A Academia Brasileira de Ciências (ABC), desde a sua fundação em 1916, tem como foco o desenvolvimento científico, educacional, ambiental e, em especial, social do país. Ao longo dos seus mais de cem anos, a ABC passou a ampliar sua inserção na sociedade brasileira, em especial a partir do golpe militar de 1964. Durante 21 anos, o Brasil viveu uma ditadura que levou à revogação da Constituição de 1946, dissolução do Congresso Nacional, supressão de liberdades civis, criação de um código de processo penal militar que permitia a prisão e encarceramento de pessoas consideradas suspeitas, sem revisão judicial, tortura, desaparecimentos, mortes e muitos outros arbítrios.

Neste 8 de janeiro de 2024, a ABC vem a público reiterar seu apoio incondicional à democracia, à liberdade de expressão, à Constituição e aos três poderes da República Federativa do Brasil. Os atos criminosos ocorridos há um ano não se repetirão, e seus autores devem ser punidos exemplarmente após os devidos processos jurídicos.

A Academia Brasileira de Ciências repete as palavras do Presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Deputado Ulysses Guimarães, em discurso proferido na sessão de 5 de outubro de 1988, quando da promulgação da nova Constituição Brasileira: “A persistência da Constituição é a sobrevivência da democracia. Quando, após tantos anos de lutas e sacrifícios, promulgamos o estatuto do homem, da liberdade e da democracia, bradamos por imposição de sua honra: temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. Amaldiçoamos a tirania onde quer que ela desgrace homens e nações…”

Junto com outras entidades da sociedade civil, a ABC estará sempre alerta para que nunca mais se instale no país um regime de exceção, censura e cerceamento às liberdades.

Helena B. Nader
Presidente
Academia Brasileira de Ciências