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Membro Correspondente Morris Pollard falece aos 95 anos

Faleceu, no dia 18 de junho, o Membro Correspondente da ABC Morris Pollard. O norte-americano de 95 anos era professor emérito de Ciências Biológicas e diretor do Laboratório Lobund da Universidade de Notre Dame, em Indiana, nos Estados Unidos.

Nascido em 1916, o patologista experimental graduou-se na Universidade do Estado de Ohio em 1938, concluiu o mestrado no Instituto Politécnico de Virginia em 1939 e o doutorado na Universidade de Berkeley, na Califórnia, em 1950. O Membro Correspondente pesquisou sobre doenças virais e descobriu o primeiro retrovírus em 1938. Pollard pesquisava sobre a leucemia aviária para o Departamento de Agricultura dos EUA quando começou a Segunda Guerra Mundial, em 1939.

Durante quatro anos, ele serviu ao US Army Veterinary Corps, que visa apoiar a estratégia militar nacional oferecendo ajuda médica veterinária. Lá, ele pesquisou e testou vacinas para doenças exóticas que atingiam soldados no Pacífico, como Tifo e Pneumonia Atípica Primária. A exposição a esse trabalho perigoso, que chegou a matar dois colegas de Pollard e deixou outros com deficiências permanentes, levou o cientista a receber a Medalha do Exército e as mais altas honras militares por heroísmo fora de combate.

Após a guerra, o cientista ingressou na Universidade do Texas, onde sua pesquisa pioneira o levou ao desenvolvimento do primeiro teste sorológico para a hepatite A. Em 1961, Pollard foi convidado para assumir o Laboratório Lobund, uma instalação para pesquisas biológicas da Universidade de Notre Dame que estava então em declínio. Como diretor do laboratório, ele fez com que a pesquisa e o ensino se desenvolvessem, supervisionando o mais longo programa de pesquisa médica da universidade por quase 50 anos e publicando mais de 300 artigos científicos.

Pollard estudou continuamente os vírus e o câncer, contribuindo com avanços à pesquisa sobre transplantes de medula óssea para tratar a leucemia, o que o levou a ser agraciado com o Prêmio Hope da American Cancer Society. O cientista havia afirmado, recentemente, que “não poderia se imaginar fazendo outra coisa”: “Eu acho que, se você estiver fazendo algo significativo e importante e de repente para, você sempre vai olhar para trás com arrependimento”.

Falece o Acadêmico Paschoal Senise

Morreu aos 93 anos, no dia 21 de julho, o Acadêmico Paschoal Ernesto Américo Senise (na foto ao lado). Senise era ex-diretor e um dos pioneiros do ensino e da pesquisa em química na USP, tendo sido conselheiro da FAPESP e vice-presidente da ABC. A missa de sétimo dia será celebrada na quarta-feira, dia 27/07, às 19h na Igreja Nossa Senhora Mãe do Salvador (Cruz Torta), situada na Av. Prof. Frederico Hermann Jr., n° 105, Alto de Pinheiros, em São Paulo. A Academia cumprimenta a família e lastima a grande perda.

Em sua homenagem, o Acadêmico Ivano Gebhardt Rolf Gutz escreveu um depoimento.

“É com pesar que comunicamos o falecimento do Professor Emérito Paschoal Senise, ocorrido no dia 21 de julho de 2011. Admirável como docente, cientista, Acadêmico, dirigente, formulador, conselheiro, gentleman e amigo, o Prof. Senise foi o protagonista da implantação do bem sucedido sistema de pós-graduação da Universidade de São Paulo, com profundos reflexos no sistema brasileiro. Ofertou à Educação todo o trabalho de sua longa vida, como bem registra o livro que lhe foi dedicado pela CAPES, “Paschoal Senise: uma Carreira Dedicada à Educação” [Colli, W. et al. (Eds.), Brasília, Paralelo 15, CAPES, 2001].

Nascido em agosto de 1917, Paschoal Ernesto Américo Senise ingressou na recém-criada Universidade de São Paulo em 1935, como aluno da 1ª turma do Curso de Química. Em 1939 foi admitido com Assistente Adjunto da FFCL, enquanto trabalhava em sua tese, orientada pelo Prof. Heinrich Rheinboldt e defendida em 1942. Foi o primeiro docente da instituição a concentrar-se na Química Analítica, sempre propagando a visão de que a pesquisa deve voltar-se para a elucidação de fenômenos básicos e gerar conhecimento amplo, para que dele decorram, de maneira lógica e natural, as aplicações analíticas. Contribuiu nas linhas de extração com solventes com destaque para sais de fosfônio, estudos de estabilidade de complexos, especialmente os de pseudo-haletos, desenvolvimento de spot tests e métodos quantitativos de análise. Cuidou da introdução de linhas de pesquisa em análise microquímica e química eletroanalítica depois do pós-doutorado com os Profs. Philip W. West e Paul Delahay nos EUA (1950-1952). Crescentemente requisitado em atividades de gestão acadêmica, gerou, assim mesmo, relevante produção científica, inclusive quatro dezenas de trabalhos científicos indexados. Entre seus dez discípulos, Eduardo F. A. Neves, Alcídio Abrão, Jaim Lichtig e Oswaldo E. S. Godinho foram os mais pródigos na formação de pós-graduados, que se espalharam pelo país e, em sua maioria, seguiram carreira universitária, de modo que sua descendência acadêmica já alcança a 5ª geração e é contada em centenas. Suas aulas magistrais, devotadas à compreensão dos equilíbrios químicos e demais princípios em que se fundamentam as técnicas e métodos analíticos, mesmo quando dirigidas à graduação, atraíam doutorandos e até docentes do quadro.

O Prof. Senise ascendeu na carreira até o cargo de Professor Catedrático (1965) e, como primeiro diretor do Instituto de Química da USP (1970-1974), acolheu e integrou com sucesso, nos novos departamentos de Química Fundamental e de Bioquímica, todos os pesquisadores dessas áreas, dispersos pelas unidades da universidade até a reforma universitária de 1970. Voltou a ocupar a direção entre 1978 e 1982, quando impulsionou a ampliação do quadro e da infra-estrutura. Sua atuação como presidente da Câmara Central de Pós-Graduação da USP por quase duas décadas (1969-1987) foi decisiva na implantação e estruturação da pós-graduação na USP e no seu florescente desenvolvimento. Senise compôs ou dirigiu conselhos de entidades como CAPES, FAPESP, CNPq, Conselho Federal de Química, Instituto Butantan, Academia Brasileira de Ciências e outras. Com inteligência, discrição, estilo e precisão peculiares, o Prof. Senise nos dá a conhecer a história que ajudou a moldar no livro “Reminiscências e Comentários sobre a Origem do Instituto de Química da USP” (2006, disponível no site do IQ-USP). De leitura obrigatória são, também, as suas reflexões e citações de outros eminentes cientistas sobre as diferenças entre “Química Analítica e Análise Química” (Química Nova, 1993, 16, 257).

Durante todo o último quarto de século, já como Professor Emérito da USP (1987) e, consecutivamente, Prof. Honorário do Instituto de Estudos Avançados da USP (1997) e Pesquisador Emérito do CNPq (2004), Paschoal Senise prosseguiu trabalhando do IQ-USP todas as manhãs e interagindo semanalmente com as novas gerações de mestrandos e doutorandos ao coordenar os Seminários Gerais em Química Analítica. Atendia com admirável, cordialidade, lucidez e dedicação todos quantos buscassem sua ajuda ou conselhos.

Membro da Academia Brasileira de Ciências e de várias associações científicas nacionais e internacionais, o Prof. Senise era Comendador da Ordem do Rio Branco (1976), recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (1994), as medalhas do Jubileu de Prata (SBPC, 1973) e Simão Mathias (SBQ, 1997), os prêmios Heinrich Rheinboldt (1969), Moinho Santista (1981) e Anísio Teixeira (MEC, 1991) e outras honrarias e homenagens.

Em suma, o Brasil foi servido durante 3/4 de século por um acadêmico que, com talento, estudo, ética, espírito universitário e amor ao trabalho, gerou ciência, deixou escola, educou gerações, administrou instituições, traçou e geriu políticas científicas. Sua memória certamente persistirá como paradigma para as gerações vindouros, exemplificas pela multi-talentosa pré-universitária Tábata C. A. de Pontes, vencedora de diversas olimpíadas científicas no país e que acaba de conquistar medalha para o Brasil na Olimpíada Internacional de Química. Tábata quis conhecer o Prof. Senise e ele a recebeu em 21 de junho passado. Ambos comentaram ter ficado impressionadíssimos nesta que foi a última longa entrevista.”

Acadêmico Otto Gottlieb falece aos 91 anos

O Acadêmico Otto Richard Gottlieb, reconhecido internacionalmente por suas contribuições à Química, faleceu na madrugada do dia 20 de junho. Ele foi responsável por desenvolver estudos sobre a estrutura química das plantas, que permite analisar o estado de preservação de vários ecossistemas brasileiros. Sua pesquisa o levou a ser indicado ao Prêmio Nobel de Química em 1999.

Nascido na Tchecoslováquia (atual República Tcheca) em 1920, Otto chegou ao Rio de Janeiro em 1939. Sendo sua mãe natural de Petrópolis, ele optou por obter a nacionalidade brasileira aos 21 anos. Graduou-se em Química Industrial em 1945 e, após atuar na indústria durante dez anos, decidiu seguir a carreira acadêmica.

Fascinado pela diversidade da composição química da flora brasileira, Otto foi pioneiro na introdução da fitoquímica e da química orgânica moderna. O cientista considerava que, no século XXI, a compreensão dos mecanismos da natureza teria grande importância para o futuro da vida no planeta e constituiria o desafio mais significativo para os cientistas que vivem nas últimas fronteiras biológicas. Ele estudou, entre outras espécies, as lauráceas e miristicáceas, além da canela, cujo estudo resultou em aplicações medicinais, fitoterápicas e culinárias da espécie.

Com mais de 700 trabalhos publicados, Otto implantou o laboratório de fitoquímica da Universidade de Brasília (UnB), criou o laboratório de Química de Produtos Naturais no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) e foi pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) no antigo Departamento de Fisiologia e Farmacodinâmica, onde atuou até se aposentar.

Entre os muitos prêmios e homenagens conquistados pelo cientista, estão a Condecoração de Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, concedida pela Presidência da República; o prêmio de C&T da Cidade do Rio de Janeiro, concedido pela Prefeitura; o Prêmio Scopus 2006, concedido pela Editora Elsevier e Capes/MEC, e a Medalha do Mérito do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

O sepultamento acontecerá nesta terça-feira (21 de junho), às 12h, no Cemitério Comunal Israelita do Caju, no Rio de Janeiro.

Falece o Acadêmico Juarez Brandão Lopes

Juarez Brandão Lopes nasceu em Poços de Caldas, Minas Gerais, em 1925. Começou cursando Engenharia, mas a trocou pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, onde se bacharelou em Ciências Sociais e Políticas, em 1950. Fez o mestrado e o doutorado na Universidade de Chicago, mas defendeu a tese na Universidade de São Paulo (USP), onde trabalhou toda a vida. Também foi docente da Faculdade de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas.

Sua carreira teve forte caráter interdisciplinar. Sempre dedicado à Sociologia Industrial e Urbana, mesmo depois de aposentado na USP, trabalhou, ainda, por doze anos, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde aposentou-se compulsoriamente em 1995. Atuou ainda como Professor visitante em várias instituições estrangeiras, como a Universidade do Texas, a Universidade de Amsterdam e a Universidade da Califórnia.

Foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), do qual foi diretor e presidente. Exerceu cargos administrativos na esfera do governo federal, tendo sido diretor do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), adjunto na Secretaria de Planejamento da Presidência da República (Seplan) e vice-presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (IPEA). Foi Assessor Especial do Ministério do Trabalho e coordenador geral do Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural, junto do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável, no atual Ministério de Desenvolvimento Agrário. Foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) e participou de comitês do Social Science Research Council, nos EUA.

Recebeu da Presidência da República do Brasil o título de comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, em 1996, e a Grã-Cruz, em 2001. No mesmo ano, lhe foi outorgada a comenda da Ordem do Rio Branco pelo Ministério das Relações Exteriores e a Medalha Capes 50 Anos, pelo Ministério da Educação.

O sociólogo Juarez Rubens Brandão Lopes morreu na madrugada de 9 de junho, aos 85 anos, por falência de órgãos. Ele deixou viúva, um filho e uma neta. A Diretoria da ABC lamenta essa grande perda e cumprimenta a família.

Falecimento de Acadêmico Aluízio Prata

Considerado a maior autoridade brasileira em Medicina Tropical, Aluízio Rosa Prata morreu na última sexta-feira, 13 de maio, aos 91 anos. Seu corpo foi velado na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), de onde partiu o féretro rumo ao Cemitério São João Batista, em Uberaba (MG).

Veja abaixo matéria publicada nas Notícias da ABC em 2008, contando sua história, à qual foram acrescentados dados recentes, publicados no Boletim da Faperj:

Aluízio Rosa Prata nasceu em 1º de junho de 1920, em Uberaba, Minas Gerais, numa família de fazendeiros, sendo o mais velho de seis irmãos. Criado na fazenda, aos oito anos foi encaminhado para o colégio interno – o Colégio Marista -, que tinha uma disciplina muito rígida. “Eu sofri muito, tinha que acordar cedo, tomar banho frio, antes eu vivia solto lá na fazenda”, conta Aluízio.

No início ele não era bom aluno, não gostava, não estudava. Mas com o tempo foi vendo que ia ter que ter uma profissão, mudar, ia ter que dar um rumo para a vida. Quando terminou o ginásio conversou muito com um parente do Rio de Janeiro, que lhe apresentou diversas opções, e lá se foi Aluízio, com 17 anos, para o Rio de Janeiro. “Tive um choque muito grande, a vida no Rio era muito diferente, tinha saudade de casa”, confessa o pesquisador.

Ele conta que de início, via os amigos do seu tio, profissionais bem sucedidos, alguns médicos, mas não achava que tivesse muita vocação pra Medicina, que pudesse ser igual a eles. E se preocupava em apresentar algum retorno, alguma justificativa para estar no Rio de Janeiro, pois seu pai não era muito rico, mas lhe mandava religiosamente uma mesada. “Meu pai dava muito apoio para tudo que a gente queria fazer, quando eu fui embora ele disse pra eu experimentar seis meses, e que voltasse se não desse certo.”

Fazia o Colégio Universitário, para entrar na universidade, ainda sem saber o que cursar. Com o tempo, porém, foi tomando gosto pelo estudo, e quando decidiu entrar para Medicina foi logo que pôde para o pronto socorro, para a parte prática. “Já estava disposto a estudar bastante, vi que eu era capaz.”

No Rio trabalhou em vários hospitais, já tinha gosto pelo estudo e pensava em se dedicar mais às doenças do Brasil, como a esquistossomose e a doença de Chagas. “Eu já estava formado, clinicava na Marinha, já tinha feito concurso, e pesquisava ao mesmo tempo. Conversava muito com pessoas que tinham voltado de Mato Grosso e achei que seria um lugar interessante para começar a vida. Fiz o concurso e fui para Ladário, em Corumbá.”

Aluízio estudava muito, assinava 15 revistas médicas internacionais, estava sempre se atualizando e foi se dedicando cada vez mais às doenças infecciosas. “Lá tinha muita sífilis e eu me dediquei bastante a isso. Mas fiquei lá só dois anos, era ruim demais. Um calor insuportável, os outros médicos muito competitivos com quem vinha do Rio, enfim, vi que lá não ia ter muita oportunidade”, concluiu o ousado pioneiro.

Conseguiu ser transferido de volta para o Rio de Janeiro, montou um consultório e clinicava em três hospitais. Conheceu então os irmãos José e Hélio Pellegrino, médicos mineiros como ele, que gostavam de fazer pesquisa, e se interessou pela área. “Achei que eu deveria sair do Rio e achar um lugar que tivesse mais condições de estudar o que me interessava. Estava entre amebíase, onde o forte era no Pará, e esquistossomose, forte na Bahia, que foi para onde eu decidi ir”, recorda Prata. E lá ele descobriu do que realmente gostava.

“Quando cheguei na Bahia, vi que o pessoal não gostava de trabalhar com esquistossomose porque tinha muito, eles gostavam de doenças raras. Então eu me envolvi e me tornei representante da Bahia em diversas reuniões nacionais sobre esquistossomose.” Ele mesmo fazia os exames de fezes, já tinha então 150 doentes e vários resultados. Foi representar a Bahia numa reunião em São Paulo, e lá se abriu um outro mundo para ele. “Eu conheci lá os melhores profissionais do Brasil que trabalhavam com esquistossomose, o único fraco era eu. E eu decidi que ia chegar lá também. Foram dois dias com eles lá e então eu vi que era isso que eu queria da minha vida”, contou Prata.

O médico trabalhou muitos anos na Bahia, outros tantos em Brasília, e depois voltou para Uberaba. Tornou-se professor catedrático de Doenças Tropicais e Infecciosas e fundou diversos centros de pesquisa e cursos de pós-graduação na área, em todos os estados em que trabalhou. Joje, é considerado o decano da Medicina Tropical no Brasil.

Realizações profissionais

Aluízio Rosa Prata foi catedrático e livre docente da Universidade Federal da Bahia (UFBA), titular da Universidade Nacional de Brasília (UnB), titular e doutor honoris causa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Nas três universidades, foi responsável pela criação de grandes escolas de tropicalistas no país.

Foi membro das Academias Mineira e Brasileira de Medicina, além de ter sido membro de diversas comissões da Organização Mundial de Saúde, da Organização Panamericana de Saúde e dos Ministérios da Saúde e Educação. Representou o Brasil na Unesco em sua área. Foi editor de diversas revistas científicas especializadas e fundou a Sociedade Latino Americana de Medicina Tropical (SBMT). Publicou mais de 530 trabalhos científicos e orientou mais de 50 teses de mestrado e de doutorado ao longo de sua vida.

Entre outros prêmios e homenagens, Aluízio Prata recebeu a Comenda da Ordem do Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores (1974), o Prêmio Alfred Jurzykovski da Academia Nacional de Medicina (1980), a Medalha Capes 50 anos (2001), a Medalha da Ordem do Grande Mérito da Saúde do Governo do Estado de Minas Gerais (2002) e, no mesmo ano, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico do Presidente da República do Brasil. Na Inglaterra, foi laureado pela Royal Society of Tropical Medicine.

O professor era casado com Martha Toubes Prata, com quem teve três filhos: Aluízio Prata Júnior, professor da Universidade da Califórnia; Álvaro Toubes Prata, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina; e a educadora Martha Toubes Prata.

A Diretoria da ABC cumprimenta a família e lamenta a perda de tão ilustre Membro.

Acadêmico presta homenagem a Emanuel Vogel

Nascido no ano de 1927, o alemão Emanuel Vogel (na foto ao lado), químico e membro correspondente da Academia, faleceu no dia 31/03, aos 83 anos. A mensagem abaixo é uma homenagem do Acadêmico João Valdir Comasseto.

“No dia 31 de março faleceu, aos 83 anos, o renomado químico orgânico alemão Emanuel Vogel. O mesmo estudou química em Karlsruhe, concluindo seus estudos em 1952. Em 1961 Vogel sucedeu o prêmio Nobel Kurt Alder como Diretor do Instituto de Química Orgânica da Universidade de Colônia, tendo ocupado o cargo por 35 anos, até sua aposentadoria. Os trabalhos que o notabilizaram consistem na síntese dos chamados “compostos aromáticos de Vogel”, com 4n+2 elétrons pi (n>1), confirmando experimentalmente a teoria de Hückel sobre aromaticidade. K. C. Nicolaou, em seu livro Molecules that changed the World, classifica o trabalho de Vogel como brilhante. O Professor Vogel orientou pesquisadores de vários países, entre os quais o Brasil. Entre os brasileiros que trabalharam com ele, podemos citar Antonia T. do Amaral (USP), João Viana Comasseto (USP), Hugo Jorge Monteiro (UNB), membro associado da Academia, e Mauricio Constantino (USP), entre outros. Seu contato com o Brasil foi intenso, motivo pelo qual foi eleito membro correspondente da Academia Brasileira de Ciências em 1997. Sua última visita ao Brasil foi em 2001, quando proferiu a palestra de abertura do 11th Brazilian Meeting on Organic Synthesis.

No plano pessoal o Professor Vogel era formal, embora afável e prestativo, fazendo jus à figura do clássico Herr Professor alemão. No plano profissional era extremamente meticuloso, tendo publicado pouco. Costumava confiar a síntese da mesma molécula alvo a dois ou mais doutorandos e só publicava uma síntese depois que vários membros do grupo haviam confirmado a reprodutibilidade dos resultados obtidos. Dedicava atenção especial à preparação de suas palestras, que eram memoráveis.”

Acadêmico Firmino Torres de Castro faleceu aos 91 anos

Faleceu no domingo, dia 20/03, o Acadêmico Firmino Torres de Castro. Médico, Castro empenhou sua vida pesquisando a área da Biomedicina. No ano de 1942, formou-se em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco e cursou Biologia no Instituto Oswaldo Cruz, tornando-se, logo após a formatura, pesquisador contratado do mesmo Instituto. Obteve o título de Livre-Docente Doutor em Bioquímica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1971, tornando-se professor adjunto do Instituto de Biofísica da mesma Universidade dois anos depois.
Membro associado da Academia Brasileira de Ciências desde o ano de 1978, Castro foi diretor do setor de Biologia do Conselho Nacional de Pesquisa (1971-74). Ganhou inúmeras bolsas, tendo estudado na Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, no Centro de Estudos Nucleares em Saclay, na França, e na Fundação John Simon Guggenheim, do Einstein College of Medicine, nos EUA. Foi pesquisador visitante de instituições científicas da Grã-Bretanha, pelo convênio entre CNPq e a Royal Society de Londres, e na Universidade de Paris VII.
O Acadêmico Fernando Garcia de Mello escreveu sobre o falecido Acadêmico:
“Morreu ontem aos 91 anos de idade e após longa doença, Firmino Torres de Castro, um dos baluartes da ciência brasileira, que ajudou a formar e manter a exuberância de nosso Instituto de Biofísica.
Tive a oportunidade e o privilégio de conviver com Firmino durante o início de minha formação. Foi meu guia mestre que não só orientou minha formação profissional, assim como de vários outros de nossos colegas, mas foi também uma referência para todos nós de valores éticos, morais, de amor ao próximo e ao Brasil.
Homem de uma cultura e erudição infinita era capaz, por sua imensa sabedoria, de utilizá-las para o avanço do pensamento humano. Sua sabedoria contaminou a nós todos que tivemos a oportunidade de com ele conviver. Um humanista que deixa uma escola que se eternizará através daqueles que com ele aprenderam os valores humanos mais complexos e sofisticados.
Homem humilde, simples, de uma elegância cultural invejável, Firmino teve com Jacy Faro de Castro três filhos; Luis, Marcos e Heitor, todos casados e com filhos que sempre alegraram e iluminaram a vida desse grande homem. Ao partir, deixa um grande vácuo em nosso pensamento, uma grande tristeza em todos nós que o conhecemos tão de perto e com ele compartilhamos nossas vidas.
Homem religioso Firmino estará com certeza desfrutando agora da eternidade que sempre cultuou. No continuum da vida, eterniza sua alma através do que deixa em cada um de nós, nossos filhos, netos e descendentes que virão. Sejam eles na linhagem profissional ou humana.”

Falecimento de Acadêmico nos EUA

Hilgard OReilly Sternberg
Hilgard OReilly Sternberg

Faleceu na tarde de 2 de março, cercado pelo carinho de sua mulher Carolina, de seus cinco filhos e filhas, de seus netos e netas, de seu bisneto e bisnetas, em Berkeley, Califórnia, aos 93 anos, o Acadêmico Hilgard OReilly Sternberg, Professor Emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade da Califórnia.

Nascido no Rio de Janeiro em 1917, de ascendência irlandesa e alemã, formou-se em Geografia e História na Universidade do Brasil (hoje, Universidade Federal do Rio de Janeiro). Fez seu doutorado, em 1944, na Universidade de Lousiania (USA). Em 1956, aprovado em concurso público, defendendo a tese “A água e o homem na Várzea do Careiro”, torna-se Catedrático de Geografia do Brasil.

Em agosto do mesmo ano de 1956, Hilgard Sternberg, como vice-presidente da União Geográfica Internacional, organiza, no Rio de Janeiro, o Congresso Internacional de Geografia, o primeiro realizado no Hemisfério Sul.

Aposentado na Universidade do Brasil, torna-se Professor do Departamento de Geografia da Universidade da Califórnia em Berkeley, onde continuou a desenvolver suas pesquisas, sempre tendo como objeto o Brasil e, especialmente, a Amazônia.

Foi Professor Visitante, entre outras, nas Universidades de Heidelberg, de Beijing, da Flórida, da Califórnia em Los Angeles (UCLA). Lecionou no Instituto Rio Branco e na Escola de Estado Maior do Exército.

Membro da Academia Brasileira de Ciências, foi sócio-correspondente do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil (IHGB), e foi eleito membro de várias associações profissionais estrangeiras, como a Gesellschaft für Erdkunde zu Berlin (1957), a Société de Géographie de Paris (1958), a Deutsche Akademie der Naturforscher Leopoldina (1961) e a Royal Geographical Society de Londres (1964).

Em 1964 recebeu o título de Doctor Honoris Causa da Universidade de Toulouse, na França. Admitido na Ordem Nacional do Mérito (1956) e na Ordem de Rio Branco (1967), o governo brasileiro conferiu-lhe, em 1998, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico.

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