O cientista Carlos Nobre, o primeiro a simular o colapso da Amazônia a partir de uma combinação de desmatamento com mudança climática, diz que não faz sentido abrir novas explorações de petróleo se a meta é cortar emissões. O raciocínio, afirma o pesquisador da USP e copresidente do Painel Científico para a Amazônia em entrevista ao GLOBO em Belém, vale também para explorações na Foz do Amazonas, algo que vem sendo defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O senhor está otimista com o possível resultado da cúpula?
Me digo otimista porque estamos num momento crítico para Amazônia, mas neste mesmo momento ocorre a reunião mais importante que já houve na História dos países amazônicos. Nunca houve tanta representatividade de comunidades indígenas e povos locais. Os países amazônicos têm de sair daqui com um mega-acordo para zerar o desmatamento, a degradação florestal e atacar o crime, que explodiu em toda Amazônia. Meu otimismo é de que não terá muito discursozinho político. Sairá algum acordo de todos os países Amazônicos para zerar o desmatamento e a degradação antes de 2030.
O senhor sempre defendeu a bioeconomia também como caminho para isso. Nesse ponto haverá avanço?
Nessa questão, não há uma concordância de todos os países, mas acho que haverá um caminho. Tenho certeza de que uma das mensagens desta cúpula será: “Países desenvolvidos, nos ajudem.” Eles precisam colocar dezenas de bilhões aqui, para não dizer mais de uma centena de bilhão de dólares, para desenvolver essa nova economia.
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