organizam conferências. Assim, ampliam a visibilidade da TWAS e seus programas entre as comunidades científicas de cada região.

A TWAS já foi presidida por dois brasileiros: o físico José Israel Vargas, de 1996 a 2000, e o matemático Jacob Palis, de 2007 a 2012. Também ex-presidente da Academia Mundial de Ciências, o químico e ganhador do Prêmio Nobel C.N.R. Rao é membro correspondente da ABC. Ele dá nome a um dos principais prêmios da TWAS.