Filho de uma pedagoga e um cientista social, Roberto Kawakami e encantoupor outras áreas: as Ciências Exatas.”Às vezes o interesse por uma determinada área ocorre por sua beleza intrínseca, como no caso da Matemática. Nem sempre a motivação vem de sugestões de familiares, de colegas ou de professores”, observou o engenheiro eletrônico.

Nascido em São Caetano do Sul, Estado de São Paulo, Kawakami morou em Recife, já que seu pai é natural da cidade, onde cursou o ensino fundamental e médio. No ano em que prestaria o vestibular, Kawakami ficou impressionado com uma visita ao Departamento de Matemática da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Por mais certo que estivesse sobre a opção pelas Ciências Exatas, surgiu a dúvida entre a Engenharia ou a Matemática. Fez o vestibular para Engenharia Eletrônica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e para Matemática Aplicada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Kawakami optou pela graduação no ITA, onde recebeu a Láurea Summa cum Laude, maior distinção concedida pelo Instituto a seus formandos. Cursou mestrado e doutorado em Engenharia Eletrônica e Computação na mesma instituição, onde atualmente é professor associado do Departamento de Sistemas e Controle. Em seguida realizou o pós-doutorado na Universidade de Reading, na Inglaterra, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Dentro da Engenharia Eletrônica, Kawakami especializou-se em Sistemas de Controle, área que o motivou a partir do momento em que começou estudar a disciplina na faculdade. “O que realmente me encantou na área é como ela se aplica aos mais diversos campos e eu atribuo esse enfoque aos professores que me ensinaram”.

Segundo ele, trata-se de um campo específico da Engenharia pouco conhecido pelo público em geral. “É algo que, embora permeie o nosso dia a dia, passa despercebido. Por exemplo, é um sistema de controle que mantém a temperatura desta nossa sala em 26 graus, e não atentamos para isso”, explica. Segundo Kawakami, os sistemas de controle ajudam as coisas a funcionarem melhor, em benefício da sociedade. Na área econômica, podem ser usados para determinar a política de juros. Na saúde pública, para controle de epidemias. Em veículos, para controle automático de velocidade. Em fornos elétricos, para controle de temperatura. No campo aeroespacial, em que se insere o ITA, para projeto de leis de controle de vôo.

No entanto, nem tudo é perfeito em um sistema de controle. Segundo o professor, a primeira preocupação é com a incerteza. “Quando se projeta um controlador, espera-se que ele possa lidar com incertezas. Para isso, pode ser preciso compreender algumas peculiaridades do campo em que o sistema de controle será aplicado”, aponta Kawakami. O professor citou alguns exemplos. Para aplicações aeronáuticas, há que se entender um pouco de Mecânica do Vôo. No caso de fenômenos que se passam em um organismo, é preciso entender um pouco de Biologia.

Kawakami conta que apresentou como trabalho final da graduação um estudo sobre o controle de fenômenos imunológicos. Para tanto, empregou modelos simplificados para descrever matematicamente o funcionamento do sistema imunológico. “Procuramos então estudar formas de regular as dosagens de certos medicamentos para auxiliar o organismo a combater uma infecção”.

Durante seus 18 anos no ITA, 11 deles como professor, inúmeros alunos participaram dos seus projetos de pesquisa. Para Kawakami o ato de ensinar é uma experiência prazerosa, que ele não trocaria por nada. “A melhor parte do trabalho como professor e pesquisador é a interação com o aluno”, revela. E também proporcionam reconhecimento ao cientista: no ano de 2002, recebeu o Prêmio Excelência no Ensino – Láurea Montenegro, do Instituto Tecnológico de Aeronáutica / Fundação Casimiro Montenegro Filho. Em 2005 recebeu o título de Senior Member do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE). E em 2008, foi indicado para membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências.

A indicação foi uma surpresa para Kawakami, visto que há um grande número de excelentes jovens cientistas concluindo doutorado, em sua opinião. “Nós que estamos no meio acadêmico vemos alunos excepcionais em todo o país”, ressalta. O reconhecimento da indicação repercutiu positivamente em sala de aula. “Eu senti de imediato a reação dos meus alunos por essa posição na Academia”, entusiasma-se o professor.