Coordenado pelo Acadêmico Virgílio Almeida, o 2º Simpósio de Jovens Cientistas ocorreu no dia 2 de maio e contou com apresentações de seis pesquisadores: Antonio Gomes de Souza Filho, das Ciências Físicas; Leandro Helgueira de Andrade e Paulo Anselmo Ziani Suarez, ambos das Ciências Químicas; Patricia Fernanda Schuck e Tatiana Roman, das Ciências Biológicas; e Maria Martha Campos, das Ciências Biomédicas. O simpósio fez parte da Reunião Magna 2011 da ABC.

Antonio Gomes de Souza Filho, Patricia Fernanda Schuck, Tatiana Roman,
Maria Martha Campos, Paulo Anselmo Ziani Suarez e Leandro Helgueira de Andrade

Ciências Físicas

Professor Adjunto da Universidade Federal do Ceará (UFC), o Membro Afiliado da ABC Antonio Gomes de Souza Filho, de 35 anos, atua no campo da Nanociência. Atualmente, estuda duas nanoestruturas de carbono: o grafeno e os nanotubos de carbono. “Esse sistema tem propriedades físico-químicas bastante interessantes e novas”, afirmou o pesquisador.

Para aprofundar-se no estudo desses nanomateriais, Antonio se apropria de técnicas da Física, em especial o espalhamento de luz. “Uma vez entendidas suas propriedades, podemos usar essa técnica para investigar como as mudanças ocorrem quando esses nanomateriais interagem com alguma coisa. Pode ser no ambiente, com algum poluente, uma célula ou uma molécula”. De acordo com o físico, o grande sucesso de sua pesquisa foi justamente utilizar técnicas que não eram consideradas padrão na nanotecnologia, mas que possibilitaram um entendimento profundo da estruturas desses novos materiais.
Ciências Químicas
Leandro Helgueira de Andrade possui Graduação, Mestrado e Doutorado em Química pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e atua como Professor-Doutor na Universidade de São Paulo (USP) desde 2005. Com 35 anos, o Membro Afiliado da ABC se dedica à busca de enzimas para fazer reações químicas que dêem origem a produtos químicos quirais. Essas enzimas são provenientes de organismos naturais, como os de origem marinha, microorganismos que se formam no solo ou de decomposição de biomassa.
Leandro também utiliza enzimas para preparar compostos quirais contendo hetero-elementos derivados de silício, titânio, selênio, penúrio e compostos de boro. Nesse caso, o objetivo é transformá-los em moléculas orgânicas mais complexas. Segundo o pesquisador, um dos benefícios de tal pesquisa é o desenvolvimento de metodologias catalíticas que fazem uso de tecnologias mais limpas, nas quais se dá preferência em utilizar reações químicas com um solvente aquoso no lugar dos tradicionais, como os derivados de petróleo. Além disso, também é usado um catalisador de origem biológica, altamente biodegradável.
Aos 40 anos, Paulo Anselmo Ziani Suarez atua como Professor Adjunto na Universidade de Brasília (UnB) e é Membro Afiliado da ABC. Graduou-se em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), onde também fez mestrado e doutorado. Na Reunião Magna 2011, o pesquisador apresentou um estudo que está desenvolvendo com a sua equipe para melhorar a produção de biodiesel, a partir da pesquisa de processos catalíticos para insumos petroquímicos e oleoquímicos. “O que estamos tentando fazer é diminuir os poluentes gerados pelo biodiesel”, afirmou o Suarez. “Também estamos aproveitando a oportunidade de usar alguns materiais de baixo custo, como resíduos das indústrias, para produção de combustíveis”.
Segundo Suarez, usar materiais que não tem valor de mercado e que se tornam dejetos no meio ambiente e transformá-los em combustível significa um benefício não apenas ambiental, mas também econômico e energético. “Vamos utilizar substâncias baratas para fabricar um produto cada vez mais escasso, com o preço aumentando, que é o caso dos combustíveis.”
Ciências Biológicas
Graduada em Farmácia pela UFRGS, com aperfeiçoamento em Análises Clínicas, Mestrado e Doutorado em Bioquímica pelo mesmo lugar, Patricia Fernanda Schuck atua como Professora Titular da Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) desde 2009. Membro Afiliado da ABC, Patrícia, de 29 anos, dedica-se atualmente ao estudo da disfunção energética cerebral em doenças genéticas, os chamados erros inatos do metabolismo.
Tais doenças são causadas pela deficiência de uma proteína que leva à alteração do metabolismo no organismo, levando ao acúmulo de substâncias tóxicas. Estas podem ser aminoácidos, como no caso da fenilcetonúria, uma das doenças mais conhecidas desse tipo, que é detectada no teste do pezinho. Patrícia tenta entender, portanto, o papel do déficit energético que ocorre no cérebro, levando a danos cerebrais graves no paciente.
Tatiana Roman é Professora Adjunta da UFRGS, onde cursou a graduação em Ciências Biológicas e o mestrado e doutorado em Genética e Biologia Molecular. Aos 37 anos, Tatiana, que também é Membro Afiliado da ABC, dedica-se à Genética psiquiátrica de um modo geral. “Tento entender e conhecer possíveis genes que contribuem para diferentes doenças psiquiátricas”. Ela já trabalhou com alcoolismo e está voltando a estudar abuso de drogas, especificamente o crack, mas os grandes focos da sua pesquisa são o déficit de atenção e a hiperatividade.
Segundo Tatiana, é importante reconhecer que, para se compreender essas doenças, não se pode falar em uma causa única. “Os fatores genéticos são muito importantes, mas não são determinantes. Os fatores ambientais também têm grande influência”. A pesquisadora afirma que, no caso das doenças psiquiátricas, os genes envolvidos não apresentam nenhuma modificação grosseira, apenas alterações sutis dentro da variabilidade., que predispões aquela doença, mas não a determinam.
Tatiana diz que uma das aplicações de sua pesquisa seria a Farmacogenética, no sentido de usar fármacos específicos de acordo com o perfil genético do paciente.
Ciências Biomédicas
Maria Martha Campos, de 37 anos, possui graduação em Odontologia, mestrado e doutorado em Farmacologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Também Membro Afiliado da ABC, ela atua como Professora Adjunta da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e, atualmente, dedica-se a pesquisar dor, inflamação e doenças inflamatórias associadas à dor.
Em sua apresentação, Maria Martha mostrou dados de um novo inibidor que pode contribuir em relação a algumas condições inflamatórias e dolorosas, como aquelas que envolvem coceira, um sintoma de várias doenças que não tem tratamento, como dermatite de contato. “Esperamos que esse inibidor possa chegar à clínica e que seja utilizado para essas doenças”, comentou a farmacologista.
De acordo com Maria Martha, essa substância inibe uma enzima em particular e, até este momento, não foram observados eventos tóxicos para ela. “Este inibidor vem mostrando resultados bastante favoráveis até agora”.