Saiba como foi a diplomação dos novos membros afiliados para Nordeste e Espírito Santo

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No dia 10 de setembro, foi realizado o Simpósio e Diplomação dos Membros Afiliados da Academia Brasileira de Ciências da Regional Nordeste e Espírito Santo 2025-2029 na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Recife, no auditório do Instituto de Pesquisa em Petróleo e Energia (LITPEG).

A cerimônia foi conduzida pelo vice-presidente da ABC, Jailson Bittencourt de Andrade, e pelo vice-presidente da Regional NE & ES, Anderson Stevens Gomes. Completou a mesa de abertura a presidente da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), Maria Fernanda Pimentel Avelar.

Foram diplomados cinco jovens cientistas de destaque para um mandato de cinco anos. Conheça um pouco mais de suas trajetórias e pesquisas:

 

Desenvolvendo novos medicamentos

Interessado especialmente na doença de Chagas e outras de natureza inflamatória, o biólogo Cassio Santana Meira, do Senai-Cimatec, busca aumentar o arsenal terapêutico para combatê-las.

O título representa um reconhecimento de todo o esforço, sacríficos, compromisso e dedicação que tenho com a Ciência. É um grande marco na minha carreira de pesquisador e fico honrado em fazer parte de uma academia de tanto renome.

 

 

Compreendendo os efeitos adversos de tratamentos contra câncer

Deysi Wong pesquisa na UFC os efeitos da quimioterapia e identifica biomarcadores que possam tornar os tratamentos mais personalizados e eficazes.

Para mim, esse título simboliza não apenas uma conquista pessoal, mas também a força e a determinação de tantas mulheres que, como eu, equilibram a maternidade, a docência e a pesquisa em um caminho desafiador, mas extremamente gratificante e frutífera.  

 

 

Criando novos tratamentos para doenças de impacto global

Edeildo Ferreira da Silva Jr. trabalha com química medicinal na Universidade Federal de Alagoas, buscando novos medicamentos contra os vírus da zika, dengue e chikungunya.

Esse título não apenas valida a relevância do meu trabalho, mas também reforça meu compromisso com a excelência acadêmica e com a produção de conhecimento de impacto. Além disso, representa uma oportunidade única de integrar um círculo seleto de pesquisadores que contribuem ativamente para o avanço da ciência no Brasil e no mundo.

 

Inovando na biotecnologia farmacêutica

A farmacêutica Monica Felts de La Roca Soares, da UFPE, atua na translação do conhecimento por meio do desenvolvimento de medicamentos que contribuam para a saúde da população e a transformação da sociedade.

“Com o apoio da ABC, as ações podem ganhar dimensões ampliadas”, disse a pesquisadora. Seus planos incluem atuar para o fortalecimento da ABC e contribuir no engajamento dos jovens na ciência. “Eu gostaria de mostrar o poder transformador da ciência nas vidas das pessoas”, apontou.

 

Aplicando técnicas de visualização de dados para o estudo de problemas urbanos

O cientista da computação Nivan Roberto Ferreira Jr., da UFPE, busca desenvolver técnicas e ferramentas computacionais para converter dados brutos e complexos em representações visuais.

É um marco na minha trajetória e reflete não apenas o esforço pessoal, mas também o apoio inestimável de colegas, mentores e instituições que me acompanharam. É um momento de celebração, mas também de renovação do compromisso com a excelência e com o impacto positivo da ciência na universidade na qual eu trabalho, no Nordeste brasileiro e no nosso país. 

 

 

Abertura

O vice-presidente da ABC, Jailson Bittencourt, abriu o evento contando um pouco da história da Academia nos 109 anos desde sua fundação. Bittencourt, que é baiano, lembrou do médico psiquiatra Juliano Moreira, seu conterrâneo e segundo presidente da Academia, que esteve à frente da instituição entre 1926 e 1929. Numa época em que teorias racistas ainda circulavam nos meios da ciência, Juliano era um homem negro cuja excelência ajudava a desmontar e denunciar o absurdo dessa opressão.

Em seguida falou a presidente da Facepe, Maria Fernanda Avelar, para quem os membros afiliados são uma forma de a Academia se manter jovem e em constante renovação. Ela também afirmou o compromisso de sua instituição, cujo orçamento dobrou nos últimos dois anos, com o desenvolvimento da ciência pernambucana. “É árdua a tarefa de equilibrar os investimentos em todas as áreas com editais voltados a áreas prioritárias. Tudo está sendo construído com muita escuta e colocando os pesquisadores junto aos problemas diretos da população”, afirmou.

Anderson Gomes, vice-presidente regional, reforçou o compromisso da Academia de visitar todos os estados do Nordeste e trazer mais cientistas da região para o seu corpo acadêmico. “Os estados do Nordeste estão num processo salutar de aumento nos investimentos. É uma coopetição, esse conceito que aprendi recentemente, quando cooperamos competindo, nós estamos nesse processo juntos”, afirmou.

Maria Fernanda Avelar, Jailson Bittencourt e Anderson Gomes

Saudações

Como de praxe, a ABC convidou um afiliado antigo para saudar seus novos colegas. O escolhido foi o químico Wanderson Romão, professor do Instituto Federal do Espírito Santo. Ele estimulou que os afiliados tomem as rédeas nas discussões sobre os rumos da ciência nacional. “O papel de vocês como cientistas é inquestionável, mas eu gostaria de pressioná-los para irem além”, afirmou.

Romão defende duas formas pelas quais os cientistas podem ir além. A primeira é assumindo cargos de liderança dentro das suas instituições, e a segunda é empreendendo. O Acadêmico é um entusiasta da criação de startups por cientistas. “Inovem, se arrisquem, abram empresas e tragam seus alunos para serem sócios administradores. Isso gera enriquecimento para seus estados e instituições. Temos uma visão muito academicista e sair um pouco desse universo é importante”, disse.

Em nome dos diplomados, Mônica Felts falou em seguida. Ela abriu com uma citação de Ariano Suassuna: a arte não está na ausência do erro, mas na busca da perfeição. “Acredito que a ciência se caracteriza pela busca incessante pela verdade”, afirmou.

Ela lembrou que o contexto atual brasileiro é desafiador e, por isso, essa diplomação deve ser também uma convocação para que os cientistas sejam defensores ferrenhos da verdade, da razão e do conhecimento. Para isso, é preciso ir além dos muros da universidade e combater a desinformação. “A ciência é o motor que impulsiona o desenvolvimento social e a busca pela igualdade. Ela não se resume às fórmulas e descobertas, mas nos capacita a resolver problemas complexos. É um investimento direto na soberania do país. Não poderia deixar de usar essa palavra neste momento”.

A cerimônia também contou com palestras magnas dos Acadêmicos André Carlos Ponce de Leon e Glaucius Oliva, que serão abordadas em outra matéria. Não perca!

Assista à cerimônia completa:

(Marcos Torres para ABC | Fotos: Duda Coutinho, 11/09/2025)