A presidente da ABC. Helena Nader, leu a Carta de Manaus durante o encontro

Entre os dias 4 e 6 de agosto foram realizados em Belém (PA), os Diálogos Amazônicos. O evento reuniu, um conjunto de iniciativas da sociedade civil organizada com o objetivo de pautar a formulação de novas estratégias para a região. Envolvem, desde a sua organização, representantes de entidades, movimentos sociais, academia, centros de pesquisa e agências governamentais, do Brasil e demais países amazônicos.

O evento integra a programação da Cúpula da Amazônia e seus resultados serão apresentados por representantes da sociedade civil aos líderes reunidos na Cúpula. As atividades serão divididas entre plenárias e atividades auto-organizadas por entidades da sociedade civil, academia, centros de pesquisa e agências governamentais.

Durante o evento, a presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Helena Bonciani Nader, leu a íntegra da Carta de Manaus, documento elaborado na última semana pelas entidades científicas que compõe a Rede InterAmericana de Academias de Ciências (Ianas). A carta, que foi entregue à ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, defende o estancamento imediato da destruição florestal; a criação e fortalecimento de instituições de pesquisa amazônicas que formem cientistas locais; e a transição econômica da região para atividades sustentáveis que mantenham o bioma em pé.

A ministra defendeu a criação de uma estratégia científica para o bioma e disse que o MCTI está estudando a criação de um “IPCC para a Amazônia”. “Será um painel que reunirá informações científicas climáticas e também da biodiversidade para gerar relatórios que auxiliem na tomada de decisões políticas e, sobretudo, na mitigação de ações deletérias ao clima e à biodiversidade amazônica”, disse.

Os Acadêmicos Carlos Nobre, Márcia Barbosa e Adalberto Val falaram durante sessão do MCTI no Diálogos pela Amazônia

O que será a Cúpula da Amazônia

A convite do Presidente da República, terá lugar em Belém do Pará, nos dias 8 e 9 de agosto corrente, a Cúpula da Amazônia – IV Reunião dos Presidentes dos Estados Partes no Tratado de Cooperação Amazônica, com a participação dos oito países signatários do instrumento (Brasil, Bolívia, Colômbia, Guiana, Equador, Peru, Suriname e Venezuela), ademais de representantes de países convidados e de organismos internacionais, incluindo a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).

Também será realizado encontro de ministros e ministras de Relações Exteriores e de Meio Ambiente dos países amazônicos e de países convidados, além de representantes de organismos internacionais, no dia 7 de agosto, como evento preparatório da reunião presidencial.

Um dos objetivos da Cúpula da Amazônia é fortalecer a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), organização internacional sediada em Brasília, para que tenha condição de apoiar os países da região na realização das iniciativas e dos projetos necessários ao desenvolvimento sustentável da região.

No final da reunião do dia 8, os países amazônicos devem adotar a Declaração de Belém, que estabelece uma nova agenda comum de cooperação regional em favor do desenvolvimento sustentável da Amazônia.

No dia 9, os presidentes mantêm encontro com mandatários e representantes de países em desenvolvimento com florestas tropicais de outras regiões do mundo (República Democrática do Congo, República do Congo, Indonésia, além de São Vicente e Granadinas, atual presidente de turno da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Na ocasião, serão exploradas convergências, de forma a iniciar um processo de construção de posições coordenadas, a serem levadas às negociações multilaterais em temáticas ambientais, a começar pela COP-28 do Clima e pela COP-16 de Biodiversidade.

Foram igualmente convidados para a reunião ampliada do dia 9 representantes de Alemanha, Noruega e França, que tradicionalmente apoiam projetos e iniciativas na Amazônia, assim como de organismos multilaterais e entidades financeiras internacionais, com o objetivo de buscar novas parcerias nesta nova etapa da cooperação amazônica.