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Ciências da Terra | MEMBRO CORRESPONDENTE

Louis René Martin

(MARTIN, L.)

01/10/1937
Francesa
14/06/2000

Nascido em Cap-Ferret no sudoeste da França, concluiu os estudos secundárias no Lycee Michel Montaigne de Bordeaux, em 1957. Tendo ingressado a seguir a Faculdade de Ciências da Univerdsidade de Bordeaux, concluiu a Licence ès Sciences em 1960 na Faculdade de Ciências da Universidade de Paris onde defendeu em 1963 uma tese de sedimentologia (3ème Cycle). Depois de prestar o Serviço militar, ingressou como geólogo no corpo de pesquisadores da ORSTOM (Institut Français de Recherche pour le Développement en Coopération), em 1965. De 1965 a 1967 especializou-se em Geologia e Geofísica marinha no Laboratório de Geodinâmica da Faculdade de Ciências da Universidade de Paris. De 1967 a 1973 estudou a morfologia, a sedimentologia e a evolução durante o Quaternário da plataforma continental da Costa do Marfim na África, defendendo em 1973 uma tese de Doctorat ès Sciences. Chegou no Brasil em novembro de 1973, no âmbito de um convênio entre a ORSTOM e a Universidade de São Paulo. A finalidade era de estudar, em parceria com pesquisadores brasileiros, a evolução da margem continental brasileira durante o Quaternário, particularmente as planícies costeiras. Até essa época, não existiam no Brasil estudos sistemáticos sobre a evolução dessas planícies. Uma equipe franco-brasileira, constituída por L. Martin (ORSTOM), pelos professores K. Suguio (Instituto de Geociências da USP), J-M. Flexor (Instituto de Física da UFBA), A.C.S.P. Bittencourt, G. da S. Vilas Boas e J. M. Landim Dominguez (Instituto de Geociências da UFBA), foi progressivamente formada. Em uma primeira fase (1973-1976), foi estudada a evolução da planície costeira do estado de São Paulo durante o Quaternário. Em uma segunda fase (1976-1981), com a sua ida para o Instituto de Física da UFBA foram estudadas as planícies costeiras dos estados da Bahia, Sergipe e Alagoas. Finalmente, em uma terceira fase (1981-1990), com a sua ida para o Observatório Nacional no Rio de Janeiro, foram estudadas as planícies costeiras dos estados do Rio de Janeiro, Espirito Santo, Paraná e Santa Catarina. O conhecimento dos mecanismos que controlaram a formação dessas planícies, além da contribuição puramente científica, constitui o fundamento de qualquer projeto de gerenciamento coerente da zona costeira. Os mapas do Quaternário costeiro desses estados foram publicados por diversos órgãos federais e estaduais. A partir de numerosas datações pelo radiocarbono, foi possível construir varias curvas de variações do nível relativo do mar em varios trechos do litoral brasileiro para os últimos milênios. Essas curvas (as primeiras construídas no Brasil e em toda a América do Sul) mostraram que, ao contrario do que aconteceu nos Estados Unidos e na Europa, o nível relativo do mar foi superior ao atual de 4 a 5 metros em torno de 5600 anos AP. Nessas condições, percebeu-se claramente que os modelos clássicos de evolução da zona costeira elaborados nos Estados Unidos ou na Europa não podiam ser utilizados no Brasil. Pouco a pouco, foi sendo elaborado um modelo coerente de evolução da zona costeira brasileira durante o Quaternário. A partir de 1984, paralelamente aos estudos efetuados na zona costeira, foi desenvolvido, em colaboração com outras universidades brasileiras, um novo programa de estudo da evolução dos ambientes continentais nos últimos milênios com a finalidade de entender a evolução passada do clima. A partir do estudo de vários sítios lacustres da Amazônia e do Brasil central, foi possível reconstruir a evolução da vegetação e do clima dessas regiões nos últimos milênios. Paralelamente, o conhecimento das variações do nível relativo do mar e da evolução da circulação atmosférica nos 5 000 últimos anos permitiu conhecer os mecanismos que controlaram as erosões passadas da linha de costa e, assim, melhor entender a origem das erosões hoje em dia registradas.
Depois de passar 6 anos na França (1990-1996) onde foi Responsavel por uma Unidade de Pesquisa da ORSTOM, voltou ao Brasil em 1996 para o Laboratório de Estudos Costeiros do Centro de Pesquisa em Geofísica e Geologia da Universidade Federal da Bahia em Salvador, onde se encontra até hoje.
Publicou até hoje 105 artigos cientificos em periódicos nacionais e estrangeiros com corpo edital, 70 trabalhos completos em anais de congressos, varios mapas geológicas e apresentou 190 comunicações em reuniões cientificas. Co-organizou no Brasil em 1978, 1986 e 1989 três simpósios internacionais e em 1999 o VII Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Quaternário.