Helena Nader | Foto: Mariana Guerra/Ascom do MCTI

As mulheres sempre estiveram presentes na história da ciência e tiveram contribuições importantes em diferentes áreas de atuação, especialmente na área de humanas e saúde. Este ano, ocorreu um fato histórico para as mulheres pesquisadoras, a cientista Helena Nader, foi eleita presidente da Acadêmia Brasileira de Ciências (ABC).

Em 105 anos de existência da instituição, ela se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo, dando um passo importante para impulsionar a representatividade feminina na área. Helena Bonciani Nader, nasceu em 5 de novembro de 1947, em São Paulo, e teve a primeira experiência com a ciência nos laboratórios de uma escola nos Estados Unidos, onde cursou o ensino médio.

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No início deste ano, pela primeira vez, a ABC elegeu mais cientistas mulheres do que homens para o quadro titular de acadêmicos. Você acredita que a ciência está se tornando mais inclusiva?

A ciência está mais inclusiva em termos. Não incluiu negros de forma efetiva, não incluiu indígenas, talvez esteja inclusiva para mulheres, mas não em todas as áreas. Acredito que o Brasil tem um longo caminho a percorrer para realmente se tornar uma sociedade inclusiva e, consequentemente, uma ciência inclusiva. O que podemos fazer para combater a desigualdade de gênero, começa antes da ciência: com respeito à mulher. A igualdade de gênero passa por aceitar todos os gêneros. Não aceito que a sociedade brasileira coloque estigmas e rótulos. Para combater a desigualdade de gênero na ciência, portanto, é preciso colocar mais mulheres em postos de chefia e empoderando.Eu vejo como extremamente importante, eu diria, quase tão importante quanto o empoderamento das mulheres, é mudar a educação dos homens. Enquanto as famílias educarem os meninos para serem servidos, nós nunca alcancemos igualdade de gênero.

Eu vejo necessidade urgente de mostrar que somos complementares e que juntos criaremos uma sociedade digna de ser chamada de inclusiva. Enquanto só a mulher é quem tem que cuidar dos filhos e ainda trabalhar isso não vai acontecer. E mais mulheres na academia é consequência de maior inclusão.

As mulheres negras representam apenas 7% do número de pesquisadoras no Brasil. Na sua opinião, o que precisa mudar para haver mais diversidade nessa área?

Pessoas negras representam muito pouco do percentual de docentes e pesquisadores do Brasil. Isso é o reflexo dessa sociedade não inclusiva que nós temos e que passou ao largo durante muitas décadas como um país não discriminatório. E como é que revertemos isso? Com ações afirmativas cada vez mais presentes. Isso começou, na verdade, no século XVIII. No Brasil, já se tinha que a inteligência estava relacionada à cor da pele. Isso ainda persiste e ficou no subconsciente e no consciente coletivo. Então, temos que mostrar para as crianças que elas podem ser o que elas quiserem, independentemente da cor de pele. Nós temos que ter diversidade, ela é fundamental para termos um equilíbrio dos pensamentos.

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