Em comemoração ao dia 8 de março, dia internacional que representa a luta das mulheres por seus direitos, a Faperj anuncia o lançamento de chamada exclusiva para jovens cientistas mulheres.
Poderão concorrer nesta chamada pesquisadoras com menos de 12 (doze) anos de doutoramento, que mantenham vínculo empregatício ou funcional em Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) sediadas no Estado do Rio de Janeiro. As candidatas deverão fazer parte do corpo permanente ou serem colaboradoras de um Programa de Pós-Graduação aprovado pela Capes (com notas 4, 5, 6 ou 7) e estarem orientando ou coorientando uma dissertação de mestrado ou tese de doutorado em andamento, devendo ter também pelo menos uma orientação de iniciação científica.

Em adesão às recentes iniciativas de movimentos nacionais e internacionais de apoio a políticas de maternidade na ciência, a Faperj, desde março de 2018, passou a conceder licença-maternidade às pesquisadoras contempladas em todas as modalidades de bolsas concedidas pela Fundação, alinhando-se à recomendação de outras agências brasileiras de fomento à Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I).

Outra ação da Fundação foi a inclusão, nos editais lançados, da extensão do período de avaliação da produtividade científica no caso de nascimento ou adoção de crianças nos cinco anos anteriores à submissão. A partir deste novo edital, novas políticas de apoio à maternidade estão sendo adotadas.

Nas propostas apresentadas por pesquisadoras que se tornaram mães nos últimos dez anos, a Faperj ampliará em dois anos o período considerado na avaliação da produtividade, passando de cinco para sete anos. Além disso, o tempo do limite de doutoramento para cientistas mães também sofrerá um acréscimo de dois anos.

A diretora científica da Fundação, a Acadêmica Eliete Bouskela, primeira mulher a ocupar este cargo, é uma das apoiadoras e idealizadoras da proposta. A medida visa compensar a esperada queda de produtividade decorrente do afastamento legal pela licença-maternidade das atividades de pesquisa em institutos e universidades fluminenses. “Não bastam homenagens que sempre acontecem na data de hoje, as mulheres precisam de ações concretas em todas as esferas da sociedade e, principalmente, dentro da academia, a fim de minimizar as desigualdades de gênero que enfrentamos diariamente”, afirmou Bouskela.

Segundo Leticia de Oliveira, presidente da Comissão de Equidade, Diversidade e Inclusão, recém-criada pela Faperj, um fenômeno conhecido, chamado efeito tesoura, mostra que o percentual de mulheres vai diminuindo de maneira desproporcional com o avanço da carreira em relação aos homens. “Precisamos de políticas de apoio voltadas para cientistas mulheres para evitar que percamos talentos e para aumentar a proporção de mulheres em espaços de visibilidade e decisão, aumentando a diversidade na ciência”.

Dois editais lançados recentemente pela Faperj também foram oriundos de esforços para minimizar os efeitos das desigualdades que também atingem a produção em CT&I. Em setembro de 2021 foi lançado o edital de apoio ao Jovem Pesquisador Fluminense (JPF) com vínculo e sem vínculo. Com recursos de mais de R$ 40 milhões esse edital tem o objetivo de incentivar jovens pesquisadores já contratados e de atrair novos pesquisadores ainda sem vínculo institucional para as instituições de pesquisa do estado do Rio de Janeiro. Nesse edital, das 104 propostas contempladas, 50 foram outorgadas a pesquisadoras mulheres.

Em fevereiro de 2023, a Fundação lançou, em conjunto com o Instituto Serrapilheira, uma chamada conjunta na área de Ecologia destinada ao apoio a jovens cientistas negros e indígenas sem vínculo empregatício com Instituições de Ciência e Tecnologia. O edital prevê um total de R$ 10,2 milhões entre pagamento de bolsas e investimento nas pesquisas, promovendo também a mobilidade de cientistas e a diversidade na ciência. O conteúdo da chamada está disponível para consulta nos sites das duas instituições. As inscrições ainda estão abertas e podem ser feitas no site do Serrapilheira até 24 de abril.

Segundo o presidente da Faperj, Jerson Lima Silva, essas ações são cruciais para a mitigação da desigualdade e para o desenvolvimento científico e tecnológico do estado. “Como toda instituição brasileira, a Faperj também está submetida à Constituição de 1988, de forma que a extensão universal da cidadania e da dignidade humana também deve ser garantida nas estruturas mantidas pelo Estado que se destinam a fomentar e a apoiar a produção do conhecimento científico. Por isso é dever da Fundação promover ações que se destinem à correção das desigualdades que atingem e tornam mais árduos os percursos das pesquisadoras que coordenam ou de algum modo tomam parte dos projetos de pesquisa científicos e tecnológicos no Estado do Rio de Janeiro, e isso desde o começo, na pré-iniciação científica, até os mais avançados projetos nas fronteiras do conhecimento.”

Nessa nova chamada a ser lançada exclusiva para Jovens Cientistas Mulheres serão contemplados, ao menos 15 propostas, cinco para cada um dos colégios estabelecidos pela Capes: (1) Ciências da Vida, (2) Humanidades e (3) Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar. Cada proposta poderá receber auxílio de até 700 mil reais (incluindo bolsas de Iniciação Científica). Cientistas contempladas nos editais Jovens Cientistas do Nosso Estado e Cientistas do Nosso Estado poderão concorrer. Entretanto, as pesquisadoras contempladas no edital Jovem Pesquisador Fluminense não poderão. O edital completo será lançado na segunda semana de abril.