Um dos segredos do sucesso da pós-graduação brasileira é o processo de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), introduzido no Brasil há mais de 40 anos. Para continuar garantindo essa excelência, a Capes solicitou contribuições de várias instituições, dentre as quais a ABC, com sugestões para aprimorar o processo de avaliação dos Programas de pós-graduação do País.
O relatório foi elaborado por uma comissão composta pelos Acadêmicos Adalberto Ramón Vieyra, João Fernando Gomes de Oliveira, Jorge Almeida Guimarães, Luiz Bevilacqua e Sandoval Carneiro Junior. A coordenação ficou a cargo da Acadêmica Débora Foguel.
No documento, a ABC ressalta que a avaliação dos cursos de pós-graduação da Capes garantiu progressos extraordinários da nossa ciência, na qualificação de recursos humanos e na capacitação de 38 mil grupos de pesquisa Brasil afora. Casos específicos de avanços tecnológicos alcançados pelo país e reconhecidos internacionalmente também são fruto desse progresso científico e da formação de quadros qualificados na pós-graduação.
O texto cita as áreas nas quais o Brasil se tornou líder mundial em geração de conhecimento: medicina tropical, odontologia, parasitologia, agricultura, energia, biocombustíveis e a pesquisa sobre o vírus da Zika e microcefalia. Destaca, ainda, setores tecnológicos que avançaram imensamente neste período, como a exploração de petróleo em águas profundas, agricultura tropical, indústria de papel e celulose, produção de aeronaves, plataformas offshore, indústria mecânica e metalúrgica, biocombustíveis e automação bancária.
O documento elaborado pela ABC destaca que o resultado desse desenvolvimento levou o país a ocupar a 8ª posição no ranking de maior Produto Interno Bruto (PIB), segundo dados do Banco Mundial de 2015, e a segunda posição no ranking de maior PIB per capita (US$ 15,359) entre as nações mais populosas. “Certamente essas conquistas encontram suas origens no desenvolvimento científico e tecnológico logrado pelo país nas últimas décadas, em especial pela qualificação de quadros e pela existência de infraestrutura para pesquisa e desenvolvimento”, diz o documento da ABC.
“Não nos furtaríamos a afirmar que o Brasil dispões do melhor sistema de avaliação da pós-graduação do planeta! Mas, certamente, qualquer processo avaliativo deve ser vivo, já que certos indicadores perdem valor e outros ganham importância, em especial na ciência”, afirmam os autores do documento. Assim, a ABC deixa clara a importância de que o processo avaliativo da Capes seja revisto e revisado, buscando-se sempre novas estratégias e indicadores que desafiem o sistema.
As sugestões feitas pelo grupo responsável pelo documento envolvem as seguintes questões: necessidade de corrigir as distorções no Qualis entre as áreas; uma melhor reflexão sobre fator de impacto x QUALIS; inserção de novos indicadores que mensurem a qualidade da produção dos programas; criação de uma nova dimensão no processo de avaliação (Grupos Vocacionais); fortalecimento do trinômio internacionalização/nucleação/solidariedade; e, por fim, uma maior ênfase nos percursos formativos dos estudantes de pós-graduação. Confira aqui a íntegra do relatório.