Confira trechos da matéria publicada no jornal Valor Econômico nesta quarta-feira, 28/4, abordando o uso do soro equino anti-COVID. O texto do repórter Gabriel Vasconcelos faz parte da repercussão do Webinário 35 da ABC, “Soro hiperimune, plasma convalescente e imunoterapia para a Covid-19“, que ocorreu na tarde de ontem, 27/4. A gravação completa do Webinário está disponível aqui.

Em meio à escassez de vacinas contra a covid-19, cientistas reunidos em seminário on-line da Academia Brasileira de Ciências (ABC), ontem, defenderam que o país acelere a aprovação e invista em tratamentos com soro de cavalos e plasma sanguíneo de convalescentes ou vacinados.

Denominadas “passivas” por envolverem transferência direta de anticorpos aos pacientes, as duas técnicas gozam de produtos desenvolvidos pelos principais laboratórios públicos do país, o Instituto Butantan e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que atua com a Universidade Federal do Rio de Janeiro e o Instituto Vital Brazil. O plasma de humanos convalescentes já foi autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas o soro equino ainda aguarda aprovação.

Há soros desse tipo com uso liberado nos EUA e na Argentina, onde reduziram o número de óbitos à quase metade na comparação com pacientes em que não foram administrados. Estudos realizados nos dois países apontam que ambos os métodos reduzem mortes por COVID-19 de forma significativa, assim como complicações. Sobretudo no caso do material humano,o êxito é maior se a aplicação acontecer até 72 horas após o início dos sintomas e houver grande quantidade de anticorpos previamente aferida.

Presente, o diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que o instituto paulista já tem mais de 4 mil frascos do seu soro equino, todos fabricados no fim do ano passado. Só agora, no entanto, poderá começar os testes em pacientes do Hospital das Clínicas e do Hospital do Rim devido aos trâmites regulatórios. “Esperamos pedir o uso emergencial o mais breve à Anvisa. Mas se [o método] já tem validação pelo FDA (EUA), por que não autorizar aqui?”, reclama. Ele afirma que esse é o 13º soro equino desenvolvido pelo Butantan sob o mesmo princípio dos demais, que foram apenas incorporados pela Anvisa, por serem anteriores à sua criação.

(…)

No caso do plasma de pacientes convalescentes, Covas afirma que o Butantan já realiza aplicações na rede SUS de Araraquara e Santos, mas que há uso regular na rede privada. Presente no debate, o bioquímico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Fábio Klamt, que comanda iniciativa análoga, afirma que houve ceticismo ao método com plasma na comunidade científica devido a resultados ruins em pacientes graves. Mas estudos recentes, diz ele, comprovaram eficácia no uso precoce, com redução de 60% da mortalidade quando o tratamento é iniciado 48 horas após sintomas.

Leia a matéria completa no site da Valor Econômico.