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Ciências Biomédicas | MEMBRO TITULAR

Dora Selma Fix Ventura

(VENTURA, D. F.)

06/11/1939
Brasileira
29/03/1995

Dora Selma Fix Ventura formou-se em Psicologia pela Universidade de São Paulo em 1961, numa época de grande ebulição intelectual na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Sua vocação para a pesquisa manifestou-se já durante o curso de graduação no qual, estimulada por Fred S. Keller, Professor Visitante da Columbia University, trabalhou na área de condicionamento e aprendizagem, e decidiu realizar pós-graduação no Experimental Psychology Department da Columbia University. Naquela instituição obteve o M.A. (1964) e o Ph.D. (1968) em Psicofísica e Fisiologia do Sistema Visual. De volta ao Brasil, montou e dirige até o presente o Laboratório de Psicofisiologia Sensorial, no Instituto de Psicologia da USP. Utilizando modelos invertebrados para o estudo de mecanismos visuais, o laboratório dedicou-se inicialmente a estudar a resposta de fototaxia negativa em camarão de rio, migração de pigmentos na retina, estudos comportamentais de discriminação visual. Datam também desta época os estudos sobre os efeitos farmacológicos no processamento sensorial. Em seguida iniciou linha de trabalhos com eletrorretinograma do olho composto de inseto o que proporcionou um relato em grande detalhe do fenômeno ainda pouco conhecido de facilitação retiniana, seguidamente citado na literatura dado seu caráter inovador, e a formulação de conclusões que foram confirmadas dez anos mais tarde em trabalhos bioquímicos de transdução visual. Desde 1983 mantém intercâmbio com o grupo de Neurobiologia da Universidade Livre de Berlim para o estudo comparativo de visão de cores em abelhas. Dentro desse projeto passou a trabalhar com métodos neuroanatômicos de microscopia óptica e eletrônica para a marcação de neurônios fisiologicamente identificados do sistema visual. Descobriu recentemente a existência de ilusão de formas em insetos (abelhas tropicais sem ferrão), resultado que sugere o caráter básico e geral desta capacidade, provavelmente fundamental para a visão de formas. A partir de 1991 estendeu os estudos comportamentais para aves, principalmente o beija-flor, no qual constatou pela primeira vez capacidade de discriminar cor no ultravioleta, e os estudos eletrofisiológicos para a retina de tartarugas, também com o objetivo de estudar visão no ultravioleta. Nesta última atividade tem tido intercâmbio internacional com dois grupos americanos e um japonês. Nos últimos anos tem dedicado parte de seu tempo à pesquisa na área de Psicofísica Clínica, na qual orientou estudo populacional normativo sobre desenvolvimento da acuidade visual em crianças. Como orientadora de três programas de pós-graduação formou 33 Mestres e 22 Doutores, que hoje se dedicam à vida universitária. É Professora Titular e atual Vice-Diretora do Instituto de Psicologia da USP, e foi Chefe de Departamento de Psicologia Experimental por duas vezes, tendo sempre tido intensa participação na vida da Universidade e da comunidade científica de sua área. Participou nos últimos três anos do Comitê Assessor de Psicologia do CNPq, foi Presidente da Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (1990-1993) e é desde agosto de 1995 Presidente da Federação de Sociedades de Biologia Experimental (FESBE).