No dia 8 de março, foi realizada reunião do comitê executivo da IAP-Policy (IAP-P), braço da Parceria InterAcademias (IAP) que mobiliza cientistas e engenheiros das Academias de Ciências do mundo para oferecer assessoramento científico de alto nível para organizações internacionais e governos em temas globais críticos. Membro-fundador da IAP, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) participa do comitê executivo da IAP-Policy desde a fundação da organização.
Na reunião, um dos temas centrais foi o lançamento do relatório do projeto “Combatendo Conferências e Revistas Acadêmicas Predatórias”. Este documento é fruto de uma pesquisa internacional, realizada ao longo de 2021, que mediu a extensão e o impacto que práticas acadêmicas predatórias têm em diferentes regiões, disciplinas e estágios da carreira científica. O estudo realizado busca identificar intervenções viáveis e efetivas para conter esse problema, visto que práticas predatórias estão num crescente ao redor do mundo. Dentre as práticas apontadas inclui-se o pagamento para publicação em revistas sem revisão por pares, conselhos editoriais falsos, fatores de impacto fraudulentos e eventos com nomes propositalmente similares a conferências legítimas, como forma de atrair inscrições pagas. A IAP estimula que as Academias de Ciências nacionais divulguem o lançamento do relatório, e busquem organizar discussões a respeito do tema em seus respectivos países.
O encontro também discutiu as atividades da IAP realizadas nos últimos três meses e a organização da próxima assembleia geral da organização, que acontecerá nos EUA, em novembro de 2022. A assembleia será especial, pois formalizará a fusão dos três diferentes braços da IAP (IAP-Policy, IAP-Health e o IAP-Science) em uma única organização. No presente, a ABC é representada na IAP-Policy por seu presidente, Luiz Davidovich, e na IAP-Health por sua vice-presidente, Helena B. Nader. Por ter sido membro do comitê executivo da IAP-Science nos dois últimos mandatos, a ABC atualmente cumpre um período de carência fora da direção da organização, visto que não é possível exercer três mandatos consecutivos.
Por fim, o comitê executivo deu atenção à atual situação de conflito na Ucrânia. Foi destacado que a IAP desenvolve um programa de apoio a cientistas refugiados e deslocados por situação de guerra ou perseguição de qualquer ordem. A iniciativa busca mapear organizações que possam ajudar cientistas em situação de necessidade de exílio, oferecendo a eles posições de trabalho em outros países e instituições onde possam dar sequência às suas pesquisas. Por trás do programa está o objetivo último de estimular a volta desses cientistas a seus países, quando as condições assim permitirem, de forma a apoiar o processo de reconstrução nacional e de reestabelecimento da comunidade científica após o conflito.
A ABC foi representada na reunião do comitê executivo da IAP-Policy por seu secretário-executivo de relações internacionais, Marcos Cortesão. Por conflito de agenda, o presidente da Academia, Luiz Davidovich, não pode estar presente.