Leia matéria de Daniela Klebis para o Jornal da Ciência, publicada em 3 de outubro:
A cidade do Rio de Janeiro recebeu, de 29 de setembro a 2 de outubro, a 17ª Conferência Geral da Academia Mundial de Ciências (TWAS). Pela terceira vez no Brasil, o encontro realizado em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) reuniu mais de 300 lideranças científicas de 64 países do Sul Global para debater como a ciência, tecnologia e a inovação desenvolvidas na região podem colaborar para construir um futuro sustentável.
À frente da organização do evento, que pela terceira vez é sediado no Brasil, esteve Marcelo Knobel — físico, membro da Academia Brasileira de Ciências, ex-reitor da Unicamp, ex-conselheiro da SBPC e referência em divulgação científica no Brasil. Desde dezembro de 2024, Knobel é o diretor-executivo da TWAS, sediada em Trieste, na Itália. Ele é o primeiro brasileiro a ocupar este cargo na organização, que já foi presidida por Israel Vargas e Jacob Palis. Em conversa com o Jornal da Ciência, falou sobre seu primeiro ano na instituição, os resultados da conferência, o papel que o País pode ter na região e os rumos da cooperação científica no Sul Global. “O Brasil é uma liderança nessa região e deve manter essa liderança de uma maneira muito efetiva, promovendo a ciência, promovendo esse intercâmbio”, diz.
Confira os principais trechos da entrevista:
JORNAL DA CIÊNCIA – Você está prestes a completar seu primeiro ano como diretor-executivo da TWAS. Que balanço faz desse período, especialmente neste cenário de mudanças nos eixos do poder científico mundial?
MARCELO KNOBEL – A experiência está sendo muito positiva e interessante. Estou aprendendo muito. Não só sobre a organização, mas também sobre as grandes organizações, porque a gente é de fato um escritório da Unesco, na área de ciências. Então, aprender como a Unesco funciona, como essas grandes agências trabalham tem sido uma experiência muito interessante do ponto de vista pessoal, de aprendizado. E ao mesmo tempo, tentando melhorar as coisas, como sempre. A gente vai para algum lugar, tenta trazer novidades em termos de programas e de funcionamento.
O primeiro ano foi de conhecimento, diagnóstico e um pouco de mudanças internas em no que se diz respeito a processos, do funcionamento da própria organização. Durante esse período já tivemos o planejamento estratégico para os próximos cinco anos e a organização dessa conferência também.
Então, foi tudo muito intenso, digamos assim, mas com muito aprendizado. O desafio, como sempre, é fazer com que a TWAS consiga os recursos – que não vêm da Unesco, embora sejamos uma organização da Unesco– para manter a sua missão, que, no nosso caso, é o desenvolvimento da ciência no Sul Global.
JC- O evento desta semana reuniu quase 300 participantes de 64 países do Sul Global, discutindo temas como o uso responsável da inteligência artificial para soberania e sustentabilidade, e os impactos das mudanças climáticas sobre países mais vulneráveis. Qual avaliação você faz dessa conferência e de seus resultados, impactos?
MK – O que é importante é a gente colocar essas 300 pessoas para conversar. Discussões, palestras, hoje em dia, a gente vê online, pode fazer webinários, mas o que que vale mesmo é o encontro nos almoços, nos coffee breaks, é a possibilidade de criar novas parcerias, novas colaborações e realmente mostrar – e acho que o tom da conversa foi essa – que o Sul Global, os países em desenvolvimento têm, cada vez mais, uma importância maior na ciência do mundo e que a gente deve conquistar esse espaço de fato, ser mais proativo na participação, com editores, em conselhos, em todas as atividades que acabam sendo quem dirigem as agendas da ciência no mundo. Então, acho que esse é o principal recado que permeou as discussões.
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Leia a entrevista na íntegra no Jornal da Ciência