Num prédio histórico localizado no Pelourinho, que desde 1808 abriga a primeira escola de saúde do Brasil, fundada por Dom João VI, e hoje pertence à Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA), os novos membros afiliados da ABC da Região Nordeste & Espírito Santo receberam seus diplomas e apresentaram suas pesquisas, no dia 3 de abril.
 

Roberto Santos, Dora Leal, Jacob Palis,
Cid Araújo e Jailson de Andrade
 
O Acadêmico Jailson Bittencourt de Andrade, químico da UFBA e organizador do evento, abriu a sessão com as boas vindas a todos. A reitora da UFBA Dora Leal Rosa declarou seu orgulho em receber os novos membros da ABC nos salões onde foi iniciado o ensino superior do Brasil. “Esta foi a primeira instituição de ensino superior do Brasil e a primeira Faculdade de Medicina do país.
 
O presidente da Academia de Ciências da Bahia, Roberto Santos, saudou os presentes e destacou a importância da valorização dos cientistas do nordeste num momento em que o Brasil precisa de gente que faça ciência com profundidade e que tenha capacidade de gerar ideias novas. “A inovação é tão importante e necessária que o ministério mudou de nome – de MCT pra MCTI – incluindo a inovação. E essa inovação tem que começar na formação dos pesquisadores, para que a ciência se envolva no sistema produtivo do país. Para participar da competitividade mundial, o estímulo a profissionais inovadores é da maior importância”.
 
Santos, que já foi reitor da UFBA e governador da Bahia, vem acompanhando o crescimento do Brasil na produtividade científica, mas apontou a necessidade de crescimento no número de patentes, que tem por base a inovação. “O futuro pesquisador deve ser preparado desde a infância, estimulado e orientado para a criatividade, para a invenção. A criança deve ter uma atitude crítica e proativa diante da informação que recebe. Isso é fundamental para que os jovens de hoje venham a se tornar pesquisadores inovadores. É disso que a Bahia, o nordeste e o país mais precisam.”
 
O vice-presidente Regional da ABC para a região Nordeste & Espírito Santo, Cid Bartolomeu de Araújo, físico da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), explicou que as cerimônias de diplomação e os simpósios científicos de apresentação de novos afiliados na região vêm se alternando entre Recife, Fortaleza e Salvador, cidades de origem dos membros titulares que elegem os afiliados. “A Bahia é o estado do nordeste que tem mais membros da ABC, e estamos aqui, hoje, valorizando isso.”
 
Jacob Palis, presidente da ABC, concordou e reforçou a importância da tradição da ciência na Bahia, que está em ascensão, especialmente a matemática, que é a sua área de atuação. “E esse crescimento está relacionado aos jovens cientistas destacados na região, que provavelmente serão, futuramente, membros titulares da ABC, mas que nessa fase inicial da carreira já estão fazendo um trabalho de destaque. Aqui estamos hoje, portanto, demonstrando nosso reconhecimento e estimulando vocês para que continuem se dedicando a sua ciência com esse mesmo afinco que os trouxe até aqui.”
 
A química da UFBA Luciana Almeida da Silva, eleita afiliada à ABC para o período de 2010 a 2014 e uma das organizadoras do evento, explicou aos novos membros as atividades da ABC. Ela destacou os eventos de membros afiliados, que alternam encontros regionais nos anos pares com encontros nacionais nos anos ímpares. “Essa foi uma conquista nossa junto à ABC, que nos possibilitou organizar esses eventos de acordo com nossas prioridades, dando todo apoio e suporte”.
 
Luciana deu especial atenção às duas grandes reuniões anuais promovidas pela ABC, que ocorrem em maio e no final do ano. “Recomendo que vocês aproveitem a oportunidade rara e única de frequentar esses eventos e fazer parte desse grupo seleto, porque isso demonstra que são jovens brilhantes, com um futuro muito promissor pela frente. Vão aos eventos da Academia, participem das discussões, enfim, envolvam-se ao máximo nesses cinco anos, pois isso será de grande proveito para as suas vidas, tanto no nível profissional como pessoal.” Este ano, a Reunião Magna será realizada entre os dias 5 e 7 de maio e todos os membros estão convidados, tanto titulares como afiliados.
 
A farmacêutica Camila Figueiredo, professora das pós-graduações em Imunologia e Processos Interativos do Orgãos e Sistemas da UFBA, falou em nome dos novos membros afiliados. Em seu agradecimento, ela destacou o interesse do grupo em participar de discussões com grandes nomes sobre temas fundamentais na área de CTI&E, especialmente no que diz respeito às políticas relacionadas à área. “Queremos aproveitar a oportunidade de discutir sustentabilidade, o uso de animais em pesquisa, condições de trabalho e apoio a pesquisadores recém contratados em novas universidades no interior do país, a participação da mulher na ciência, as novas políticas de incentivo de intercâmbio par ao exterior de alunos em nível de graduação e pós-graduação, a cooperação internacional, a importação de insumos e equipamentos de pesquisa, a parceria universidade-empresa, o estímulo ao registro de patentes e a popularização da ciência, entre outros.” Para Camila, os membros afiliados podem atuar como disseminadores e multiplicadores dos resultados desses debates em seus laboratórios, departamentos, instituição e região, ampliando assim a discussão para seus alunos de todos os níveis de formação. “E essa rede pode gerar mudanças de paradigmas”, destacou.
 
Pedro Marcos Gomes de Soares, o primeiro novo afiliado a apresentar sua pesquisa, fez uma breve introdução em que acrescentou pontos interessantes à fala de Camila. “Eu sou fruto dessa política acertada de iniciação científica (IC), que foi um divisor de águas na minha carreira. No inicio da graduação eu não sabia o que queria fazer. Foram os três anos de IC que me deram um rumo e uma certeza da carreira que eu queria seguir. Esse título me motivou, me fez sentir que tudo o que eu fiz valeu a pena. Acho que vou sentir isso para sempre e quero passar esse sentimento de confiança para frente, para os meus orientandos e alunos de IC. Agradeço a ABC pela riqueza que é a experiência de multidisciplinaridade. Faz a gente sair do nosso mundo e conhecer excelências em outras áreas, o que é muito enriquecedor.”
 
Conheça um pouco do histórico dos novos membros nas matérias a seguir.
 
Espírito investigativo que vem desde a infância
Nascida em João Pessoa, capital da Paraíba, Camila Alexandrina de Figueiredo passou de criança extremamente curiosa à professora da UFBA, especialista em estudos de asma e alergia e, agora, membro afiliado da ABC.
 
O novo membro afiliado da ABC Fabrício Benevides, professor da UFC e coordenador regional das Olimpíadas Brasileiras de Matemática pelo Ceará, trabalha na área de Combinatória, que lhe permite unir suas duas grandes paixões.
 
Envolvida com os trabalhos de campo desde a graduação Juliana Sayão é uma bióloga dedicada aos tecidos fósseis e uma das novas afiliadas da ABC.
 
Assim pensa Lílian Guarieiro, nova afiliada da ABC pela Regional NE&ES que hoje leciona no Senai Cimatec, na Bahia, e aposta na integração entre o conhecimento acadêmico e o desenvolvimento desse conhecimento nas empresas.
 
Eleito membro afiliado da ABC, Pedro Soares vê nas contribuições inter-regionais a chave para um Brasil melhor; por isso criou, junto a outros pesquisadores, um doutorado interinstitucional entre a UFC e a UFRJ.