Leia artigo do Acadêmico Isaac Roitman, professor emérito da UnB, pesquisador emérito do CNPq e membro do Movimento 2022-2030 O Brasil e o mundo que queremos, publicado no Correio Braziliense em 18 de março:
O título do artigo expressa o pensamento de Albert Einstein. Estima-se que a primeira guerra ocorreu no ano 2525 antes de Cristo, na Suméria (sudeste do Iraque). Desde então há o registro de 14 mil guerras. Até hoje a civilização humana não conseguiu conviver pacificamente. Ao contrário, a indústria de armas avançou sob o ponto de vista tecnológico, desenvolvendo armas que nos conflitos resultam em mais vítimas em menos tempo.
“Algumas respiravam, a maioria estava imóvel. No pronto-socorro chegava gente correndo, as roupas rasgadas, chorando, gritando. Alguns tinham o rosto ensanguentado e inchado, outros tinham a pele queimada caindo aos frangalhos de seus braços e pernas. Em um bonde vi fileiras de esqueletos brancos. Havia também os ossos de pessoas que tentaram fugir. Hiroshima tinha se tornado num verdadeiro inferno.”
Cenário verdadeiro de horror. Que nunca mais se repita.
Paz não é apenas a ausência de guerras, é também garantir que todas as pessoas tenham moradia digna, alimentos, roupas, educação de qualidade, acesso à cultura e lazer, assistência à saúde, amor, solidariedade e compreensão. Paz é cuidar do ambiente, garantir a qualidade da água, o saneamento básico, a despoluição do ar, o bom aproveitamento da terra. Paz é buscar serenidade dentro da gente para viver com alegria.
Para que a paz possa se tornar algo viável, palpável e possível de ser conquistada, é necessário começar a pensá-la como construção individual. Quando cada indivíduo perceber que o coletivo é fruto do individual, que uma sociedade pacífica se constrói com indivíduos pacíficos, tolerantes, desprovidos de preconceitos e atitudes discriminatórias, poderemos pensar na paz universal com mais esperança.
A conquista da paz exige também ações governamentais, que permitam condições mínimas de vivência digna, com perspectiva de futuro para as novas gerações, criação de emprego para a população jovem e adulta, pela não discriminação, incluindo nessas diferenças a religião, a raça, a opção sexual, o deficiente, o índio, o estrangeiro. Há que ser percebido que a diferença enriquece, acrescenta e aprimora. É importante, nesse aspecto, a educação em direitos humanos e na promoção dos valores éticos, desde a educação infantil até o ensino universitário.
O Brasil, com sua tradição pacifista, poderá ter um papel importante na paz mundial. A recente proposta pela paz do presidente Luiz Inácio da Silva é um bom exemplo. Brasília também pode desempenhar papel importante. Profetizada pelo sonho de Dom Bosco, Brasília carrega um legado espiritual e holístico. Há mais de 20 anos, a União Planetária, comandada pelo humanista Ulisses Riedel, tem como um dos principais objetivos a promoção da paz mundial.
Brasília é sede da Universidade Internacional da Paz, fundada por Pierre Weil e liderada pelo humanista reitor Roberto Crema. É no planalto que nossa embaixadora da paz Maria Paula Fidalgo materializa os sonhos de Dom Bosco. É nesse espaço privilegiado que poderemos ser protagonistas importantes para que a paz seja a única forma de nos sentirmos seres humanos.