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Excelência acadêmica, inclusão e diversidade, avaliação e rankings

A edição do mês de outubro do Fórum Permanente da Educação Superior, organizado em parceria ABC-SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência),  abordará o tema “Excelência acadêmica, inclusão e diversidade, avaliação e rankings”

O evento será realizado no dia 29 de outubro, 3a feira, às 16h, e transmitido pelo YouTube da ABC. A série de eventos é coordenada pelo Grupo de Trabalho de Educação Superior da ABC.

As palestrantes convidadas são as professoras e pesquisadoras Rosana Heringer (UFRJ) e Sabine Righetti (Unicamp). 

Rosana Rodrigues Heringer é doutora em sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). Atua como professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação e dos cursos de graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FE/UFRJ), onde coordena o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Educação Superior (Lepes). Atua como conselheira da Cepia Cidadania, Estudo, Pesquisa, Informação e Ação, assim como na  Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação (Clade-Brasil) e no Criar-Brasil. Desenvolve pesquisas sobre relações raciais, discriminação racial, desigualdades raciais, políticas de ação afirmativa, desigualdades no acesso e permanência na educação superior, desigualdades de gênero e direitos humanos.

Sabine Righetti é pesquisadora e professora na Especialização em Jornalismo Científico do Laboratório de Jornalismo Científico (Labjor) da Universidade de Campinas (Unicamp), onde também atua no Programa de Mestrado em Divulgação Científica e Cultural. Coordena o Programa Mídia Ciência (Fapesp) e é cofundadora da Agência Bori. Tem mestrado e doutorado em política científica e tecnológica pela Unicamp. Trabalha com comunicação social da ciência, jornalismo científico, percepção pública da ciência e da tecnologia, avaliação e indicadores de ciência e de ensino superior. Recebeu o Prêmio José Reis de Divulgação Científica, na categoria Jornalismo de Ciência, em 2023.

ABC e Academia Chinesa de Ciências celebram os 50 anos de relações Brasil-China

No dia 22 de outubro, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) sediou uma cerimônia em comemoração aos 50 anos de estabelecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a China. O evento reafirmou os laços de amizade e cooperação científica e tecnológica entre os dois países e se insere no contexto da colaboração bilateral entre a ABC e a Academia Chinesa de Ciências (CAS), que desde 2018 mantêm um Memorando de Entendimento visando promover atividades em áreas de interesse comum.

“Nossos países têm colaborações de longa data em diferentes áreas, seja no lançamento de satélites, na agricultura, no combate às mudanças climáticas ou na saúde. Essas parcerias influenciam no impacto dos trabalhos e nas citações, e precisam ser fortalecidas”, afirmou a presidente da ABC, Helena Nader, ao abrir a cerimônia.

Na mesma linha, o vice-presidente da CAS, He Hongping, agradeceu a todos que se dedicam à diplomacia científica. Ele recordou que a ABC foi a primeira instituição latino-americana a estabelecer um mecanismo de cooperação bilateral com a CAS e é um parceiro fundamental. “A colaboração com a comunidade científica brasileira leva a uma maior eficiência de pesquisa e ao progresso da ciência nos dois países”, afirmou.

A abertura também contou com falas de Marcos Galvão, embaixador do Brasil em Pequim; Zhu Qingqiao, embaixador da China em Brasília; Carlos Aragão, diretor da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep); Carlos Morel, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); Yungui Yang, diretor do Centro Nacional de Informação em Biociências da China (CNCB); Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); e Luis Fernandes, ministro em exercício do MCTI.

A mesa de abertura. Da esquerda para a direita: Carlos Aragão (Finep), Luis Fernandes (MCTI), Helena Nader (ABC), Carlos Morel (Fiocruz), Yungui Yang (CNCB / CAS)

Centro Nacional de Informação em Biociências da China: uma janela para cooperação

Yungui Yang, diretor do Centro Nacional de Informação em Biociências da China

Em seguida, o espaço foi aberto para o professor Yungui Yang, do CNCB, instituição de pesquisa ligada à Academia Chinesa, cujas origens remontam ao Instituto Genômico de Pequim que, em 2001, foi o responsável por 1% do gigantesco Projeto Genoma Humano. Desde então, o centro passou a englobar diferentes laboratórios, bancos de dados e ferramentas de análise. “O CNCB deve servir não apenas como plataforma de armazenamento e gerenciamento de dados, mas como uma instituição de pesquisa e tecnologia de fronteira e uma janela para a colaboração internacional”, afirmou o diretor.

Hoje, o site do CNCB hospeda 108 bases de dados biológicas que são utilizadas para pesquisas de ponta em todo o mundo. O sistema é reconhecido pelas principais editoras científicas do planeta e recentemente passou a integrar o Global Core Biodata Resouces, uma iniciativa internacional de compilação de bancos de dados biológicos. Outro avanço foi sua integração com bases de dados internacionais especializadas, como aquelas específicas para doenças como a covid-19 ou o câncer.

Dessa forma, o CNCB incorpora em sua missão o provimento de serviços para a população, trabalhando em parceria com hospitais para que médicos consigam prestar um atendimento personalizado aos seus pacientes. Durante a pandemia, o centro cooperou com o Brasil no contexto dos BRICS, participando de pesquisas de monitoramento genômico nos países do bloco. Também recentemente, o CNCB estabeleceu parceria direta com instituições brasileiras, entre elas a Fiocruz e o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC).

A instituição foi uma das fundadoras da iniciativa Biodiversity and Health Big Data Alliance (BHBD), que conta com 35 institutos em 17 países, entre eles o Brasil. O objetivo é promover um serviço global de compartilhamento de informações biológicas. A iniciativa conta com o apoio da Aliança de Organizações Científicas Internacionais (Anso), da qual a ABC é uma das academias membro e fundadora, sendo Helena Nader uma de suas vice-presidentes.

Dentre as instituições brasileiras envolvidas na BHBD está o Laboratório Nacional de Comunicação Científica (LNCC), representado no evento pela Acadêmica Ana Tereza de Vasconcelos. Ela contou mais sobre as colaborações entre o laboratório e o CNCB, que aconteceram no contexto do projeto de sequenciamento genômico do arroz e depois na iniciativa para monitorar a covid-19 nos BRICS. “É uma colaboração que começa em 2019 e será continuada com a assinatura de um novo memorando nos próximos dias”, relatou.

Representando a Fiocruz, o Acadêmico Carlos Morel, relatou como veio a interagir com Yungui Yang e fez um histórico de sua cooperação com o CNCB e suas instituições predecessoras. Para Morel, a consolidação do centro na China oferece uma chance valiosa para fortalecer a cooperação sino-brasileira, sobretudo nas ciências biológicas. “É o tipo de oportunidade que não surge todo dia”, sumarizou.

O Instituto de Resistência Antimicrobiana de São Paulo (Cepid – Aries) esteve representado por dois cientistas, o Acadêmico Arnaldo Colombo e o infectologista Carlos Kiffer. Colombo apresentou o tema central do instituto, os patógenos super-resistentes, que evoluíram para sobreviver aos antibióticos. “A resistência antimicrobiana foi escolhida pela Organização Mundial da Saúde como uma das 10 prioridades globais em saúde pública. Estima-se que até 2050 tenhamos mais mortes causadas por patógenos super-resistentes do que por câncer”, alertou.

Kiffer, por sua vez, explicou que o objetivo principal do Aries na atualidade é criar uma base de dados integrada, unindo repositórios públicos a repositórios privados ou de projetos de pesquisa específicos. “Temos no Brasil um sistema de saúde que coleta muitos dados, mas o que não fazemos é transformá-los em informação. Criar um observatório para monitoramento da resistência antimicrobiana é algo que requer colaboração por definição, pois foge ao escopo de um só instituto”, explicou.

Por fim, o pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Claudio Struchiner, especialista na interface entre computação e saúde, resumiu o que acredita ser o principal ponto de convergência do evento. “O que mais ouvi aqui hoje foi sobre integração de dados. Precisamos trabalhar para que consigamos unir dados das fontes mais díspares possíveis em um só sistema. Acredito que devemos almejar ter uma ferramenta que nos ajude a fazer sentido desses dados, uma espécie de ChatGPT para a pesquisa biomédica”, sugeriu.

Assista à reunião:

Entidades científicas reagem diante da possibilidade de órgão de pesquisa do Rio passar a ser gerido por político do PL

Leia a matéria de Selma Schmidt para O Globo, publicada em 23/10:

Os rumores de que o presidente da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Jerson Lima Silva, será exonerado, para que o cargo seja ocupado por um político do PL, partido do governador Cláudio Castro, está mobilizando a comunidade científica. A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) divulgaram documento manifestando preocupação, encaminhado nesta quarta-feira ao governador.

Uma petição, defendendo a permanência de Jerson no cargo, iniciada pela Uerj, já tinha 11.763 assinaturas às 18h52 desta quarta-feira. A Academia Nacional de Medicina, reitores de universidades públicas do estado, a Federação de Sociedades de Biologia Experimental, a Sociedade Brasileira de Virologia e o Instituto Serrapilheira também se posicionaram.

Jerson Lima Silva atuou como diretor científico da Faperj entre 2003 e 2018 e, desde janeiro 2019, está na presidência da fundação. É medico formado pela UFRJ, doutor em Biofísica e pesquisador titular também da UFRJ.

(…)

No documento entregue ao governador, a ABC e a SBPC recordam que “boa parte do protagonismo do Estado do Rio de Janeiro na economia e sociedade brasileiras decorre da qualidade da ciência, tecnologia e inovação realizadas no Estado, que congrega uma plêiade de pesquisadores de nível internacional”. E dizem que esse protagonismo foi alcançado graças ao trabalho de Jerson. A carta é assinada pelos presidentes da ABC, Helena Bonciani Nader, e SBPC, Renato Janine Ribeiro.

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Na noite desta quarta-feira, representantes de órgãos de pesquisa, de universidades e políticos se reuniram no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), na Praia Vermelha, para discutir estratégias, a fim de evitar que a Faperj seja dirigida por um político. A reunião é acompanhada através da plataforma Zoom.

Leia a matéria na íntegra no site do jornal O Globo.

Entrevista: como o ser humano evoluiu em meio aos primatas?

Leia entrevista de Bela Lobato para a SuperInteressante, com o biólogo, geneticista e Acadêmico Fabrício Rodrigues dos Santos (UFMG), um dos autores do novo livro da ABC “A Evolução é Fato”, publicada em 15/10:

Você já deve ter ouvido falar que os humanos vieram dos macacos. É verdade: a teoria da evolução já foi provada de diversas formas, e vários fósseis de humanos nos ajudam a entender a árvore genealógica da origem da nossa espécie. 

Já existiram dezenas de espécies de primatas eretos, sem cauda, com cérebros grandes, e outras características que, hoje, são exclusivas nossas. Essas espécies não foram necessariamente antecessoras dos humanos: elas coexistiram por muito tempo nas savanas africanas. ]

Para explicar um pouco sobre como os humanos surgiram entre os primatas, conversamos com [oAcadêmico] Fabricio Santos, biólogo e geneticista, professor da Universidade Federal de Minas Gerais. Ele explica como as espécies da linhagem humana evoluíram, como interagiram entre si e até como começaram a beber leite nesse processo.

Ele é o autor de dois dos capítulos do livro A Evolução é Fato, que conta com a participação de 28 pesquisadores brasileiros. Você pode baixá-lo gratuitamente aqui

A obra aborda diferentes fases da evolução na Terra, de um jeito simples e fácil de ler. O livro levou três anos para ficar pronto, e foi feito pela Academia Brasileira de Ciência (ABC), que se manteve atualizada das descobertas científicas durante todo o processo. A entrevista a seguir faz parte de uma série de entrevistas que a Super está publicando com os autores dos textos. 

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Quais são as diferenças entre essas várias espécies que viveram desde a separação da linhagem dos chimpanzés?
 

Algumas delas eram contemporâneas e ocupavam basicamente a mesma região. Todos eram bípedes e eretos, em diferentes medidas. 

Por exemplo, 4 milhões de anos atrás, os australopitecinos tinham o dedão do pé deles mais parecido com as nossas mãos, os pés ainda tinham uma certa adaptação arborícola, para subir em árvores. Eles tinham uma característica meio intermediária, mas eles já eram eretos. Só andavam meio “esquisito”. 

Existiam espécies estritamente vegetarianas, com músculos mandibulares muito fortes para mastigar vegetais crus. Dá para ver as marcas da dieta dele nos dentes, os paleoantropólogos fazem essa análise, pra ver o que eles comiam. 

Todas as populações humanas passaram por um punhado de pressões seletivas diversas, né? Inclusive algumas populações se adaptaram a floresta de novo. 

Os pigmeus africanos são populações africanas adaptadas ao ambiente florestal: eles são pequenininhos, o que os faz muito mais ágeis na floresta. Porque gente alta na floresta não se dá bem para caçar. Inclusive, na Amazônia, a gente tem lá os indígenas de etnias das línguas macu, são todos baixinhos, um metro e vinte de altura. São adaptações convergentes para a caça e a vida na floresta, em continentes e épocas diferentes.

No capítulo, o senhor descreve também como a tolerância à lactose explica as pressões da seleção natural. Pode falar um pouco mais sobre isso?

Sim, a evolução da tolerância à lactose já é um capítulo extremamente recente da evolução humana. Já não existiam neandertais, estamos falando de 10, 12 mil anos atrás. Foi um momento em que a população humana começou a ter um salto numérico, porque a gente começou a ter agricultura, animais domesticados e urbanização. A gente deixou aquela vida de caçador-coletor. 

E justamente foi no momento de mudança climática. Antes de 12 mil anos, o clima não estava nada bom. E quando começou a chover mais, o clima ficou mais razoável no hemisfério norte, eles desenvolveram essas domesticação e seleção de plantas e animais. 

E foi daí que começaram a aparecer os núcleos urbanos, as primeiras escritas. E com a domesticação dos bovinos, principalmente com o leite, oferece uma fonte de proteína muito farta e acessível.

E no início, só crianças conseguiam consumir leite e lactose. Os chimpanzés não tem essa adaptação, e os caçadores-coletores também não deviam ter. Mas a partir do momento que alguns, por meio de mutações, conseguiam aproveitar o leite na fase adulta, eles foram selecionados. Eles desenvolveram a tolerância à lactose, e por isso tinham mais sucesso na sobrevivência e na reprodução.

E hoje, você vê nitidamente que as populações que têm maior frequência de tolerantes à lactose são populações que, nos últimos 10 mil anos, tiveram muito contato com gado de leite. Na África, na Europa… Mas isso aconteceu só os últimos minutos da evolução humana, são os últimos 10 mil anos da espécie humana, que tem 200 mil anos.

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Leia a entrevista na íntegra no site da Super

Entrevista: quando os primeiros humanos chegaram às Américas?

Leia entrevista de Bela Lobato com a Acadêmica Mara Hutz, uma das autoras do novo livro da ABC “Evolução é Fato”, para a revista SuperInteressante, publicada em 20/10:

Os Homo sapiens surgiram na África há cerca de 200 mil anos. Desde então, as comunidades humanas viveram a maior parte da sua existência de forma nômade, migrando de um lugar para o outro. Os primeiros dois terços da nossa história se passaram exclusivamente na África, e foi só há cerca de 60 mil anos que as populações começaram, lentamente, a migrar para outros continentes.

Saindo da África, os humanos seguiram se espalhando pelo norte, em direção à Ásia e à Europa. A migração para a Oceania se deu através das ilhas do sul da Ásia há cerca de 60 mil anos, e a América foi o último continente a ser ocupado.

A data exata da chegada às Américas, porém, é um tópico de debate acirrado entre os cientistas, já que existem teorias que disputam entre si. O consenso científico – ou seja, o que a maioria dos cientistas acredita – é que o povoamento veio da Sibéria para o Alasca, no norte da América do Norte, através de uma passagem chamada Estreito de Bering, há cerca de 14 mil anos. Seria algo relativamente recente, então.

Entretanto, existe outra versão que se baseia em evidências muito mais antigas do que essas, e argumenta que os humanos já viviam nas Américas há mais de 20 mil anos. Essa teoria é fundamentada por achados arqueológicos diversos, como adornos feitos de ossos de preguiça-gigante de 25 mil anos atrás encontrados no Mato Grosso.

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Todas essas informações são obtidas a partir de evidências de vários tipos: a arqueologia e a paleontologia podem estudar restos de humanos que morreram há muito tempo, de ferramentas que eles deixaram, restos de animais domesticados ou atacados por humanos, vestígios de construções, cemitérios etc. Tudo isso pode ser analisado geneticamente, anatomicamente e culturalmente, além de comparado entre si e com outros materiais
encontrados pelo mundo.

Com todas essas peças, os cientistas tentam montar um panorama histórico complexo, que vive sendo atualizado e rediscutido. Para entender um pouco mais sobre a história dos humanos nas Américas, a Super conversou com [a Acadêmica] Mara Hutz, doutora em genética e biologia molecular e professora da Universidad  Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Em parceria com o biólogo [e Acadêmico] Fabrício Rodrigues dos Santos, ela é autora de um dos capítulos do livro A Evolução é Fato, que conta com a participação de 28 pesquisadores brasileiros. Você pode baixá-lo gratuitamente aqui. A obra aborda diferentes fases da evolução na Terra, de um jeito simples e fácil de ler. O livro levou três anos para ficar pronto, e foi feito pela Academia Brasileira de Ciências (ABC), que se manteve atualizada das descobertas científicas durante todo o processo.

A professora enfatiza que o conhecimento sobre essa história das Américas pode ser um elemento para a defesa dos povos nativos. “Conhecer essa história evolutiva é muito importante para para reconhecer os direitos dos povos indígenas atuais, para a demarcação das terras indígenas e a preservação da cultura ameríndia”, diz. “Eu não vejo isso nas discussões sobre demarcação de terras indígenas, sobre a preservação da cultura indígena. Essa é uma posição pessoal minha: eu acho que isso tem que ser levado em consideração, porque indica a importância de preservar essa cultura que está praticamente em extinção. E a gente não deve deixar isso acontecer”, acrescenta Hutz.

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Leia a matéria na íntegra no site da SuperInteressante

 

Sobre a cota de importações para o CNPq dedicadas a CT&I

Leia a carta enviada pela ABC e SBPC ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, em 11 de outubro:

Rio de Janeiro e São Paulo, 11 de outubro de 2024.

Excelentíssimo Senhor Ministro RUI COSTA,

A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) vêm manifestar sua profunda preocupação com a significativa redução do valor da cota de importações destinadas à pesquisa científica, administrada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). No ano passado, a cota de importações foi de US$ 400 milhões, já insuficiente para atender às necessidades das áreas de ciência, tecnologia e inovação (C, T&I) do país. Este ano, o valor foi reduzido para US$ 240 milhões, quantia que se esgotou já em junho, sem que houvesse suplementação até o momento.

Essa situação está prejudicando diversos projetos de pesquisa em andamento, particularmente aqueles que exigem a importação de equipamentos, reagentes e até mesmo de animais de experimentação, fundamentais para a continuidade de pesquisas já aprovadas e em andamento no país. A ausência de cota para importação está impactando diretamente o progresso de pesquisas científicas em áreas estratégicas, como saúde, energia, agropecuária e meio ambiente, entre outras. Além da descontinuidade nos trabalhos em andamento, a falta de autorização para importação compromete a capacidade do país de responder de maneira ágil e eficaz a emergências de saúde pública, como na produção de vacinas, bem como no desenvolvimento de novas tecnologias de fertilizantes, para nossa agricultura, entre outros exemplos.

Assim, solicitamos que Vossa Excelência, em articulação com os Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Fazenda e do Planejamento e Orçamento adotem medidas urgentes para suplementar a cota de importações para a ciência, a fim de assegurar que os projetos financiados possam prosseguir sem interrupções. A ciência brasileira desempenha um papel fundamental no desenvolvimento social e econômico do país, e precisa ser tratada como prioridade, especialmente no atual contexto global.

Contamos com sua compreensão e apoio nesta questão que afeta diretamente a capacidade de inovação e a produção científica de nosso país.

Atenciosamente,

HELENA BONCIANI NADER
Presidente da ABC 

RENATO JANINE RIBEIRO
Presidente da SBPC


Acesse aqui o pdf da carta

Conferência Comemorativa de 50 anos de Relações Brasil-China


50º Aniversário das Relações Brasil-China
“Promovendo Ciência e Tecnologia para Desenvolvimento, Prosperidade e Paz”
Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro
22 de outubro de 2024

Em comemoração ao 50º Aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre o Brasil e a República Popular da China, na terça-feira (22/10) a Academia Brasileira de Ciências promoverá uma conferência com o Dr. Yungui Yang, diretor do Centro Nacional de Bioinformação da China. A conferência versará sobre o trabalho desenvolvido pelo Centro, que é vinculado à Academia Chinesa de Ciências, e discutirá potenciais oportunidades de cooperação científica e tecnológica em big data para as áreas biológica e médica.

O evento será realizado no auditório da sede da ABC, no Rio de Janeiro, no dia 22 de outubro a partir das 14h.

O evento é aberto ao público e será transmitido pelo canal da ABC no YouTube. Haverá tradução simultânea.

Para participação presencial, entrar em contato com vvieira@abc.org.br (RSVP).


14h00 | Cerimônia de Abertura

  • Helena B. Nader – Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC)
  • Lu Xiaofeng – Vice-Presidente para Cooperação Internacional da Academia Chinesa de Ciências (CAS) (remoto)
  • Marcos Galvão – Embaixador do Brasil em Pequim (remoto)
  • Zhu Qingqiao – Embaixador da República Popular da China em Brasília (remoto) 
  • Representante da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) do Brasil (NOME A CONFIRMAR)
  • Luciana Santos – Ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) do Brasil (remoto)
  • Luís Fernandes – Secretário-executivo do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) do Brasil

14h40 | Centro Nacional de Informação em Biociências da China: potencial de cooperação no campo de big data biológico e médico

  • Yungui Yang – Diretor do Centro Nacional de Informação em Biociências da China, Academia Chinesa de Ciências (CAS) – presencial

15h20 | Perspectivas de colaboração

  • Carlos Medicis Morel – Coordenador-geral, Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
  • Arnaldo Lopes Colombo / Dr. Carlos Kiffer – Coordenador-geral / pesquisador associado do Instituto de Resistência Antimicrobiana de São Paulo (CEPID Aries)
  • Ana Tereza Ribeiro de Vasconcelos – Coordenadora do Laboratório de Bioinformática do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC)
  • Claudio José Struchiner – Professor titular da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e professor associado do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

16h00 | Discussão Aberta

16h30 | Encerramento

 O evento será em inglês, com tradução simultânea e transmissão pelo canal do YouTube da ABC

 

Lançamento do novo livro da ABC sobre pesquisa e políticas públicas em educação


Baixe aqui o PDF do livro “A necessária aliança entre Ciência e Educação”


No dia 15 de outubro, Dia do Professor, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) lançou sua nova publicação, “A necessária aliança entre Ciência e Educação”, durante cerimônia em sua sede, no Rio de Janeiro. A presidente da ABC, Helena Bonciani Nader, qualificou o livro como “um diagnóstico que transcende o Brasil”, já que juntar a ciência à sala de aula é uma necessidade global.

O coordenador do grupo de trabalho responsável pelo livro foi o neurocientista e membro da ABC Roberto Lent, que apresentou os três tópicos principais. O primeiro é a educação científica no ensino básico, que deve ser multidisciplinar e em diálogo com as outras matérias escolares; o segundo é a divulgação científica como forma de popularizar não só os resultados da ciência, mas também seus métodos e forma de pensar.

O terceiro tópico, muito enfatizado e que dá nome ao livro, é a crescente divergência entre as pesquisas sobre educação e a prática em sala de aula. “Precisamos usar as evidências cientificas para entender como as crianças aprendem, quais suas dificuldades e quais as melhores políticas públicas. Só assim teremos chances de aumentar a eficácia das intervenções”, sumarizou Lent.

Outra especialista que colaborou com o projeto, a economista Claudia Costin, ex-diretora global de educação para o Banco Mundial, alertou para o fato de a filosofia de alfabetização predominante no Brasil já ter sido abandonado há décadas nos países desenvolvidos. “O pressuposto de que o aprender a ler e escrever é tão nativo à criança quanto o aprender a falar já caiu por terra. Tudo depende da condição que essa criança terá em casa de ter uma iniciação fonética às letras, o que aumenta a desigualdade. Parte da nossa tragédia na alfabetização se deve a isso”, afirmou.

Esse descompasso também se dá com outras soluções apontadas pelas pesquisas, que não chegam a ser implementados por falta de vontade política. “Pesquisadores brasileiros já mostraram que, em Pernambuco, a educação em tempo integral gerou impactos importantes não só no aprendizado, mas na renda adicional dos alunos e na diminuição de criminalidade. Já mostrou também que o professor precisa ser valorizado, dialogando entre a teoria e a prática e tendo formação continuada”.

Na mesma linha, o também economista Daniel Domingues dos Santos, professor da Universidade de São Paulo (USP) e outro autor do livro, enfatizou a necessidade da produção local e atual de pesquisa em educação. “Essa talvez seja a área onde é mais necessário essa aproximação, pois é extremamente dependente dos contextos locais e temporais. Não adianta importar do mundo, precisamos produzir e, para isso, precisamos ter massa crítica aqui no Brasil”.

Um desses contextos relevantes ao Brasil é o fato de que a educação massificada até os 14 anos, por aqui, só se completou no século 21. “O que é considerado papel da família e da escola varia de país para país, por isso precisamos produzir evidências que valham para a nossa cultura. Não fazê-lo leva a um progresso muito mais lento do que o necessário”, avaliou.

O físico Glaucius Oliva, vice-presidente da ABC para São Paulo, focou na divulgação científica como arma contra a desinformação. O professor, que também esteve envolvido no livro “Desafios e estratégias na luta contra a desinformação científica”, lançado pela ABC em junho deste ano, defendeu a criação de redes e canais profissionais de divulgação que disputem o espaço virtual contra os agentes da desinformação.

“A estrutura algorítmica das plataformas digitais cria um ecossistema lucrativo para a desinformação, apelando a preconceitos e emoções contra as evidencias e as próprias instituições cientificas, resultando numa erosão da confiança. Precisamos de agências profissionais e muita educação científica e midiática”, afirmou Oliva.

Já o físico Anderson Stevens Gomes, vice-presidente da ABC para Nordeste e Espírito Santo e secretário-geral da 5ª Conferência Nacional de CT&I, destacou que, em seu documento “A importância da Ciência como política de Estado para o desenvolvimento do Brasil”, de 2022, a ABC já defendia que o país precisaria passar por uma “revolução educacional”.

“São decisões políticas de valorizar e capacitar os professores; investir na infraestrutura educacional; integrar tecnologias como meio e não como fim; fomentar a iniciação científica, sobretudo projetos em diálogo com problemas reais; envolver as famílias; atualizar os currículos e focar na inclusão e na sustentabilidade”, delineou.

Assista ao lançamento na íntegra:

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