Leia matéria de Talyta Vespa, Poliana Casemiro e Roberto Peixoto para G1), publicada em 6 de outubro:
Três cientistas — os americanos Mary E. Brunkow e Fred Ramsdell e o japonês Shimon Sakaguchi — levaram o Nobel de Medicina de 2025 pela pesquisa que descobriu como o sistema imunológico evita atacar o próprio corpo.
As descobertas sobre a chamada tolerância imune periférica explicam como o nosso sistema distingue o próprio tecido de agentes invasores.
Isso vem ajudando no desenvolvimento de tratamentos, por exemplo, contra o câncer, doenças autoimunes e transplantes mais bem-sucedidos. Vários tratamentos usando a descoberta na pesquisa estão em fase de testes.
Brunkow, Ramsdell e Sakaguchi dividirão o prêmio de 11 milhões de coroas suecas (R$ 6,2 milhões) concedido pela Assembleia do Nobel no Instituto Karolinska, da Suécia. O anúncio foi feito na manhã desta segunda-feira (6).
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As descobertas identificaram as chamadas células T reguladoras, que funcionam como “guardiãs” do sistema imune, impedindo que linfócitos ataquem órgãos e tecidos saudáveis.Especialistas ouvidos pelo g1 destacam que o reconhecimento do Nobel consolida um campo que redefine o entendimento sobre como o corpo equilibra defesa e autocontrole — algo essencial tanto para evitar doenças autoimunes quanto para aprimorar terapias oncológicas.
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Jorge Kalil, membro titular da Academia Brasileira de Ciências e da Academia Nacional de Medicina que , explica a aplicação, por exemplo, no transplante. Quando um órgão é transplantado, o corpo o identifica como um “corpo estranho” e começa a se defender.”E se pudéssemos desenvolver células reguladoras que permitisse uma tolerância a um órgão transplantado, isso seria muito importante. E se pensarmos no xenotransplante, por exemplo, usando órgãos de animais, isso permite desenvolver um tratamento de tolerância. Isso abre muitas portas do ponto de vista terapêutico”, explica Kalil.
O mesmo pode ser aplicado, por exemplo, em casos de tratamento contra o câncer. Kalil explica que são as células reguladoras que impedem, muitas vezes, o ataque que o organismo faz contra o câncer.
Atualmente, já existem pesquisas em fase de testes que usam esse princípio em tratamentos para doenças.
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