Sistemas de software tornaram-se vitais para os negócios de todos os tipos de organizações e para a humanidade como um todo. Assim, o desenvolvimento de software passou a ser uma atividade essencial no mundo atual. Esse é o trabalho do pesquisador do Instituto Tecnológico Vale (ITV) e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Cleidson Ronald Botelho de Souza, que atua nas áreas de engenharia de software, sistemas colaborativos e computação ubíqua.
Hoje pai de duas meninas, a quem procura dedicar-se ao máximo em seu tempo livre, Cleidson rememora a infância. Seu pai era agrimensor, o que o levava a viajar – algumas vezes, por longos períodos. A mãe criava os três filhos, dos quais Cleidson era o mais novo. Na infância, teve a fase do futebol com os colegas da rua, do xadrez com o irmão mais velho, dos jogos de tabuleiros como War e Detetive com os colegas. O que o acompanhou em todas as fases foi o gosto pela leitura- era assíduo frequentador das estantes de livros de espionagem da biblioteca pública da cidade.
No colégio, Cleidson gostava especialmente de matemática e física. As aulas de história também lhe interessavam bastante. Era um menino que gostava de estudar e aprender. Nos fins de semana, assistia a um programa que apreciava muito: o “Globo Ciência” que lhe apresentou personagens que usavam jaleco branco durante o trabalho em laboratórios. “Desde que me lembro, eu sempre quis ser pesquisador”, confessa.
Cleidson teve um primeiro contato com computadores ainda criança e achou interessante. Na época do vestibular, demorou a tomar uma decisão. Escolheu computação em primeira opção e considerou agronomia como a segunda, pois queria fazer engenharia genética. “Mas a parte de biologia não me interessava tanto assim e acabei por desistir”, conta. Ele ainda pensou em arqueologia, porque gostava muito de história, mas infelizmente não existia o curso na Universidade Federal do Pará (UFPA).
Entrou no curso de ciência de computação da UFPA e logo em seguida na iniciação cientifica (IC), trabalhando por vários anos com o professor Luiz Carlos de Lima Silveira. Embora percebesse o esforço necessário para ser um pesquisador, a experiência em IC reforçou seu interesse pela carreira acadêmica. Seu projeto de iniciação cientifica consistiu na elaboração de testes psicofísicos para avaliar a visão de pessoas com problemas neurológicos. “Anos depois de concluir este trabalho fiquei sabendo que o software que eu desenvolvi ainda era usado por pesquisadores do laboratório para avaliação da contaminação mercurial de pacientes. Isto foi algo que me deixou bastante surpreso”, conta o Acadêmico.
No período do mestrado, escolheu a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o professor Jacques Wainer como orientador. Cleidson Botelho considera a experiência do mestrado muito positiva, por ter lhe permitido conhecer uma das melhores universidades do país. Em uma das disciplinas cursadas, conheceu o trabalho de vários pesquisadores de sua área de interesse e, por sugestão do professor Wainer, foi fazer o doutorado fora do Brasil, na Universidade da Califórnia Irvine (UCI), nos EUA, em ciência da computação e informação. Em 2012, Botelho de Souza realizou estágio pós-doutoral na Sloan School of Management, no Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Botelho se diz atraído pelo desafio constante que a ciência representa, que gera no cientista a necessidade de continuar aprendendo e de se manter atualizado. “Isto me motiva e mantém a minha curiosidade o tempo todo estimulada”, declara. Na computação, dado o dinamismo da área, isto é ainda mais importante. O Acadêmico explica que o aumento do uso de sistemas de software em contextos diferentes e mais abrangentes tornou a construção de softwares uma atividade cada vez mais complexa, que atualmente exige a coordenação de dezenas, ou mesmo centenas de pessoas, que podem estar espalhadas ao redor do mundo. “Por isso, o estudo de técnicas, ferramentas e práticas que facilitem o desenvolvimento colaborativo de software tornam-se fundamentais”, observou Botelho.
Essa é justamente a sua área de atuação: o desenvolvimento de abordagens que facilitem o desenvolvimento colaborativo de software. Isto é feito através da condução de estudos empíricos em empresas de desenvolvimento de software, visando entender como os profissionais atuam, documentar as práticas que funcionam – e que, portanto, devem ser compartilhadas com outros profissionais – e identificar oportunidades para a construção de ferramentas que possam apoiar os engenheiros de software em seu trabalho.
Satisfeito com a eleição para membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências, Cleidson pretende contribuir com seu conhecimento sobre computação e desenvolvimento de softwares, que podem ser úteis para qualquer área de pesquisa. “Acredito também que minha experiência na indústria – IBM e Vale – pode também ser interessante para a ABC.”